É como se estivéssemos vendo uma montanha de nuvens cinzas diante de nós, distraídos.
Há uma perceptível paralisia entre os agentes econômicos, embora todos estejam declarando que estamos em plena retomada – Paulo Guedes, ontem, falando a investidores estrangeiros, disse que ela é rápida, em “V”- e não se fala aos brasileiros, como fizeram sobre a pandemia, a verdade nua e crua.
E ela é um sistema que está funcionando como uma grande “gambiarra”, amarrado com o barbante de juros que são, numa palavra, inviáveis, pois não cobrem sequer a metade das perdas inflacionárias.
Estes juros, por inviáveis, estão obrigando o país, diante de sua necessidade de rolar a dívida pública – dependendo da metodologia de cálculo – que vai de 95% a 100% do PI, a pagar juros efetivos muito mais altos no longo prazo.
Michael Stott, editor de América Latina do Financial Times, diz hoje na Folha que “o estresse começa a aparecer nos mercados domésticos”.
— A curva de rendimento da dívida brasileira se acentuou muito neste ano, com o título para dez anos hoje rendendo 7,4% em comparação com a atual taxa de referência Selic do Banco Central a 2%.
Estamos diante de um problema fiscal gigantesco, sem Orçamento público e, com a falta de ação diante do recrudescimento da pandemia, aqui e lá fora, a um Natal, janeiro e fevereiro que vão do muito ruim para o desastroso.
Paulo Guedes é o Pazuello da Economia, sempre prometendo que a vacina contra a crise está chegando, vem já, está quase.
É bom lembrar, porém, da desvantagem que ser general é posto muito mais importante que o Ipiranga.