Nos tempos da ditadura, era comum que se usasse a invocação do manifesto de Karl Marx, isolando a frase “os proletários não têm pátria” para chamar de “apátridas” aos comunistas. Uma grande bobagem, pois o contexto em que isso é dito é o da internacionalização do capital (“cada vez mais com o desenvolvimento da burguesia, com a liberdade de comércio, com o mercado mundial, com a uniformidade da produção industrial e com as relações de vida que lhe correspondem”). Quem quiser leia aí, com mais de um século de antecipação, a tão louvada “globalização”.
O dinheiro, que fala em dólar como antes a fé falava em latim, vai para onde lhe derem maior abrigo contra impostos e maior sigilo quanto à sua propriedade e origem. Simples assim.
Quem acha que programas de repatriação como os feitos aqui em 2016 e 2017 (que trouxeram de volta perto de R$ 210 bilhões ou US 63,7 bilhões) representa a volta do dinheiro legal e ilegalmente deveria tomar conhecimento do estudo do dados levantados pelo economista-chefe da Global Finance Integrity e ex-economista sênior do FMI, que estima terem saído do Brasil, entre 1960 e 2012, cerca de US$ 590,2 bilhões, 70% deles de forma ilícita, principalmente via subfaturamento de exportações ou superfaturamento de importações.
Assim, nada há de surpreendente no fato de 17 bilionários brasileiros e mais um magote de milionários que atuam aqui estarem na lista dos donos de empresas offshore em paraísos fiscais como as Bermudas, Bahamas, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens, Malta e outros valhacoutos do capital, como revela o site Poder360, que detém no Brasil o monopólio de acesso aos chamados Paradise Papers, um estranho caso de investigação jornalistica da qual os dados não são dados a conhecimento universal.
Claro que não há nada de mais em terem uma empresa que atue no exterior, ou mesmo uma propriedade por lá. Mas são, quase todas, empresas contábeis, para evitar impostos, camuflar fortunas e esconder dinheiro, tanto que são registradas pelas “lavanderias de capital” Appleby e Asiaciti Trust, especializadas em abrir empresas de fachada.
Muito menos há surpresa que estejam na lista os irmãos Marinho, os donos da Inbev, o banqueiro Safra, o dono da RBS e outros do mesmo naipe. Tal como ocorreu nos Panamá Papers, nada ocorrerá.
A não ser ver essa turma chorando as pitangas de que os impostos são altos e que, coitados, eles ainda são os grandes beneméritos do país.
7 respostas
E são esses que apóiam a lava-jato e acusam lula de criminoso em editoriais de suas mídias.
Boa tarde,
não existe Neoliberalismo para “países do 1º mundo”, só para os pobres! Mas vai surge uma coxa é dita: ou seu idiota você não viu que a INTERBEVE comprou uma cervejaria do U.S? Ai responderei desde quando isso tem valor, que eu saiba o que vale é: Petróleo, empresa de tecnologia(Aviação), remédio e demais nessa área, mas cerveja e demais coisas nessa área vale tanto quanto uma que compre no boteco da esquina. Não vemos americano privatizando seu petróleo e demais áreas e que acha que suas empresa não estratégica se engana e muito. Nesse caso mando ler…
E enquanto eu e muitos outros tem que cortar um dobrado pagar em dia os impostos(e nem sempre conseguindo),essa turminha não paga nada,sonega horrores e ainda reclamam de barriga cheia dizendo arrogantemente que “não vão pagar o pato´´(o pobretão que pague…)
Marinhos e achegados “farão tudo pelo povo, menos descer de suas costas”.
E os batedores de panela, descerebrados, babando de satisfação por ter um cargo, um carro e outras merrecas. Principalmente, se conseguir uma toga.Eles são sempre menores que o cargo que ocupam, com honrosas exceções.
No apagar das luzes da ditadura militar o CEO da Volkswagem, Wolfgang Sauer, disse algo como: o capital se comporta como um animal selvagem, vai onde a presa é fácil.
Era uma ameaça aos governantes contra a regulamentação do setor industrial e financeiro.
Enquanto isso nós brasileiros pagamos a tarifa de energia mais cara do mundo, e a contradição nós temos matriz energética mais barata e mais limpa do mundo.
Excelente F.B;