Guerra de imagens: Bolsonaro dá nojo

A jornalista Taís Oyama publica, no UOL, trecho de sua newsletter onde relata os resultados de uma pesquisa qualitativa do Instituto Locomotiva, em que foram exibidas aos eleitores as cenas que os pesquisadores seriam as mais comprometedoras à imagem de Lula e de Bolsonaro.

E o resultado, diz ela, é que o arsenal de imagens da Lava Jato e as acusações de “comunismo” (Cuba, Venezuela, etc…) provocam menos efeitos negativos para Lula que as imagens de Jair Bolsonaro “imitando” pessoas morrendo por falta de ar em Manaus e as suas falas dizendo que “não pode fazer nada” diante da crise do país.

Mas yama agrega uma informação mais importante: a exibição destas imagens quando provoca declarações de mudança de voto (e a pergunta feita quase que imediatamente provavelmente superdimensiona esta reação), isso acontece em “menos de um quarto dos eleitores expostos aos vídeos”, mas nunca provoca o desejo de votar no adversário direto. Ou seja, nem eleitor que vota em Lula “vira” para Bolsonaro nem, vice-versa, quem pretendia votar em Bolsonaro migra para o voto em Lula.

E os indecisos e os “nem-nem”? Oyama relata que Renato Meirelles, diretor do Locomotiva, avalia que os efeitos das imagens e falas de Bolsonaro é muito mais forte, sobretudo com o escárnio às pessoas que morreram por falta de oxigênio na pandemia:

“No grupo dos eleitores que não votam nem em Lula nem em Bolsonaro, as imagens que mostraram o comportamento do presidente diante da pandemia foram as que, de longe, provocaram as reações negativas mais fortes. Em segundo lugar –na escala de intensidade dos sentimentos negativos provocados pelas imagens dos filmes–, veio a atitude do presidente diante da crise econômica.”

Dá para dizer que, além da imagem de incapaz, preguiçoso, imprestável, Bolsonaro reflete-se, na reação pública, como alguém que, por sua desumanidade e grosseria, provoca nojo.

E o nojo é um sentimento que inclui mas vai além de formulações morais, tanto que seu primeiro estudo científico foi feito por Charles Darwin, aquele mesmo do As origens das espécies, que colocou, em seu livro A expressão das emoções no homem e nos animais, em 1872, que o nojo era uma das expressões emocionais universais, que deriva de um sentimento instintivo de proteger-se de ingerir ou tocar em algo tóxico e prejudicial.

Como se vê, Darwin tinha razão.

 

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