IPCA vai a 1,62% em março, pior em quase 30 anos

A inflação oficial de março, medida pelo IPCA foi a maior dos últimos 28 anos (março de 1994), chegando a 1,62% e acumulando um índice de 11,3% em 12 meses, o que também supera o pior número da história em 20 anos.

A inflação para os mais pobres (famílias com renda de até 5 salários mínimos), apurada pelo INPC subiu ainda mais: 1,71% e um acumulado de 11,7%.

Os números explodiram até as perspectivas do mercado, que esperava um máximo de 1,5% para o mês, até menos.

Para que se veja o agravamento da alta de preços, no primeiro trimestre de 2021, a inflação acumulada era de 2,05%; agora, é de 3,2% no caso do IPCA. No INPC, 3,42%

Pior ainda, não se espera um refresco no índice de abril, que ainda pega parcialmente o efeito do aumento dos combustíveis e porque a redução da “bandeira emergencial” das contas de luz só fará algum efeito em maio e, assim mesmo, uma redução mitigada pelo fato de que aquela bandeira não era cobrada dos consumidores de baixa renda.

A decomposição do índice do IBGE mostra que os transportes (+3,02%), claro, pesaram com o aumento dos combustíveis, mas também alimentação teve um imenso aumento no gasto dos brasileiros, passando de uma alta de 1,48% em fevereiro para 2,42% em março, como explica o IBGE:

(…)a aceleração em Alimentação e bebidas (2,42%) decorre, principalmente, da alta nos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09%). A maior contribuição (0,08 p.p.) dentro do grupo veio do tomate, cujos preços subiram 27,22% em março. Além disso, foram registradas altas em diversos produtos, como a cenoura (31,47%), que acumula alta de 166,17% em 12 meses, o leite longa vida (9,34%), o óleo de soja (8,99%), as frutas (6,39%) e o pão francês (2,97%).

Com isso, agrava-se o impasse entre a alta dos juros, usada como instrumento de redução da inflação pelo Banco Central, e a situação de estagnação da economia, agravada por esta alta que deixou negativa a remuneração da Selic se considerado o período e reduziu muito a prometida para o futuro, porque é quase impossível que a inflação acumulada em 2022 não vá ser de pelo menos 8%, numa visão muito otimista.

Isso se os gringos do Federal Reserve não andarem muito rápido com a taxa de juros do Tesouro norte-americano, interrompendo o forte fluxo de capital que se aproveita dos juros internos do Brasil e alivia a cotação da moeda dos EUA, parâmetro de muitos preços internos.

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