No dia dos 45 anos do AI-5, duas escolas mudam de nome para ensinar democracia

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Hoje, dia do 45° aniversário do famigerado AI-5 –  muita gente não sabe, mas houve outros, antes, também cassando direitos políticos, como o AI-2, já em 1964 – leio em O Globo uma notícia própria para limpar os céus nesta manhã.

Duas escolas – uma no Rio outra em Salvador – mudam de nome, por decisão de professores e alunos, para ser livrar da carga que terem como patrono dois ditadores lhes traz.

A Escola Emílio Médici, em Salvador, passa a ter o nome do baiano Carlos Marighella, assassinado em seu governo.

A escola Costa e Silva, no Rio, um energúmeno rematado, passa a ter o nome do poeta, ator e militante social Abdias do Nascimento, a quem eu tive a honra de conhecer e partilhar das causas anti-racistas.

As meninas aí da foto – baianas como Marighella, negras como Abdias -,  simples pré-adolescentes, que estão votando para a escolha do nome de sua escola – coisa que os brasileiros não pudemos fazer por quase 30 anos – bem que poderiam chamar os ministros do nosso Supremo Tribunal para se sentarem uns dias por lá.

Quem sabe aí aprendessem que o resgate da verdade histórica é um dever de quem quer o progresso humano e que, afinal, o castigo que se deseja para quem fez tanto mal nem é contra suas pessoas, as físicas, que em geral já se foram.

O castigo que se quer é, sobretudo, que todo um povo saibam o que fizeram, quem fez, para que seus nomes, vivos no passado, se apaguem eternamente no futuro.

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9 respostas

  1. Parabéns pelo oportuno recado. Que podemos e devemos fazer para propagar essa meritória prática? Vc deu o ponta-pé inicial. Espero que, ao menos, os blogueiros progressistas participem também. Por enquanto vou fazer a solicitação ao Deputado e Senador para cuja eleição contaram com meu humilde voto. Abs.

  2. E assim, de escola em escola, de rua em rua, de ponte em ponte, a história vai sendo resgatada.

  3. Maravilhoso texto. Punir a iniquidade, mesmo com décadas de ateaso, sempre lava a alma. Enquanto sso, aqui na Baixada Santista, é Castelo Branco pra lá, Costa e Silva pra cá… E ainda tivemos o desprazer de ver o único hospital público de minha cidade, inaugurado pelo último prefeito de esquerda, ter o nome – Che Guevara, médico que exerceu seu oficio nos rincões da Anazônia – alterado pelo governo seguinte. Sinto vergonha de minha erra.

  4. A mais tenebrosa noite em que milicos mandaram as fava quaisquer escrúpulos . Com a falta de escrúpulos tivemos desespero, crueldade, sofrimento e homicídios por mais de duas décadas. Só relembrar volta o horror!

  5. Vou bater a porta de um homem
    de pijama listrado, vou enrolado
    em esparadrapo e gaze, vou falar
    bem manso, toda letra do hino
    de nosso país, vou levar um tiro
    por tamanha insensatez de minha
    parte, vou cambaleante,deixando
    minhas digitais no muro branco
    com as palavras liberdade.
    Querido….o que qconteceu…..
    Nada, mulher, foi só um lobisomem
    hoje dia TREZE, sexta feira…
    Não dá para esquecer, um dia como este.
    O HOMEM tá de volta…

  6. Excelente ideia Fernando! Estudei durante oito anos em um Colégio Municipal em São Gonçalo, RJ que se chamava “Castelo Branco”, simplesmente o primeiro presidente que tomou posse após o Golpe Militar de 1964. Aliás, numa rápida busca no google notei que são muitas com esse mesmo famigerado nome! Uma tristeza só! Um bom nome, até em contraponto, e em homenagem a verdade histórica seria renomeá-la para Presidente João Goulart, o presidente deposto pela ditadura que, agora, suspeita-se tenha sido assassinado a mando dos gorilas golpistas! Que tal?

  7. Em São Paulo a Rodovia Castelo Branco continua a chamar-se Rodovia Castelo Branco…
    Em Campinas, interior de São Paulo, a Vila Costa e Silva continua a chamar-se Vila Costa e Silva.
    São Paulo merece.

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