O mercado ‘nervosinho’ e o povo indefeso

Jair Bolsonaro, em sua live de ontem, ao defender o seu ‘vale-diesel’ de R$ 400, anunciou também outro aumento “iminente” no preço dos combustíveis.

“Se não reajustar, falta. A inflação é horrível, é péssimo, mas pior ainda é o desabastecimento. Como está na iminência de um novo reajuste, o que buscamos fazer, acertado com a equipe econômica —alguns não queriam, outros acharam que era possível —, dar auxílio para caminhoneiro em havendo um novo reajuste. O que está decidido até o momento, R$ 400”.

É uma formula perfeita para transformar um problema em vários, inclusive na área de transportes de cargas.

Dos pouco mais de 2,2 milhões de caminhões emplacados no país, 1,3 pertencem a empresas transportadoras (dados de abril, da agência especializada Transporta Brasil) e, portanto, terão uma elevação de custos com o diesel que será repassada aos preços dos produtos transportados.

No caso dos 750 mil autônomos (segundo os números de Bolsonaro), o auxílio representa – ao preço de hoje – a 80 litros mensais ou 1/5 do tanque médio de um caminhão grande. Isso equivale, aproximadamente, considerado um consumo médio de 2,5 km por litro de diesel, a rodar 200 km, menos de um terço do que um caminhoneiro roda, em geral, em um dia de trabalho.

É obvia, portanto, a irrelevância do “Bolsa Diesel” na remuneração dos caminhoneiros autônomos e ainda mais no preço do frete.

Mas não é irrelevante para o processo já indócil de aumento de preços um presidente anunciar que haverá desabastecimento ou aumento de preços, pura e simplesmente.

O mercado “nervosinho” não perdoa e remarca preços.

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