Quem planta, colhe. Inclusive discórdia.
Sexta-feira passada o presidente da Argentina, Alberto Fernández, foi pessoalmente à festa de 20 anos da empresa Syngenta, formada em 2000 por duas gigantes de produtos químicos para a agricultura: a anglo-sueca Astrazênica (a mesma da vacina comprada pelo Brasil) e a suíça Novartis.
Só que a Syngenta não é mais suíça, como antes, nem sueca, nem inglesa.
É chinesa, porque foi comprada há três anos pela estatal chinesa ChemChina, que tem negócios no petróleo, na petroquímica e, com a aquisição, é uma das maiores produtoras de insumos agrícolas e sementes.
É dirigida por Ning Gaoning, conhecido no meio empresaria como Frank Ning que sempre teve posições dirigentes nos órgãos encarregados no suprimento de grãos do país e é membro do principal órgão anticorrupção do Partido Comunista Chinês.
Fernández foi comemorar um acordo entre a Sygenta argentina e a Sinograin – empresa responsável pela administração da reserva de grãos (e seus derivados) da China. Pelo entendimento, a Sygenta vai investir na melhoria das plantações de soja da Argentina e cuidar de sua exportação.
O caminho será o de operações Barter (“troca”, em inglês), no qual o pagamento pelo insumo (fertilizantes, pesticidas e sementes) se faz através da entrega do grão colhido, sem a intermediação em dinheiro, mas funcionando como um financiamento de safra.
O resultado será que a Argentina aumentará de três para quatro milhões de toneladas o volume de suas exportações de soja para a Sinograin em 2021. Claro que é muito pouco em relação ao Brasil ,mas é sinal que os chineses estão de olhos bem aberos para o nosso vizinho que os trata bem.
Porque aqui ele compram muito, pagam bem, mas levam de graça desaforos da família presidencial.