Janot não mira, mas acerta Dallagnol

Joaquim de Carvalho, no Diário do Centro do Mundo, levanta a questão de que, de início, o promotor natura da Lava Jato não seria Deltan Dallagnol mas, segundo relato do então Procurador-Geral, Rodrigo Janot, Pedro Soares que deixou o cargo após – informação da jornalista Christianne Machiavelli, ex-assessora de imprensa do então juiz Sergio Moro – ter dado um “parecer negativo sobre a competência dos processos [ser] em Curitiba”.

O relato de Carvalho traz esta novidade, mas o afastamento daquele que seria o promotor natural do caso mostra que houve, na montagem do conjunto de procuradores que integrou a Força Tarefa, uma inequívoca inspiração de Moro, que conhecia Dallagnol desde o caso Banestado (com Alberto Youssef entre os réus).

O assunto já despertava atenção e o cientista político – especializado em assuntos do Judiciário – Rogerio Arantes, na Época, há um ano, apoiado também no livro de Janot, fonte primária e insuspeita sobre a Lava Jato:

Logo Dallagnol e seus colegas chegaram a autoridades com foro privilegiado, correndo o risco de ver a Lava Jato sair de suas mãos e ser transferida para Brasília. Conversas de Telegram reveladas pelo The Intercept já mostraram como os procuradores contornaram esse problema, mas o livro de Janot faz confissão pior. “A atribuição era do procurador-geral, mas, por razões práticas, achei melhor que eles mesmos, que já estavam à frente do caso, o fizessem. Depois me mandariam o pacote das delações, e, aqui em Brasília, conduziríamos os inquéritos e eventuais processos.” Ou seja, o general delegou uma de suas poucas funções constitucionais exclusivas aos soldados.
Rodrigo Janot dedica um capítulo ao “dia que a Lava Jato quase acabou”. Circulava o boato de que ele teria feito um grande acordo com advogados de investigados na operação. A força-tarefa de Curitiba baixou em seu gabinete e um dos destemidos procuradores “puxou um papel e, num gesto dramático, acusatório, empurrou-o na minha direção, dizendo: ´Explica isso aí!´”. Tratava-se de cópia de uma interceptação telefônica em que investigados faziam menção ao suposto acordo. Janot reagiu à altura do soldado: “Que porra é essa? Eu é que quero que você me explique. Como eu não fui informado sobre meu nome ter sido citado numa interceptação? (…) Não tenho nada a ver com isso, com qualquer merda de acordo”, ele disse. E depois tratou de mostrar aos rapazes de Curitiba que não havia traído seu exército descabeçado, acrescentando que: “Não pedi essa porra. Essa investigação caiu no meu colo e vai dominar toda a minha gestão”.

Rodrigo Janot, que desistiu de dar um tiro em Gilmar Mendes, certamente está entre as “balas” que seu sucessor, Augusto Aras, diz já ter contra os abusos da turma de Dallagnol.

É provável que os arquivos que a Lava Jato tenta esconder, a qualquer custo, sejam mais claros que as memórias do ex-Procurador Geral

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13 respostas

  1. Infelizmente eu não consigo acreditar que vão revelar o que realmente interessa sobre a quadrilha. Porque demolindo-a, demolirão o golpe, a Globo, Veja, Bolsonaro, TRF 4, STJ, STF, ……

  2. Vê se claramente desde as informações do ¨The Intercept ” que a trama envolveu quase todo MPF ,CNMP e demais conselheiros do Ministério Público . A maioria das investigações e processos disciplinares contra Deltan , foram arquivados , com fatos e provas bem claros .
    O poder da mídia conservadora está superando a justiça e o direito , principalmente o direito á verdade . Essa mídia não toca no principal . Quem são os 38 mil investigados e as autorizações .

  3. Mais sobre a máfia da infame e sórdida “panela de Curitiba”!
    Energúmenos traidores da nação!

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    Exclusivo: Dallagnol não era procurador natural da Lava Jato e o antecessor teria contrariado vontade de Moro
    Por jornalista Joaquim de Carvalho – 1 de agosto de 2020

    Antecessor, que nunca se pronunciou, teria contrariado vontade de Moro
    (…)

    Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/exclusivo-dallagnol-nao-era-procurador-natural-da-lava-jato-e-o-antecessor-teria-contrariado-vontade-de-moro/

  4. Infelizmente eu não consigo acreditar que vão revelar o que realmente interessa sobre a quadrilha. Porque demolindo-a, demolirão o golpe, a Globo, Veja, Bolsonaro, TRF 4, STJ, STF, ……

  5. Toda BANDALHEIRA praticada por esses agentes da CIA virá à tona.

    Pagarão pelo que fizeram com a destruição da economia e a Política do Brasil, atendo às ordens da CIA.

    Devem ser processados e julgados!

    Canalhas!

  6. Nenhum deles presta, mas Janot ganha o troféu de maior sem-vergonha de todos! Que pulha” Um comandante comandado por um bando de moleques arrivistas.

  7. Qualquer tentativa de analisar a “operação” dentro dos quadros dos desvios, vamos dizer assim, normais das instituições jurídicas modernas está fadado a não entender exatamente o que se passou ao país. Tenho insisto – mais do que deveria aliás – que a única comparação possível ou precedente histórico é com a Justiça Medieval e seu sistema de Direito Inquisitorial, portanto, referências anteriores às instituições do Estado Moderno seja o atual Estado Democrático de Direito da Democracia Representativa atual ou mesmo do Estado Burguês Liberal construído em oposição e após a demolição das Instituições do chamado Antigo Regime pre Iluminista. E digo isso não só na formas, práticas e modos jurídicos mas principalmente no conteúdo e como instrumento de luta política e nas suas consequências econômicas perversas.

    (*) https://es.wikipedia.org/wiki/Proceso_inquisitorial

    1. Vc já leu Os Juristas do Horror (disponível na rede em espanhol) sobre o judiciário na Alemanha Nazista? Lembra que o Hitler teria dito que não chegaria onde chegou se não fossem os juízes de seu país? No livro, há “n” situações que vão muito além da simples coincidência. Bom dia!

  8. Quadrilha agindo despudora mente.
    Canalhas agindo despudoramente.
    Uma quadrilha de canalhas sem o mínimo pudor. E tem a globo…
    Este país só voltará, melhor, só tentará voltar ao que foi quando esta turma e mais alguns estiverem na cadeia.
    O golpe destruiu o país!

  9. O Janot não criou a Força Tarefa de Curitiba. Ele pode ter apenas oficializado sua existência. Ela foi criada no famoso seminário supostamente contra “crimes financeiros” que o Departamento de Justiça dos EUA promoveu no Rio de Janeiro de 04 a 09 de Outubro de 2009, – https://wikileaks.org/plusd… – comandado pela funcionária do Departamento de Estado e especialista em América Latina Shari Villarosa, e já teve como estrela máxima da numerosa representação do Brasil o juiz Sergio Moro. Na abertura do seminário, Villarosa discursou salientando que “crimes financeiros são um problema global e devem ser abordados de uma maneira global” – Esta perspectiva é a dica para que os juízes e promotores do Brasil e de outros países latino-americanos considerassem que as leis americanas valem muito mais que as leis e as constituições locais, que passaram a burlar. Neste seminário foi discutida – e aprovada – a instalação da Força Tarefa de Curitiba, que seria depois denominada de Operação Lava Jato.

  10. O golpe foi muito forte, FBI/CIA agia desde o início dessa bandalheira, cadeia para esses traidores é muito pouco. Mas como resolver se FBI/CIA opera em todos os niveis? O país foi destruído em sua independência.

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