Se alguém ainda duvidava que pudesse ser exagero a afirmação feita aqui que o decreto liberando até 60 armas para “caçadores” e “atiradores esportivos” é uma forma de preparar uma milícia armada para atirar no lixo as liberdades eleitorais e políticas no Brasil, acordar hoje com a visão da besta bolsonarista Daniel Silveira xingando e ameaçando dar uma “surra, batendo na cara com um gato morto até ele miar” no ministro Luiz Edson Fachin dissolve qualquer ilusão remanescente.
Quem quiser assistir o espetáculo de bestialidade do antropomorfo deputado, assista o vídeo abaixo.
Ou veja, no “meme” do próprio brucutu parlamentar, o que ele deseja. Aliás, entre seus “projetos” está o uso por professores de escolas públicas, de armas de eletrochoque para defenderem-se das crianças que ameaçam “os cidadãos de bem”, estes mesmos que Bolsonaro quer armar.
A principal pergunta é, agora, o que representa isso e o que fazer.
O que representa, é preciso que se diga que aquilo é Jair Bolsonaro em estado puro, sem amarras, sem censura. Não obstante os bíceps e peitorais “bombados”, a pequenez mental e os conceitos da sociedade são absolutamente idênticos.
Não é este homem, mas são estas ideias (vá lá) que governam o país e são elas que comandam e ganha a adesão da camada dominante das Forças Armadas ou, pelo menos, a do Exército.
Ou alguém viu, mesmo com os três anos de atraso com que o fez Fachin, manifestando discordância da intromissão do comandante – e de todo o comando – do Exército nas decisões da corte suprema do país?
A pergunta que o brutamontes faz tem sentido: porque é que não se mandou prender o general Villas Boas, por transgressão do Art 5º, XLIV, CF – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Se o comando do Exército não é um grupo armado, o mais bem armado do país, o que será?
Daniel Silveira deve ter como única punição o fato de ir ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, onde talvez (apenas talvez) perca o mandato.
Mas haverá efeitos políticos. O primeiro será o crescimento da resistência dos deputados a permitir o que o presidente da Casa vinha ensaiando: deixa “passar batido” os decretos armamentistas editado por Bolsonaro. Logo a seguir, a oposição a que uma “Daniel Silveira de saias”, Bia Kicis, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
Fachin não tem muita moral para reagir à matilha da qual libertou, abrindo juridicamente seu canil, mas o Supremo fica mais perto de reagir, tentando empurrar de volta o portão político que continha esta cainçalha.
Mas não agir será deixar o fascismo e a bestialidade se tornarem a lei deste país.