E se o poço de vírus do STF fosse em uma escola?

Nada mais simbólico da irresponsabilidade dos dirigentes brasileiros que a sequência de diagnósticos positivos de Covid-19, à qual se junta agora o Procurador Geral da República, Augusto Aras, que vai fazer fila ao lado de Luís Fux, presidente do STF, a Rodrigo Maia, presidente da Câmara e mais três ministros, do STJ e do TST.

Dela, porém, há uma lição a ser extraída.

Todos, provavelmente, contraíram a doença na posse do primeiro, semana passada, e o “strike” talvez não seja maior porque Jair Bolsonaro e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, já tinham sido contaminados antes.

Não é provável que haja, pelo diagnóstico precoce e o bom atendimento médico que recebem, consequências graves, mas o fato é um evidente sinal que, mesmo entre as pessoas que deveriam ter maior nível de esclarecimento – , portanto, mais cuidados – houve um relaxamento completamente irresponsável diante dos cuidados preventivos.

A pandemia está longe de acabar e também distante de retroceder a um nível de risco aceitável para eventos públicos, especialmente em ambientes fechados.

Certamente não faltaram máscaras, álcool gel, pistolas de temperatura, pias com água e perfumados sabonetes. Até placas de acrílico havia entre as “carteiras” dos ministros. No auditório de 250 lugares, só 50 (20%) foram ocupados.

Também não faltava aos vetustos senhores um capacidade de controlar suas aproximações, cumprimentos e conversas dentro de modos contidos.

Ainda assim, até agora, seis pessoas tiveram resultado positivo para a doença.

Será, caro leitor e leitora, que as condições de distanciamento numa escola, numa sala de aulas, com crianças naturalmente irrequietas depois de meses de isolamento?

A resposta parecem-me óbvia, tanto quanto está flagrante a irresponsabilidade.

É claro que se deseja a volta as aulas normais o mais rapidamente possível, mas quem irá se responsabilizar se, num colégio perdido da periferia, que nem de longe lembra os mármores e granitos do STF, surgir um surto entre vinte, 50 ou cem crianças elas os multipliquem por seus pais, irmão, avós?

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