Hora de enfrentar o eleitor

Quando, logo após o golpe, o publicitário Nizan Guanaes disse a Michel Temer que aproveitasse sua impopularidade para fezer a reforma da Previdência, a fala pode ter sido canhestra e grotesca, mas continha verdades.

E isso será um remédio amargo para Jair Bolsonaro, a ser tomado assim que sair do hospital: decidir sobre a idade mínima de aposentadoria (e mais ainda pela igualdade dela entre homens e mulheres) e sobre a redução das pensões e benefícios.

Por pior que seja o atual presidente ele ainda goza da vantagem inegável que têm os eleitos frente aos que sobem pelo golpe ao governo: tem contas a prestar aos que nele votaram.

E, portanto, terá de pagar um pesado preço se quiser seguir os ditames do “mercado” que, não fosse isso, seriam implacavelmente aplicados por Paulo Guedes.

Se optar, como especula o Estadão hoje, por  idades mínimas iniciais de 55 anos para mulheres e 60 anos para homens, que aumentariam um ano a cada exercício até chegarem a 62 e 65 anos, com uma regra de transição de proporcionalidade o efeito sobre os mercadistas será de decepção. Como menos de um terço das aposentadorias é concedido por tempo de serviço e o maior volume vem das aposentadorias por idade (hoje com idade mínima de 6o e 65 anos, respectivamente), o efeito financeiro será pequeno e diluidíssimo ao longo do tempo.

Muito ônus para poucos bônus, ainda mais porque o Congresso será tentado a dar uma “aliviada” nas regras, sobretudo em relação aos servidores públicos, categoria que ainda tem um certo poder de pressão, e aos militares e policiais, hoje donos de um cacife político muito maior do que há dois anos.

A batalha da Previdência mal está começando e as pesquisas que estão pipocando aqui e ali se referem mais ao “pensamento único” que se construiu de que ela é indispensável do que ao efeito que terá sobre a vida das pessoas.

A partir da apresentação da proposta é que cada um poderá sentir em si mesmo o que ela representa e recomeça o jogo da política, até agora restrito ao campo “deles”.

Aos trabalhadores, resta saber se terão condições de parar o rolo compressor que se formará contra seus interesses.

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8 respostas

  1. Um comentário fora do contexto do post.
    —–Vamos mal como país ,se provoca mais conmoção a morte de um portavoz das elites do que o ASSASSINATO PELO ESTADO de 14 pessoas no Rio—-

  2. Dentro da minha perspectiva do “quanto pior melhor” para despertar os zumbis, eu considero a regra de transição uma INJUSTIÇA. Os eleitores do Monstro TÊM que pagar pelo que fizeram, porque deixar para as próximas gerações ?

    1. Rsrs
      Mas não adianta o governo pode ferrar seus eleitores a vontade, basta depois gritar comunismo!!! Corrupção!!!!
      PT!!!!!

      E tá tudo resolvido

    2. EU não quero pagar pela cagada alheia. Com 30 anos, não quero ter mais quarenta na labuta, obrigado. Os trabalhadores tardam a se insurgir contra essa putaria. Já não fizeram o que deveriam lá atrás, contra o trambolho e as terceirizações amplas, gerais e irrestritas e a tunga de direitos caros a toda a classe trabalhadora. Agora vão completar o serviço: Biroliro quer demitir servidor público (exceto os dotados de casta, membros do justiciário e das corporações de milicos e meganhas), quer escravizar a população idosa como já se escraviza a população jovem e de meia idade, e não duvide que se fale em questionamento do direito a férias remuneradas, licença pra tratamento de saúde e licença maternidade. Todas promessas de campanha que levam a turba de hidrófobos à euforia.

  3. A propaganda da reforma se faz sob um argumento indiscutível ,a expectativa de vida em aumento.Mas, o que essa propaganda não diz que é uma variável a mais no sistema previdenciario e que no caso do Brasil sem dúvidas é uma das menos importantes.
    O recolhimento de 30% da arrecadação para despesas correntes do governo ,os privilégios de juízes,políticos,procuradores,militares e toda a corja de vagabundos que mama das tetas do Estado), AS DÍVIDAS das empresas e produtores rurais por falta de contribuição ou por falta de repasse, ROUBOS que no caso destes recebem o nome de –apropriação indebita—,por que ELES NÃO DEIXAM DE DESCONTAR DO TRABALHADOR.
    Roubos este que os governos amigos como o do Temer e do asno ,permitem que paguem em 30 anos a juros baixíssimos ( logo, logo essas “dívidas” serão perdoadas) .
    No fim quem pagará a conta desse furo????? ,basicamente o trabalhador da área ´privada,depois os estatais e por último ,os privilegiados.
    Demais está dizer,que sem crescimento económico não haverá “milagre” de reforma nenhuma.
    Aí eles vendem que sem reforma não há chances de crescimento económico !!!!!

    1. Acredito que as tais reformas vão produzir uma diminuição econômica sem precedentes, visam tirar dinheiro da população e enviar para o sistema financeiro que é o setor que mais depende do estado.

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