Se os comandantes das Forças Armadas seguissem a lógica de nossos dirigentes da economia e da Justiça, a esta altura o país estaria nadando em sangue.
Porque, ao receberem a ordem de desbloquear refinarias e restabelecer o fluxo de combustíveis, lançariam logo tropas e blindados para fazer uma “limpa” nas manifestações nas quais, aliás, não falta gente que peça “intervenção militar” e o uso desmedido da força em nome da “ordem”.
Por sorte, militares são mais políticos do que eles, porque entendem que o fim não é o bastante, mas exige que se o alcance com um mínimo de perdas, sacrifícios e confrontos.
Quando gente como Pedro Parente e Sérgio Moro – apenas para citar dois deles, porque são vários e muitos – traça seus planos e o “alvo” de suas missões, não se importam com os efeitos daquilo que se dispõem a fazer.
Seja destruir setores econômicos que davam emprego e renda a milhões de trabalhadores e a uma imensa teia de fornecedores, seja atirar o país numa convulsão como a que temos hoje no setor de transportes e logística, nada lhes importa. Nenhum cuidado é essencial, nenhuma prudência é indispensável, nenhuma ponderação é aceitável.
Sua lógica de servir ao que foram destinados a fazer funciona como antolhos, que os faz agir como os animais em que se lhes punham, no tempo em que se usava carroças.
A mídia, e já nem tão há pouco tempo, passou a apresentar os “gestores” como as formas ideais da atividade pública, ao mesmo tempo em que demonizava os “políticos”.
Os homens de Estado – donde vem a palavra “estadista”, aliás – passaram a ser todos uns treteiros, populistas, quando não corruptos e xavequeiros. E os “executivos” o símbolo de eficiência e bem fazer, como se não fosse a sua natureza ganhar dinheiro, elevar lucros e executar planos previamente traçados.
A sua complexidade é a lei a serviço do que querem e os preços ao nível dos melhores ganhos. “Coronéis” da roça e donos de biroscas alcançam a mesma lógica, claro que com menos sofisticação e sem palavras empoladas do juridiquês ou do economês.
Seus atos são igualmente impiedosos e irrefletidos.
Prendam-se todos, como no Alienista de Machado de Assis ou sobreviva quem puder pagar o preço, o de hoje e o de amanhã.
Na Justiça e na vida empresarial, substituíram os juízes austeros e os capitães de indústria por gente que exibe-se na dança que a orquestra da mídia e do dinheiro sugere aos salões e às objeções, chama-se a polícia: a de choque, a Federal ou o Exército, a quem consideram apenas a sua milícia.
Pouco se lhes dá que o país arda em chamas, que perca suas esperanças e sua força vital.
Eles foram soltos, já não têm freios nem rédeas, mas a patejar e escoicear.
E com o olhar fixo, dogmático, quase maníaco com que os antolhos os acostumaram a ver e a não enxergar.
15 respostas
Quando vc vê um cara pedindo intervenção militar, vc lembra da época do quartel.
https://uploads.disquscdn.com/images/b1edee765c66d7f518941f976b52502d274bb2d5dceb6cfa9fa20a9d18654932.jpg
Kkkkkkk
Texto antológico! Já vou compartilhar.
Diretas Já, TRIPRESIDENTE LULA 2018!
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Lula subirá na pesquisa Ibope desta semana
27/05/2018
https://www.youtube.com/watch?v=2KiS5dECpms
Legal que já tem gente mandando a Rede Globo tomar no cu. Demorô.
Mais que perfeito! Obrigada.
Nao concordo.
Acho que a inação das FFAA se deve por outros motivos: incapacidade de agir diante da extensão do problema e/ou simpatia pelo movimento que pede intervenção e/ou benefício eleitoral do seu candidato.
