Declarações do “embaixapeiro” geram crise comercial com a China

Está criado um incidente diplomático que pode ter graves consequências para o Brasil.

A Embaixada da China no Brasil distribuiu nota oficial em que manifesta “forte insatisfação e veemente repúdio” às afirmações de Eduardo Bolsonaro de que estaria pretendento praticar espionagem através dos equipamentos de internet 5 G da Huawei, ecoando as afirmações de Donald Trump, a caminho de tornar-se ex-presidente dos Estados Unidos:

Como firme defensora da segurança cibernética internacional, a China lançou a Iniciativa Global sobre Segurança de Dados a fim de construir um ambiente digital de abertura, equidade, imparcialidade e não discriminação. O governo chinês incentiva empresas chinesas a operar com base em ciência, fatos e leis enquanto se opõe a qualquer tipo de especulação e difamação injustificada contra empresas chinesas. Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva.

Em mensagens publicadas ontem no Twitter, Eduardo Bolsonaro acusou o Partido Comunista da China e empresas chinesas de praticarem espionagem cibernética e deu apoio aos EUA para criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G da China.

Depois de uma reunião com o pai, com o Ministro das Comunicações, Fábio Faria e dirigentes da Agência Nacional de Telecomunicações, o filho do presidente tirou a acusação direta de espionagem de suas postagens, mas continuou afirmando que o Brasil apoia as restrições de Trump às empresas chinesas.

Os chineses, desta vez, foram além de manifestar desagrado e lembraram, explicitamente, a importância para o Brasil de seu país em nosso comércio exterior:

A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no Brasil. Entre janeiro e outubro, as exportações brasileiras para a China foram de US$ 58,459 bilhões, respondendo por 33,5% do total de exportações do Brasil.(…) Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura. Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil.

Desta vez, talvez não baste a “interpretação não é bem isso” do general Hamilton Mourão e a única frente de expansão de nossa economia sinta os efeitos da desastrosa ‘diplomacia do hambúrguer’.

A embaixada chinesa, é claro, não reagiria com esta intensidade sem o aval de Pequim.

A chapa está quente demais e o chapeiro é o filho do dono. não pode ser desautorizado facilmente.

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