Jamil Chade: vão-se embora capitais, cabeças e o respeito ao Brasil

No UOL, o ótimo Jamil Chade escreve uma reportagem-lamento em que conta a diáspora que leva de nosso país os capitais – algo que os leitores deste blog tem lido sempre aqui – os cérebros mais qualificados e, sobretudo, o respeito internacional.

Embora pessoalmente nunca tenha tido este desejo – ao contrário, dez dias fora do Brasil já me foram supliciantes, quando os passei – não sou o único a conhecer gente que sonha (e realiza) a ideia de viver em lugares que estejam fora desta nuvem de ódio e selvageria em que mergulhamos.

Que diferença do país que, há poucos anos, atraía gente de toda parte, cheia de planos e sonhos de progresso.

Chade traz os números de um ranking produzido pelo Institute for Management Development, um centro de estudos de competitividade mundial. E o Brasil é o 61° entre 63 países listados de acordo com a sua atratividade para os profissionais mais qualificados e e experientes no mundo. Ficamos na frente, apenas, da Venezuela e da Mongólia.

A tabela do IMD está aí ao lado para você conferir a posição de cada país e o triste buraco em que nos metemos.

Fica faltando o terceiro item, que o jornalista situa no contexto de teremos um governo onde presidente e ministros não sabem “onde está a fronteira entre o embate político e o respeito”, o que ele elenca numa série de episódios que também já são nossos velhos conhecidos, nestes 11 meses de mediocridade.

O fato objetivo e inegável é que o Brasil, que havia florescido como um país emergente, cada vez mais capaz de sustentar seus interesses no mundo, veio murchando desde a ruptura democrática e, com Jair Bolsonaro passou de vez a ser uma exotic place, um lugar estranho, onde vamos na contramão do século 21 em questões comportamentais, ambientais e políticas, com um protonazismo de matriz religiosa que contrasta com a imagem, até simplória, que carregamos há décadas de país alegre, receptível, marcado por uma diversidade – ao menos na aparência – harmônica que, agora, parece ter sido reduzida a cinzas.

Sempre fomos marcados pela descrença de nossas elites de que aí estivesse a nossa força, ao menos o nosso potencial para que pudéssemos ser, um dia, uma Nação que correspondesse ao nosso território, riqueza natural e riqueza humana.

Mas há agora mais que desprezo, há ódio. E a elite embruteceu-se ao ponto de já quase nada querer senão a segregação e a repressão à massa de excluídos que se vai encorpando e formando guetos ameaçadores, para os quais é cada vez mais necessário – num crescimento sem fim – o crescimento de um aparato repressivo, policial e, ocupa, adicionalmente, os papéis de máfia, milícia e de força de controle social.

As redes sociais passaram, como talvez em nenhum outro lugar, a ser o mais importante instrumento de controle ideológico, formando-se uma camada de limbo mental à base de exibicionismos de celebridades sem talento, sob o patrocínio de um sistema que aposta tanto nisso que cogita ter um apresentador de programa de gincanas como sua “esperança branca”, depois de ter apelado a um político tosco, sobre quem achou que teria controle.

 

 

 

 

 

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12 respostas

  1. É o que tenho dito: Mesmo correndo o risco de mais uma vez quebrar a ordem institucional com algum expediente anti-democrático, mesmo assim o general Mourão deveria assumir a cadeira o quanto antes. Nunca um impeachment foi tão necessário para a sobrevida de um país.

    1. O problema é que para isso o Mourão teria que ter peito pra enfrentar o monstro …..não tem.

    2. Ainda tenho esperança no câncer ou num surto psicótico do Zero da Lua, por ter sido alijado do seu Peri. Afora isto, só vulcão ou tsunami de seiscentos metros de altura.

    3. Mourão é outro rola bosta ignorante , alias nessa turma do Bozo quem não é militar é miliciano , gente que já nasceu burra igual ao gado que vota nessa gangue.

  2. Para completar a burrice , bizarrice, desgracença ou seja lá o que se quer chamar, há um crescimento de grupos neonazis e racistas no sul e SP.

    Aliados aos milicianos protofascistas , isso pode entornar de vez o cald do convívio social.

    Pra quem ainda acha pouco, some-se a isso a máfia neopentecostal.

    Fico por conta do sustento dos filhos , mas sinceramente, até na Mongólia viveria melhor que aqui. O ódio plantado floresceu e já vai se tornando floresta densa, uma pena pois havia antes uma nova nação em plena evoluação.

    Minha última esperança é um levante que roube os sonhos dos “cidadãos de bem” , mas por enquanto, só os nossos são roubados, só nosso sangue molha a terra e só nossas mães choram.

    O cartaz do Latuff dizia tudo, por isso a acesso de ódio do miliciano….

    Até quando ???

    1. Republicanismo ou confronto. Criar um grupo fora do pt psol pcdob
      Tipo um gente de volta pra rua com alguns apoliticos no youtube
      Tem gente q vai ficar do nosso lado

  3. A descrição do cenário brasileiro é tão precisa quanto aterradora.
    Só os muito estúpidos não estão perplexos diante dessa milícia violenta e opressora que domina o Brasil.

  4. Nosso povo é cortês e amigável com os turistas brancos e com quem compartilha de seu modo de vida e crenças. Somos uma massa amorfa manipulável e manipulada.

  5. Saiba Brito!
    Meus filhos estão de saída, em busca de seus doutorados, um já vai semana que vem. E insisto que não voltem.
    Espero que lá fora evitem amizade com os coxinhas que saíram depois de derrubar Dilma.
    Se pudesse, eu iria prá Cuba que, com todas as restrições politicas e limitações econômicas, vale a luta.
    95% da parentalha no Sul, Rio e Nordeste não valem a pena… O mesmo para os vizinhos daqui de Floripa.

    1. Bravo…..faço minhas suas palavras, mas os meus vão a graduação e ensino médio.
      Penso como tu.
      Cuba vale a luta.
      A parentalha……seriam os primeiros ao paredón.

  6. Vamos arregaçar as mangas e brigar com fé no futuro! Prioridade absoluta e urgente contra o ataque de fakenews que estão desfechando contra o povo! A primeira briga deve ser o combate na justiça contra a imundície de fakenews que está inundando o país, corrompendo as mentes dos brasileiros simplórios. Deve haver algum jeito de combater isso, nem que seja levando à justiça os centros de compartilhamento de dados, ou gerando também milhões de disparos anti-fakes! Estão dobrando a aposta na ignorância do povo, e produzindo vídeos cuidadosamente falsificados, aos milhares! Tem vídeo do Cabo Daciolo dando uma lição de moral no Boulos, tem vídeo da Marielle supostamente drogada e pregando o aborto, tem vídeo de quadrilhas de traficantes sendo presos vestindo camisas de Lula Livre, tem vídeos que dizem que a morte de Marielle foi uma decisão da justiça divina. É esta a forma deles de fazer política! Vamos lutar contra isso, eles estão destruindo a cabeça dos brasileiros e tentando eternizar um governo de bandidos mentirosos e entreguistas!

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