O cassino dos oficiais

Em muitas unidades militares há “cassinos dos oficiais”, nome dado a lugares de reuniões e convívio entre altos e até médios graduados das Forças, nada a ver com jogatina a dinheiro.

Mas, desgraçadamente, passamos a ter cassinos de fardados com esta finalidade, ainda que indireta e revestida de falso patriotismo.

Porque neles, em reuniões obscuras, aposta-se num golpe que suspenda ou emascule as eleições de 2022 e se mantenha Jair Bolsonaro no poder.

Aposta-se nisso e, para encobrir os interesses egoístas de uma casta, invoca-se a defesa do país contra o comunismo e, até, como se tropas chineses estivessem, ali em nossas fronteiras, prontas a invadir-nos, para implantar um regime de devassidão sexual e de ateísmo militante.

Pode, é certo, convencer dúzia e meia de lobotomizados do ódio nas não tem nem o dedinho do pé na realidade para sustentar-se.

E, ao aceitar estes lunáticos como fonte de sustentação política, os generais das Forças Armadas que se tornaram lenientes ou cúmplices da insânia abriram para uma batalha que não poderão vencer.

Pode, até, haver um golpe, mas golpe para quê, se já é deles todo o poder, o qual não são capazes de exercer de maneira minimamente capaz?

Golpe com uma escancarada rejeição da opinião pública? E da imprensa? E da Justiça, do Legislativo?

Golpe convocado pelos coronéis da PM, pelo general Silas Malafaia e pelo Marechal Ratinho e Sikêra Jr?

Com o emprego de carretas mandadas por frotistas arruaceiros e tratores enviados por por latifundiários da soja?

O Alto Comando das Forças Armadas teria entrado neste delírio, pela ânsia de poder, como um jogador compulsivo que tudo arrisca pela ânsia de um tabuleiro?

Quem entra neste delírio deixa de considerar as consequências de que isso fracasse, como é evidente.

Pior, com um fracasso que deixa traumas e que implicará, sem nenhuma dúvida, em uma retração e perda de poder das estruturas militares, porque nenhum governo legítimo admitirá que possam continuar a ter este poder ameaçador.

Policiais se escudarão na necessidade de manter a segurança pública, os atiradores de agora ficarão com suas fazendas e frotas, mas as Forças Armadas serão atingidas em seus privilégios institucionais, funcionais e até mesmo materiais.

Fait le jeux, messieurs les gènerales.

 

 

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