O Estadão traz para a sua manchete mais uma “proeza” do esquema de corrupção implantado no MEC envolvendo o ex-ministro Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Ribeiro, enviado pelo Messias Bolsonaro: dinheiro de propina alojado dentro de pneus de uma caminhonete, coisa de filme policial.
O esquema envolveu, segundo o empresário Ailson Trindade, dono de uma empresa de construção civil, um aval do próprio ministro Ribeiro ao pagamento de propinas, segundo entrevista gravada pelo Estadão:
(…)o ministro fez uma reunião com todos os prefeitos (no prédio do MEC, dia 13 de janeiro de 2021). Depois houve o coquetel, num andar mais acima. Lá, a gente conversou, teve essa conversa com o ministro. Eu não sabia nem quem era o ministro. Ele se apresentou: ‘Eu sou Milton, o ministro da Educação, e o Gilmar já me passou o que ele propôs para você e eu preciso colocar a tua empresa para ganhar licitações, para facilitar as licitações. Em troca você ajuda a igreja. O pastor Gilmar vai conversar com você em relação a tudo isso’
Há registros fotográficos da presença de Ailson na reunião e nos controles de acesso do prédio do MEC. Em seguida ao encontro com o ministro, Gilmar propôs os termos do acordo:
“Eles falaram: ‘existe uma proposta para tu fazer isso (as obras)’. Aí eu disse: ‘que proposta?’. ‘Bom, a gente está precisando reformar umas igrejas e estamos precisando também construir alguns templos, no Maranhão, no Pará, e também outros lugares. Então estamos precisando de R$ 100 milhões para fazer isso’. Aí eu falei: ‘mas o que que eu vou ganhar em troca? Como é que vai acontecer? A igreja vai contratar minha empresa?’ ‘Não, a gente faz um contrato, entendeu? Faz o contrato com a empresa, a igreja contrata a tua empresa e eu consigo articular para tua empresa fazer as obras do governo federal”.
Aílson conta que o pastor deu dois dias de prazo para receber R$ 5 milhões, através de seu segundo, o também pastor Arílson. E a forma de entrega seria feita dentro dos pneus de um caminhonete.
Os dois voltaram a se falar, diz o empresário, depois que o escândalo do MEC veio à tona, dizendo que era para “todo mundo ficar calado” e que “Bolsonaro está agilizando para ficar tudo como está”.
As declarações do empresário foram gravadas, e você pode assistir abaixo o áudio publicado pelo Estadão.