A incapacidade do Ministério da Saúde em contabilizar os casos de Covid tem, agora, uma prova material de que é monstruosa a diferença entre os dados oficiais e os reais sobre o número de pessoas infectadas pela Covid 19.
Esqueçam o painel oficial do Ministério da Saúde – “congelado” desde o dia 12 de dezembro -, alegadamente inutilizado por um suposto ataque hacker ao ConecteSUS.
Os dados que deveriam estar ali, entretanto, estão no Conselho Nacional de Secretarias de Saúde – Conass – e contabilizam casos e morte diárias.
Só que não.
Os dados do Conass, do dia 27 de dezembro a 2 de janeiro registram um total de 53.972 novos casos de Covid no período.
Mas aí saem os números da Abifarma, divulgados hoje pelo G1:
“O volume de resultados positivos para a Covid-19 em testes de farmácia triplicou na última semana do ano em comparação aos sete dias anteriores, aponta um levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) divulgado nesta quinta-feira (6). Entre 27 de dezembro e 2 de janeiro, foram mais de 95 mil infectados – o equivalente a 33,3% dos testes realizados no período.”
Estes dados, pelo fato de serem de notificação obrigatória ao Ministério da Saúde deveriam estar contidos nos números oficiais e não estão, como se constata pelo fato de serem quase o dobro dos números que o governo diz terem sido detectados.
Some a isso, ainda, os testes positivos registrados nos postos de saúde, hospitais públicos e privados e outras instituições de Saúde, como laboratórios privados, que estão testando pacientes às dezenas de milhares.
E certamente são mais que os das farmácias, porque a imensa maioria das pessoas não tem entre R$ 100 e R$ 300 para pagar pela por um teste privado.
É certo que o número real está certamente acima de 150 mil naquela semana, na qual a média móvel oficial ficava em modestos 7,6 mil casos novos por dia, quando a contagem correta indicaria, numa estimativa modesta, mais de 20 mil casos diários.
Como dos dados da Abrafarma não são desagregados por dia em seu site, não posso fazer as comparações diárias, mas é possível que algum jornal perceba o incrível descompasso entre os números e consiga fazer as farmacêuticas liberarem a contagem diária, para confronto com os números oficiais.
Isto é, no caso de quererem dizer a verdade à população e não ficarem nesta história de que há “um consórcio de imprensa” para dizer a verdade, quando se limita a coletar dados das Secretarias de Saúde e deixa de lado o fato de que, com os testes em farmácias, os dados são muito mais assustadores.