Helena Chagas: Moro se expõe ao risco da suspeição

O que escrevi no post anterior, sobre Moro estar se metendo numa encrenca ao assumir, no lugar de Jair Bolsonaro, o enfrentamento à decisão do STF e meter-se numa aventura pela modificação da Constituição que tente reenjaular o ex-presidente parece estar se tornando uma impressão generalizada no meio político.

Ao que parece, o sentido de divindade moral ainda não desencarnou do Ministro.

Vejam o artigo da experiente Helena Chagas, publicado há pouco n’Os Divergentes:

Moro x STF

Helena Chagas, n’Os Divergentes

Para quem almeja uma nomeação para o Supremo Tribunal Federal, o ex-juiz Sergio Moro está se arriscando muito. Primeiro, apoiando a pressão sobre o Congresso para votar logo as PECs que restabelecem a prisão após condenação em segunda instância, extinta pelo Supremo semana passada. É uma posição que nem Jair Bolsonaro encorajou-se a tomar. Segundo, ao entrar de forma desabrida no bate-boca com o ex-presidente Lula, chamando-o de “criminoso”. Temos hoje um impensável debate público entre juiz e condenado, deslocado da esfera judicial para a arena política. E quem tem a perder com isso é Moro.

O juiz ficou no passado, e o que temos agora é o ministro Sergio Moro, engajado na estratégia do chefe de enfrentar o petista. O problema, porém, é que a Segunda Turma da Corte Suprema do país tem em mãos um processo em que vai julgar sua conduta como magistrado. É o habeas corpus em que a defesa de Lula questiona a imparcialidade de Moro como juiz na condenação ao ex-presidente.

A ação foi ajuizada logo após a nomeação de Moro por Jair Bolsonaro para a pasta da Justiça e, no início, era considerada meio fraquinha por advogados e observadores do STF. Ganhou substância e argumentação com a revelação das conversas entre procuradores da força tarefa, o então juiz e outros personagens, pelo site TheIntercept e outros veículos da imprensa. Agora, sem dúvida adquire mais força num cenário em que ex-juiz e réu duelam politicamente. Como Moro vai comprovar sua imparcialidade em relação a Lula?

A decisão da Segunda Turma, adiada sucessivas vezes, perdeu a urgência alegada pela defesa mas não ficou prejudicada. O ministro Gilmar Mendes, que está com o processo, prometera levá-la a julgamento ainda neste mês de novembro, e as apostas de quem conhece o STF eram de que o pêndulo – o decano Celso de Mello, o quinto e ainda desconhecido voto da Turma – estaria se inclinando a favor do ex-presidente. Talvez não para anular, de cara, a sentença de Moro no caso do triplex – mas, no mínimo, para suspendê-la até que se faça uma perícia e uma investigação sobre as mensagens.

Isso equivaleria a deixar Lula, agora livre, também elegível, ao menos enquanto durasse o processo. No fim da semana passada, alguns duvidavam que o sempre cauteloso STF viesse a julgar esse caso em seguida à libertação de Lula pela decisão relativa à segunda instância. Agora, porém, há quem acredite que a posição desafiante de Moro tenha irritado os ministros e acirrado os ânimos.

Outra constatação meio óbvia: o STF está saindo do horizonte futuro do ministro da Justiça. Ele entrou na política e não sai mais – para o bem e para o mal.

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11 respostas

  1. Sra.Helena.Os visados MAGISTRADOS,do STF,são todos do mesmo time.Disfarçam,nem sei pra quem,pois a MASSA IGNARA,nem sabe que eles existem,exceto em situações muito particulares,de qualquer um,quando se deparem com O JUDISSSSSSSSSIÁRIO,em últimas instâncias,Da vontade de dizer,EM ÚTIMAS ESTÂNCIAS,que são os lugares onde os PROPRIETÁRIOS DE GRANDES GLEBAS,,chamam de suas CASAS,no mais,são todos IMUNES ÁS CRITICAS VINDAS DE BAIXO.Não passam,todos, de ESTANCIEIROS,onde ditam as leis.O exemplo ,aqui no R.Grande do Sul,onde o que dizem,vira LEI.É a VELHA LEI,dos mais fortes.

  2. Ele não vai ser levado a sério enquanto tiver essa voz de bambi, e enquanto não fizer uma operação “séria” de mudança de sexo , lacrando trompas, extraindo ovários e tentando aumentar o que restou de testículos, além de um tratamento hormonal para criar barba.
    Sem isso , será eternamente um boxeador de bunda grande.

  3. Risco de suspeição ? Estamos falando de um bandido, do mais destrutivo bandido de toda a história do Brasil. Moro não é um “marreco”, sem querer ser místico mas sim metaforicamente falando, Moro é o Anticristo de Curitiba. Enganou milhões, prendeu a esperança de paz e união, destruiu a justiça, destruiu milhões de empregos, conspirou contra o país e está a caminho de instaurar uma ditadora.
    Esse ser abominável está somente sob “suspeição” ?

  4. “…Primeiro, apoiando a pressão sobre o Congresso para votar logo as PECs que restabelecem a prisão após condenação em segunda instância, extinta pelo Supremo semana passada. É uma posição que nem Jair Bolsonaro encorajou-se a tomar.”. Isso é logico, Bozo é louco mas não é doido… vai que muito em breve ele precise de garantias constitucionais?…

  5. A vaga a ser aberta é justamente a de Celso de Mello, decano. Será que ele aceitaria ser substituído por Moro o parcial? Moro não tem biografia para isso.

  6. Sem as gravações já havia fatos mais que o bastante a pra por em dúvida a imparcialidade do Marrequinho. Com as gravações não creio haver mais nenhuma dúvida. E como eu já disse. Moro ofendeu o STF mais que o suficiente para eles quererem a caveira dele. E o Congresso teria que aprovar sua indicação para p STF. Com a popularidade dele despencando a olhos vistos, ele fica com pouco espaço de manobra.

  7. Não se enganem camaradas, se não nos armarmos e aprender técnicas militares, melhor será abandonar a luta, pois nossos inimigos estão armados até os dentes e podem fechar o governo a qualquer momento, prendendo, matando e aniquilando qualquer tentativa popular de modificar o curso golpista.

  8. A fala de que o “concorrente” promovia a pauta de controle social da imprensa (https://revistaforum.com.br/politica/bolsonaro/moro-sai-em-defesa-de-bolsonaro-mais-uma-vez-e-diz-que-copiar-audio-do-porteiro-nao-e-obstrucao-da-justica/) seria adicionada por mim ao autos no pedido de suspeiçao, se fosse advogado. Ele se defende de que ainda nao era ministro quando ocorreu o julgamento, mas este posicionamento político nao é pláusivel que tenha se formado quando o acusado e seu partido já nao faziam mais parte do governo. Demonstra claramente já ter posicionamento político sob um fato no mínimo questionável já `a época e antes do julgamento. Além de, claro, se posicionar como “concorrente”.

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