Perfeito uma vez mais Fernando Brito. Sem dúvida, nossos tecnocratas, especialistas na técnica das portas giratórias, a única coisa que sabem bem governar são seus patrimônios pessoais e suas carreiras, que a cada nova rodada aumenta e melhora um pouco mais. Os Pedros Parentes da vida, depois dos ótimos serviços prestados à nação, como vender empresas públicas na bacia das almas, de quebrar o país, de produzir um apagão, são instalados confortavelmente na diretoria e no Conselho de grandes bancos e grandes empresas nacionais e estrangeiras. Depois desse exílio dourado na “iniciativa privada” retornam à cena e voltam a dar classes de como se deve governar um país. e apaixonados que são pela causa pública, retornam uma vez mais para executar o difícil labor de gerar negócios lucrativos para seus futuros patrões, e para si, sem antes destruir uma vez mais o país para o espanto da incrédula população.
Taí a receita neoliberal, restritiva, supermoderna, mostrando sua efetividade social, ironicamente, refletida nos mesmos cidadãos que a demandaram em 2016 (porque a expansiva quebraria o país).
Ironia…
Texto brilhante, mas se me permite, esse “bom senso” das forças armadas não cheira nada bem pra mim. Existem dezenas de recursos, muitos sem o uso direto de violência, para desobstruir estradas. Não podemos esquecer que, em matéria de política, o comando já mostrou sua posição, quando praticamente exigiu a prisão de Lula. As coisas estão muito complicadas e acho que ninguém sabe ou controla totalmente o que pode vir a acontecer.
Concordo Brito. Acabei de chegar do cinema e assisti “O Processo”. Recomendo por ser um importante registro histórico da farsa deste impeachment. Importante o discurso histórico do Requião quando ele chama canalhas, canalhas… Senti falta de uma fala do Lula. Ao final do filme, cheguei a conclusão que estamos cercados de juristas escrotos e dispostos a realizarem jogo sujo. Dilma vítima de uma farsa jurídica liderada pelos juristas Janaina Paschoal e Anastasia. Lula vitima de uma farsa jurídica tramada pelos juristas Moro, Deltan, Carlos Fernando, três patetas do TRF 4 ( Laus, Gebran e Paulsen), Carmen Lúcia, Fachin, Rosa Weber, Fux, Barroso e Alexandre de Moraes. Maus brasileiros que arrebentaram nossa democracia e a constituição de 1988, mas acredito na lei do retorno
Um folheto circulando pela internet informa que a intervenção militar duraria poucos meses, tempo em prenderiam corruptos, cassariam os maus políticos e colocariam o país em ordem. Ou seja, o mesmo que em 1964, quando entraram por alguns meses e permaneceram por 21 anos, devolvendo aos civis um país quebrado e tão ou mais corrupto do que quando entraram. Michel Temer foi prestigiado e aplaudido pelo Vilas Boas, comandante do exército, que lá estava em cadeira de rodas devido a uma doença crônica, recentemente, em cerimônia no palácio do planalto. Vilas Boas é aquele que aconselhou o STF a “cumprir” a lei, na véspera do julgamento do habeas corpus do Lula. Tenho pouca dúvida de que essa gente fará, novamente, o trabalho sujo de feitor da sociedade se houver “risco” da esquerda retornar ao poder. E Temer, cretino que é, será agente dessa intervenção. E, provavelmente, vítima dela, como foi Lacerda, lá atrás, no golpe de 64.
Em ação, o famoso MDL: Medo Do Lula. Esses caras vão cancelar as eleiçoes, com militares, STF, Congresso, irmão caminhoneiro (já que até a Força Sindical percebeu a fria em que se meteu) e aquele apoio fundamental da TV que cria mMnifetoches.
Continuo reafirmando que sómente um completo imbecil aplicaria esta política de preços de reajustes diários e continuo achando inacreditável a quantidade de “especialistas” que aprovam essa imbecilidade. Esta idiotia epidêmica, como alguém já comentou por aqui, “só pode ser praga de índio”…
Fernando, como sempre ler os seus posts é o momento de maior alívio nesses momentos tormentosos pelos quais passamos. Sempre lúcido, sempre claro e indo no âmago das questões. O que fazer com esses animais descontrolados destruindo o pais?