O barulho das cabeças ocas se batendo

O espetáculo oferecido ontem na troca de desaforos entre Joyce Hasselman e o senador Major Olímpio, duas figuras de proa do bolsonarismo dá ideia do grau de alucinação que povoa as cabeças este governo.

Acusam-se mutamente de “moleques” e, como não é raro nestas situações, ambos têm boa dose de razão.

E, como também é frequente, pouco importa se a têm: o relevante é o que isso produz.

O prsidente e seus apoiadores, com esta incapacidade de construir qualquer acordo, produzem uma paralisia no processo de articulação entre Executivo e Legislativo – de resto coisa quase ausente nestes meses – que, até agora, tem nos poupado de efeitos maiores apenas porque, na última hora, costuram-se acordos emergenciais que acabam por dar soluções provisórias aos impasses.

Mas sempre “soluciona-se” com a faca no pescoço e estressando todo o processo com o correr do relógio e as ameaças do “senão…”. Como é praxe, para muitos deles é a esperança em receber o que, digamos, seria uma “taxa de urgência”.

Já não há confiança sequer para um acordo de plenário, a coisa mais corriqueira da política e o espanto dos deputados de direita e centro direita deu lugar à indignação com a exposição chantagista que deles se faz.

Jair Bolsonaro começou o mandato com muito mais apoio do que tem, hoje. Ele, mais do que ninguém, erodiu a base que, meses atrás, parecia imensa e invencível. Ontem, sem muito alarde da imprensa, viu a sua autonomia em legislar por Medidas Provisórias reduzida de  120 para 40 dias, período em que, não se manifestando as comissões da Câmara que as irão analisar, perderão a validade.

O presidente, no entanto, parece mais preocupado em ir fazer campanha eleitoral – como fizera na visita a Israel – na Argentina, onde vai emprestar seu imaginário prestígio entre “los hermanos” para apoiar Mauricio Macri e xingar Christina Kirchner, enquanto o relógio corre para o prazo de autorizarem-se os creditos que permitam o funcionamento da administração federal.

Mas, que importa? O Estado é mesmo uma aberração e, parando, também para de “bufar no cangote” dos empresários, não é?

Não é que não tenhamos um mau governo, apenas. Temos um não-governo.

PS. Quem não viu, assista o vídeo da troca de amabilidades entre Hasselman e Olímpio, ontem à noite, abaixo:

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

13 respostas

    1. Num país em que as massas são orientadas por pastores, bispos, milicianos, majores da PM, pseudojornalistas como essa senadora, além de idolatrarem jogadores de futebol “de cristo”, acredito em tudo.

  1. O quadro geral de loucura, manifestações de presidente e ministros, devem ser encarados como catarse para a sociedade brasileira. Nunca se viu algo igual no Brasil. É indigno e humilhante para todos os brasileiros.

  2. Pega fogo, cabaré!!! (mesmo que nos atinja diretamente, mesmo chamuscado, tô rindo muito desta gentalha)

  3. Parece o Diabo brigando com o coisa ruim… O destaque foi o forte cheiro de enxofre,,, Que se matem… Gente que não presta…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *