O insustentável Pazuello terá de depor

Com a decisão de Ricardo Lewandowski de aceitar o pedido de inquérito sobre a atuação do general Eduardo Pazuello no morticínio de Manaus, tornou-se inevitável o já previsível desfecho: a necessidade imperiosa de retirá-lo do comando do Ministério da Saúde.

Não que a atuação do governo vá mudar muito: seguiremos sem um plano nacional de vacinação – o que há é apenas a distribuição de doses e já diversas prefeituras e estados começam a anunciar critérios próprios para sua aplicação.

Não se sabe como Bolsonaro escolherá agir: ou deixa Pazuello entregue às feras e o transforma em seu bode expiatório – isso para quem quiser se iludir sem ver que o general era mero pau-mandado – ou parte em sua defesa invocando uma farsa em que colocará a ação contra Pazuello como um ataque ao próprio Exército Brasileiro.

A primeira opção gera um problema: quem colocar em seu lugar. Não que não haja médicos que se submetam a essa vergonha e o próprio Conselho Federal de Medicina, ainda “cloroquinista” a esta altura do campeonato tem vários integrantes que sonham com o posto. Mas será, neste caso, alguém sem ao menos a desculpa hierárquica do “um manda, o outro obedece” que ainda, inacreditavelmente, protege Pazuello.

A segunda, infelizmente, empurra para a Força Terrestre a responsabilidade por este desastre. Se Pazuello representa a ação do Exército em mais do que aquilo que a instituição faria – como semore fez, afinal – em apoio a programas de socorro à população, a torna diretamente responsável pelas tragédias que não param de se suceder, agora com Porto Velho tendo de “exportar” pacientes para o Rio Grande do Sul, a mais de 3 mil quilômetros, para que não morram.

Por incrível que pareça, há militares que endossam a tese de que Bolsonaro e Pazuello agem corretamente, felizmente não todos.

O inquérito vai correr em paralelo com outro inevitável desdobramento do caso, a CPI do Oxigênio, defendida hoje pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Nem é preciso pensar no tipo de depoimentos dramáticos nela se produzirão, sem o conveniente sigilo do inquérito.

Pazuello já assou, falta apenas fatiá-lo, e isso começa agora.

 

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