Não é a Dilma, o alvo é a democracia!

Reproduzo, abaixo, o magnífico artigo de Paulo Moreira Leite, na Istoé, leitura indispensável para entendermos e reagirmos ao que se passa e, talvez, seja a mais difícil batalha dos últimos dez anos para as forças populares.

Entre democracia e fascismo

Começou como uma luta justíssima pela redução de tarifas de ônibus.

Auxiliada pela postura irredutível das autoridades e pela brutalidade policial, esta mobilização transformou-se numa luta nacional pela democracia.
Se a redução da tarifa foi vitoriosa, a defesa dos direitos democráticos também deu resultado na medida em que o Estado deixou de empregar a violência como método preferencial para impor suas políticas.
Mas hoje a mobilização assumiu outra fisionomia.
Seu traços anti-democráticos acentuados. Até o MPL, entidade que havia organizado o movimento em sua primeira fase, decidiu retirar-se das mobilizações.
Os manifestantes combatem os partidos políticos, que são a forma mais democrática de participação no Estado.
Seu argumento é típico do fascismo: “povo unido não precisa de partido.”
Claro que precisa. Não há saída na sociedade moderna. Às vezes, uma pessoa escolhe entrar num partido. Outras vezes, é massa de manobra e nem sabe.
A criação de partidos políticos é a forma democrática de uma sociedade debater e negociar interesses diferentes, que não nascem na política, como se tenta acreditar, mas da própria vida social, das classes sociais.
Em São Paulo, em Brasília, os protestos exibiram faixa com caráter golpista.
“Chega de políticos incompetentes!!! Intervenção Militar Já!!!”
No mesmo movimento, militantes de esquerda, com bandeiras de esquerda, foram forçados a deixar uma passeata na porrada. Uma bandeira do movimento negro foi rasgada.
A baderna cumpre um papel essencial na conjuntura atual. Reforça a sensação de desordem, cria o ambiente favorável a medidas de força – tão convenientes  para quem tem precisa desgastar de qualquer maneira um bloco político que ocupa o Planalto após três eleições consecutivas.
A baderna é uma provocação que procura emparedar o governo Dilma criando uma situação sem saída.
Se reprime, é autoritária. Se cruza os braços, é omissa.
Outro efeito é embaralhar a situação política do país, confundir quem fala pela maioria e quem apenas pretende representá-la.
É bom recordar que a maioria escolhe seu governo pelo voto, o critério mais democrático que existe.
Nenhum brasileiro chegou perto do paraíso e todos nós temos reivindicações legítimas que precisam de uma resposta.
Também sabemos das mazelas de um sistema político criado para defender a ordem vigente – e que, com muita dificuldade, através de brechas sempre estreitas, criou benefícios para a maioria.
Olhando para a maioria dos brasileiros, aqueles que foram excluídos da história ao longo de séculos, cabe perguntar, porém: os políticos atuais são incompetentes para quem, mascarados?
Para a empregada doméstica, que emancipou-se das últimas heranças da escravidão?
Para 40 milhões que recebem o bolsa-família?
Para os milhões de jovens pobres que nunca puderam entrar numa faculdade? Para os negros? Quem vive do mínimo?
Ou para quem vai ao mercado de trabalho e encontra um índice de desemprego invejado no resto do mundo?
Mascarados que arrebentam vidraças, incendeiam ônibus e invadem edifícios trabalham contra a ordem democrática, onde os partidos são legítimos, as pessoas têm direitos iguais  – e  o poder, que emana do povo, não se resolve na arruaça, pelo sangue, mas pelo voto.
É óbvio que a baderna, em sua fase atual, não quer objetivos claros nem reivindicações específicas. Não quer negociações, não quer o funcionamento da democracia. Quer travá-la.
Enquanto não avançar pela violência direta, fará o possível para criar pedidos difusos, que não sejam possíveis de avaliar nem responder.
O objetivo é manter a raiva, a febre, a multidão eletrizada.
É delírio enxergar o que está acontecendo no país como um conflito entre direita e esquerda. É uma luta muito maior, como aprenderam todas as pessoas que vivenciaram e estudaram as trevas de uma ditadura.
A questão colocada é a defesa da democracia, este regime insubstituível para a criação do bem-estar social e do progresso econômico.
O conflito é este: democracia ou fascismo. Não há alternativa no horizonte.
Quem não perceber isso está condenado a travar a luta errada, com métodos errados e chegar a um desfecho errado.
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9 respostas

  1. Esse texto é sem dúvidas um ultraje ao que realmente esta acontecendo, vejo, as mídas, os jornais, a internet INUNDADE de pessoas querendo controlar o caminho de nós manifestantes.. esse cara que postou e o cara que redigiu, vem PRA RUA! Ou tá gostando de “aumento do preço do pão” e diz “Só uma vez…” ha! é direito!

  2. Hoje no BRASIL a democracia (voto obrigatório, diga-se de passagem) é uma meneira de você deixar alguém RICO, nada mais que isso.

  3. Muito bom o texto. è isto mesmo. Votei na Dilma e não pedi para ninguem ir às ruas me representar. A situação está difícil, porque construir émais demorado que destruir. A Dilma precisa de apoio para aprovar projetos favoráveis ao povo no congresso. Um exemplo: O ROBRTO FREIRE DO PPS, VEM À TELEVISÃO FALAR MAL DO GOVERNO DA DILMA, MAS, VOTOU CONTRA OS 100% DE ROYALTIES DO PETROLEO PARA A EDUCAÇÃO`. è um hipócrita , cinico, tinha que renunciar ao cargopúblico se tivesse vergonha na cara. ISTO TEM QUE ACABAR.

  4. Me parece um típico texto de um militante petista q n quer ouvir e enxergar as verdades q está a situação atual do país. A maioria do povo q está nas ruas como eu não aceita q partidos entrem com suas bandeiras por serem oportunistas querendo se aproveitar da situação, a grande verdade é q partido q faz OPOSIÇÃO séria e forte n existe faz tempo e como o ministro Joaquim Barbosa (e futuro proximo presidente qeu acho q sera eleito pelo povo das ruas) disse, os partidos de hoje são partidos de mentirinha. A grande maioria ja teve sua chance e de uns 20 anos pra cá (8 de FHC-PSDB e + 12 de PT-Lula e Dilma) o Brasil nao evolui em nd, continua corrupção e a lei so funciona pros pobres. Eu como a maioria n defendemos a ditadura, anarquia nem fascismo, longe disso, a questão é q o povo de hj n se sente mais REPRESENTADO em sua síntese por esses partidos de “mentirinha”, a democracia deve continuar o q tem q mudar URGENTEMENTE é uma REFORMA POLÍTICA e PARTIDÁRIA e se for o caso vejo a necessidade de surgir novos partidos com os líderes dos movimentos das ruas como por exemplo a maioria é de estudantes.
    OBS: n sou militante de nenhum partido, sempre votei no menos pior ou nulo.

  5. O Dann Owlsen frequenta as ruas que o povo brasileiro – com certeza – não caminha, não passa. O baixo Leblon, Ipanema, Barra da Tijuca, Higienopolis, Jardins, Miami, New York et caterva. são seus destinos. E, cá entre nós, com certeza numa bela BMW.

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