Não se nasce para ser Presidente. Mas uns nunca chegam a merecer ser

Jair Bolsonaro, com aquele jeitão de quem resolveu tudo com os abracinhos com a turma da velha política, passou o dia relaxando, “talquei”?

Começou com a aliança na gaveta com o Ministro (falecido) da Educação, deu explicações sobre fazer xixi na cama aos cinco anos e fechou o dia dizendo que não nasceu para ser presidente.

Como tudo o que diz, pura asneira.

Não se nasce para ser presidente; nasce-se, muito raramente, para ser rei porque o trono se herda do papai, como querem os monarquista.

Um presidente faz-se, seja pelo valor, seja pela perfídia, seja pelo acaso, pela ocasião que lhe oferecem os poderosos.

Pelo valor, na história, estão Getúlio, JK e Lula. O primeiro, pelo “fiz-me chefe de uma revolução e venci”, registrado em sua carta testamento; o segundo, por ter sido honrado quando levaram Vargas à morte e ele soube encarnar o desejo de progresso do país; Lula, pela teimosa trajetória do retirante que fez da força de ser um brasileiro de carne, osso e sonho dos outros brasileiros.

Pela perfídia, um que acabou de deixar o cargo, Michel Temer, porque conspirou, traiu, usurpou e moveu sua minúscula figura pelas sombras dos arranjos parlamentares.

Pela circunstância, Fernando Collor – que a elite retirou da insignificância para construir uma alternativa a Brizola e Lula – e ele próprio, Bolsonaro, um outsider que pôde sobrevivier e mistificar com a criminalização da política feita pela Lava Jato e fazer frente, como os políticos convencionais não fariam, à sombra gigantesca de Lula.

Erro, mesmo, Jair Bolsonaro só comete quando diz que “nasceu para ser militar”.

Porque, afinal, ele não tem nenhuma das qualidades que deve – ou deveria – ter um militar e a prova está na sua tumultuada carreira no Exército: insubordinado, individualista, politiqueiro e, é o que registram os processos, até mesmo envolvido em planos de colocar bombas por reivindicações salariais o que é, ao menos em intenção, terrorismo.

Mas creio que lhe devemos alguma indulgência. Afinal, os oficiais-generais, a alta cúpula do Exército pouca hesitação teve em utilizar-se dele para suas ambições de poder e pecúnia – vide o reajuste para eles proposto – e  colocar o país sob o comando de um aventureiro despreparado, que agora tem de ser “patrulhado” para não dizer e fazer sandices.

Duvido que algum deles, diante da tropa, fosse capaz de dizer “eu não nasci para ser general”.

Como Bolsonaro, não nasceram, mesmo.

 

 

 

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