China, nem na vacina, diz Bolsonaro

Jair Bolsonaro mandou um recadinho eletrônico para seus ministros, informa o site Poder360: “Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid-19“.

Desmoralizou, assim, publicamente mais um ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que ontem havia assinado protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da Butantan-Sinovac, a vacina chinesa produzida em São Paulo sob licença chinesa.

Não é, é claro, por razões de ordem científica, relacionadas a uma possível baixa eficácia da vacina chinesa. Nem ela, nem nenhuma outra que esteja sendo testada no mundo tem, até agora, um índice de imunização efetivamente comprovado.

Se o tiver, porque não usar, porque é da China? Não é ele o homem que tomou cloroquina e vermífugo sem comprovação científica de eficácia.

Não é uma objeção de ordem científica, até porque o protocolo de intenções eixa claro que as vacinas serão compradas se (e somente se) sua eficácia for certificada pelos órgãos de fiscalização.

É só uma manifestação de ódio ideológico, destes que faz um sujeito desconsiderar a vida humana. No caso, milhares de vidas humanas, potencialmente.

46 milhões de doses, se a vacina for eficaz, seriam o suficiente para imunizar 23 milhões de brasileiros.

Jair Bolsonaro, porém, não dá apenas um tapa na cara da ciência, da inteligência e dos direitos humanos.

Para agradar Donald Trump em sua UTI eleitoral, segue na sua linha de provocações à China, que já havia sido reforçada ontem com as insinuações de que poderemos aceitar o bloqueio norte-americano à participação dos equipamentos da Huawei na instalação de redes de internet 5G em nosso país.

Agora, apela para um imbecil “nossa vacina jamais será vermelha”, como se ela fosse inocular “comunismo” nos vacinados.

Vai acabar chegando o momento em que o país asiático vai deixar de lado seu pragmatismo comercial.

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