O impacto avassalador da pesquisa Datafolha conseguiu mudar até a live das quintas-feiras de Jair Bolsonaro, um rito “sagrado” para o atual presidente, encontro marcado com sua turma de fanático nas quais as alimenta de ódio e argumentos estapafúrdios.
Transferida para hoje, será o mais evidente indicativo de como ele pretende agir depois do bombardeio com que os números atingiram seu acampamento eleitoral e, ao lado, a “barraca do golpe”, arma nem tão secreta com que contava para reverter a batalha difícil.
Está claríssimo que não lhe há outra saída, num primeiro momento, senão o de questionar a veracidade da pesquisa e de seus autores, empurrando para a Folha e para a Globo a autoria de resultados mais que indesejáveis, mortais para suas pretensões.
Mas não é tão claro o que fará no momento seguinte: se procurar dar-se outra demão de verniz de moderação fake ou se adotará um comportamento de fúria partindo, como certos jogadores de futebol quando estão sendo derrotados, para botinadas e agressões.
A folha corrida do personagem, claro, torna mais provável a segunda hipótese, mas o arsenal de truques está escasso.
À falta de outro providencial agressor, o mais provável é que ele parta para mais irresponsabilidades na economia, que ainda servirão, quando nada, para criar dificuldades a seu sucessor, mesmo que sejam travadas, e que alimentem o discurso cansativo do “eu não consigo fazer nada porque não deixam”.
Mas, internamente, sua campanha tende a escorregar para um cenário de suspeitas de traição e cobranças por incompetência sobre seus “generais políticos” do Centrão e dos “pastores big”, que não lhe deram os resultados esperados, no Nordeste e entre os evangélicos. Com orçamentos secretos e favorecimentos generalizados, Bolsonaro põe-se na posição de quem “pagou, mas não levou”.
Do lado de Lula, a hora é a de ocupar territórios onde há pânico com o que pode ser o anúncio de um desastre eleitoral para candidatos a governador, senador e deputados governistas pero no mucho, que enxergam a onda já formada no Datafolha e vivem o medo de serem afogados por ela.
Ainda há espaço que saiam por “corredores humanitários”, mas este vão está ficando apertado.