FAB lança míssil sobre cargueiro militar brasileiro

Bolsonaro não tinha ainda três semanas de governo quando fez o Governo brasileiro abrir mão de seu direito à vetar a venda da Embraer para a Boeing, anunciada como a grande maravilha do século.

O negócio, como se sabe, deu xabu, a Boeing roeu a corda e deixou um prejuízo bilionário para a Embraer, que já tinha investido na separação dos departamentos e oficinas das áreas de aviação militar das de aviação civil e executiva.

E logo veio o desastre econômico do setor de aviação, com a pandemia.

Agora, quando a empresa começava a recuperar-se, a Aeronáutica reduz de 28 para 15 unidades as compras dos cargueiros militares KC390, o mais promissor produto militar da companhia, sob a alegação de que os custos eram “muito altas” e resolve comprar dois cargueiros da franco-inglesa Airbus.

O KC-390, como qualquer avião militar, só se paga se tiver um forte mercado de exportação e facilidades para a compra, com financiamento de longo prazo. Depende, portanto, de ter experiências operacionais que deem segurança ao país importador e crédito provido em condições adequadas.

É óbvio que para a Embraer, é a FAB quem pode dar a primeira condição e o BNDES quem deve fornecer as linhas de crédito.

Não é subsídio aos acionistas da Embraer, mas condição para o país aumentar a exportação de bens com altíssimo valor agregado, tanto em mão de obra quanto em projeto e desenvolvimento tecnológico.

Não se conhece detalhes do que levou a este choque que antepõe ao governo uma indústria aeronáutica que sempre cresceu sob suas asas, mesmo depois da privatização.

Não procede a desculpa de falta de verbas numa corporação que vem de garantir aumentos em sua imensa folha de pessoal ativo e inativo.

Parecem gostar mais de “bocão” que de avião.

O ministro da Defesa, Braga Netto, em lugar de andar atrás de Jair Bolsonaro em seus comícios, tem de entrar na questão e desfazer as obscuridades do acordo e do agora desacordo entre FAB e Embraer, antes que o presidente da República, pelo fato de que o Comandante da FAB ser um bolsonarista, entre de sola numa das poucas indústrias de ponta do país.

Renegar o KC390, cancelando compras em seu próprio país de fabricação, é o mesmo que matar o projeto.

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