O ‘Bolsonaro 2021’ vai ser um perigo ainda maior

Vinícius Torres Freire, na Folha, faz, penso eu, um diagnóstico certeiro desta nova temporada de “Um imbecil no Planalto” que passou a ser exibida nos últimos dias:

Jair Bolsonaro anda inquieto. É assim quando seu poder ou sua popularidade estão ameaçados; quando aumenta o risco de que sua família acabe na cadeia. Então passa a dizer mais atrocidades do que de costume contra a democracia, a razão, a decência e a humanidade.

Sim é isso.

Vamos começar o ano com um coquetel de ingredientes corrosivos: fim do auxílio emergencial, preços a galope, pandemia em disparada, zero de vacinas e plano para aplicá-las atolado até na compra de seringas.

As prateleiras do Posto Ipiranga estão vazias, a credibilidade empresarial é nenhuma – publicamente calam, mas nas rodas, desancam o Jair – e a condição de pária do mundo ainda é pior em meio a uma crise planetária.

Só os mais rematados canalhas querem negócios expostos com o Brasil, porque mesmo os lucros de cá são prejuízo frente à desmoralização global.

Por tudo isso, temos um perigo maior no ano que começa e que tem nome, sobrenome e paradeiro: é Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.

Como no início da pandemia, ele pretende recorrer a sua reserva particular de lunáticos ferozes e reiniciar a marcha que os tolos acharam que ele tinha suspendido quando as coisas começaram a pesar com os ataques ao Judiciário.

Ele reiniciou, a todo vapor, sua coreografia de aglomerações, crianças no colo, nada de máscara para reacender a imagem de valentão que, por falta de valentias concretas e excesso de Centrão, andava minguando.

Tirando fazer a coisa certa, pode-se esperar tudo do Bolsonaro 2021, que já está tentando encarnar o Bolsonaro 2022 e dizer, claro, que a culpa é da esquerda que, pobre coitada, nem anda muito por aí.

 

 

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