O cego que não quer ver

Perdida lá no meio da reportagem do UOL a transcrição do horário eleitoral gratuito de Jair Bolsonaro na TV Jovem Pan (três horas ao vivo, o que é?), a frase inacreditável de Jair Bolsonaro:

— “Alguém vê alguém pedindo pão na porta, no caixa da padaria? Você não vê, pô”.

Não vê se for cego, presidente. Aqui mesmo, em minha rua, no Rio, há vários. Como há outros, na porta dos mercados, vendendo bobagens ou simplesmente implorando por ajuda, muitas vezes com crianças miúdas sentadas nos meio-fios, com seus olhos assustados e tristes.

Num rasgo de realismo, diz, depois, que pode “haver algum”, mas que está tudo resolvido: “a caixa vai lançar um aplicativo” para que eles, certamente com seu Iphone se cadastrem para recber um auxílio cuja a fila de espera já tem milhões antes deles.

A declaração está aqui, em vídeo para quem duvidar que ele o disse, dizendo que “a senadora que falou isso (e foi Simone Tebet) falou besteira”. A “besteira” é a informação de que três dezenas de milhões de brasileiros passando fome”.

Esta é uma das boas perguntas se pode fazer a ele no debate na Bandeirantes, se ele parar com este vai-não-vai com que tenta escamotear sua covardia.

É bom que o diga, porque os brasileiros sabem o que se passa nas ruas, a não ser os que se deixaram cegar pelo ódio.

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