O elemento desagregador

A expressão não é estranha para os mais velhos, acostumados a ouvi-la ser usada contra os jovens que se opunham à ditadura.

Mas, ironicamente, mais de 40 anos depois, ela se encaixa à perfeição justo num adepto do regime militar que a subversão da ordem democrática levou ao poder num desatino eleitoral e institucional.

Nada define melhor Jair Bolsonaro do que classificá-lo como um elemento desagregador.

Dividiu a sociedade, dividiu nosso país do mundo, divide agora até seu próprio grupo de apoiadores.

Jair Bolsonaro não tem nenhuma noção de poder que não seja aquela em que ele e seu clã familiar expressem sua autoridade e seu mando.

O poder é pessoal e familiar e tudo e todos lhes servem enquanto a ele servirem incondicionalmente.

Se pretenderem ter um minuto de ideias próprias, logo são trazidos à rédea e devidamente enquadrados ou, se a heresia for pessoal, atirados fora.

Valel para qualquer um, reconheça-se. Paulo Guedes e Sergio Moro, os ex-superministros, já aprenderam que é assim e mudaram seu comportamento.

O primeiro, de falante, calou-se. O segundo, de calado, passou a ladrar fidelidade canina.

Não construiu uma maioria política, passou a administrar o Congresso, como se sabe, oferecendo-lhes a ração mesquinha das emendas parlamentares, sem a qual (que o ouçam os puristas) nossos parlamentares não aquietam.

À falta de ideias, programas e ações de governo, Bolsonaro tenta mover a sociedade a ódios, acusações e xingamentos.

Não há objetivos, há apenas obstáculos que devem ser eliminados.

Um país em frangalhos, como o nosso, enfiado numa crise que dura anos já, não se recupera sem algum grau de unidade e tolerância.

E isso é o contrário do que Bolsonaro nos dá.

 

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

6 respostas

  1. O que diferencia Bozo de FHC? Gilmar de Marco Aurélio, Ratinho de William Bonnder? Só o tipo de dissimulação, porque a sacanagem é a mesma.

  2. Ele,o BÓSTANARO,queiramos ou não,a SÍNTESE DO POVO BRASILEIRO,cujo perfil ideológico, é totalmente PEQUENO BURGUES,pois o POVÃO,somente intervém,raramente.e quando o faz,sempre sonha em ficar RICO,Ou seja,PEQUENO BURGUES,que é de onde tiraam seus IDEOLOGIAS.

  3. Texto primoroso caro Brito.
    Só discordo da comparação com os cães.
    Eles são os DIABOS !

  4. Patriarcalismo, Filhismo, caciquismo, mandonismo, coronelismo (rebaixado!), banditismo, protofascismo, patrimonialismo, udenismo, entreguismo, bovarismo são desde de sempre as características desses elementos desagregadores mal denominados elites que formam nossas classes dominantes. Poder despótico e tirano é a realidade a que todos esses ismos conformam. Bolsonaro não seria a exceção que confirmaria a regra.

    1. Do dicionário:
      “Absolutismo é um regime político em que apenas uma pessoa exerce poderes absolutos, amplos poderes, onde só ele manda…”
      Bostonaro é tão inculto que acha que essa é a definição para presidente da república.
      E que cabe a seus assessores, melhor dizendo, súditos, se comportarem como Moro e Guedes.

  5. A experiência política do Brito junto a Brizola faz com ele enxergue muito além, produzindo textos brilhantes e reais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *