Como na famosa frase sobre ter ido “ao limite da responsabilidade”, a nota em que Fernando Henrique Cardoso sinaliza o apoio a Lula, sem citar-lhe o nome, vai ser recebida pelo candidato do PT com condescendência e, até, com algum carinho.
Não há outra forma e, a rigor, não poderia ser diferente com alguém que, é ele próprio quem diz, tem 91 anos e, naturalmente, sofre de limitações que só ampliaram a sua história incapacidade de “descer do muro” completamente, sem deixar-se preservado de embates. Considera que foi explícito o suficiente ontem, liberando o diretor-geral de sua Fundação, o cientista político Sergio Fausto, para declarar o voto lulista.
FHC, com seus punhos de renda, certamente conhece a expressão francesa: ça va sans dire; numa tradução livre, “melhor não ser explícito”.
Eleitoralmente, não pesa muito, mas politicamente não é o mesmo, tem significado.
É mais uma gota a somar-se à onda de adesões que Lula ( e só ele) está recebendo e, portanto, sinalizando que qualquer mudança nesta reta final da campanha será no sentido de sua vitória.
Tudo aponta para isso, seja a súbita ameaça de Arthur Lira aos institutos de pesquisa, seja a adesão ao ex-presidente do PSDB de Goiás, estado de voto tradicionalmente conservador.
Política é leitura de nuvens e das correntes profundas da vida social. Lula está sólido nestas e, no céu político, vai se estendendo por toda a parte.
Não há muita dúvida sobre o que virá.
A vitória exige grandeza; a derrota, induz desespero.