O mofo azul

O Estado de S. Paulo publica uma matéria que, em outros tempos, seria apenas um fait divers, uma nota curiosa sobre o passado e suas sobrevivências.

Hoje, infelizmente, apontar que a “Família Imperial” e a fanática TFP – Tradição, Família e Propriedade – apóiam e louvam sem ressalvas o governo Bolsonaro éum sinal alarmante do significado do grupo que está a comandar o país.

 – Um verdadeiro patriota deve apoiar tudo o que Bolsonaro estiver fazendo de bom no sentido da restauração de nossos valores.

A declaração é de um certo d. Bertrand Maria José Pio Januário Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança, cuja imensidão do nome revela a pretensão de ser o  ” segundo na linha sucessória real e um dos líderes do movimento de restauração da monarquia”.

Sim, caro leitor: a nossa bandeira jamais será vermelha, mas os nossos governantes devem voltar a ter “sangue azul”.

—  Depois da reconstrução nacional segundo ele a obra a cargo de Bolsonaro], haverá uma restauração da monarquia.

A reportagem é um desfile de afirmações bolorentas: o “movimento ecológico é infiltrado por ideias panteístas” e resulta da ““insidiosa transformação de vermelhos em verdes”, e que o racismoem nossa terra vem da “insistência do movimento negro cria o problema racial no Brasil, problema que nunca houve.”

Até um “negro” foi membro da família imperial foi arranjado para prová-lo, diz o vetusto aristocrata – naquela linha já conhecida de “eu tenho um negro na família” – e cita quem seria:  um tal de Ludovico Moro, descoberto pelas pesquisas genealógicas da nobreza. Não se sabe quem seria esta figura, pois o único Ludovico Moro do qual se tem registro é Ludovico Sforza, regente de Milão na passagem do século 15 para o 16, protetor de Leonardo Da Vinci.

O PT, diz o velho senhor, “é uma seita, pois o comunismo foi definido pelo papa Pio XI como uma seita e de fato é”: “A obra do PT nesses anos todos tinha um denominador comum: a destruição do que restava de cristandade no País”, embora o partido, como se sabe, tenha sido gestado com forte influência da Igreja Católica.

Aliás, o alinhamento âs palavras dos papas parou em Pio XI, aquele papa que elogiava Benito Mussolini e com ele firmou o Tratado de Latrão, criando o Estado do Vaticano.

As Forças Armadas – sim, aquelas que derrubaram a monarquia – teria hoje muitos adeptos da restauração do Trono: “D. Bertrand mantém excelentes relações com oficiais generais das três Forças, muitos dos quais monarquistas. “Há muitos monarquistas na Marinha”, diz ele.

Estamos no século 21, numa sociedade global, cheios de desafios tecnológicos e comportamentais, diante de um mundo que se transforma em poucos meses ou anos e temos um governo “abençoado” por esta turma que arrasta corrente de um passado colonial, escravocrata, de uma camada de aristocratas, que acha que nossa vocação é só a de vivermos de  exportações de produtos primários e que enxerga no povo apenas uma massa de serviçais, que deve permanecer respeitosamente na senzala e, quando necessário, castigada a chibata…

Opa! Acho que estou me confundindo…Será mesmo estas coisas são do passado?

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17 respostas

  1. Tá bem de acordo com a mentalidade retrógrada, egoista, elitista e discriminatória da idade média, na qual o país afunda!

  2. Pois veja vc, Brito, não são apenas as doenças contagiosas do passado que vieram tirar nosso sono.

  3. Isso é CLARO SINAL DE FALÊNCIA,DOS CÉREBROS CHEIOS DE SUBSTÂNCIA MAL CHEIROSA,que os poetas chamam de BÓSTA.Exemplo? BÓSTA-ONARO.Que deve ser também,ORLEANS E BRAGANÇA,ou braguilhas,QUE FICAM NAS MESMAS REGIÕES.

  4. NO BRASIL NADA SE DISCUTE TUDO SE ACEITA SEM CONTESTAÇÃO,A IMPRENSA BRASILEIRA. SE AMASSE ESSE PAÍS E SEU POVO, ESTARIA EM SUA DEFESA PELO MÍNIMO DE AMOR PRÓPRIO QUE LHE RESTASSE.
    ESSA MADRUGADA VI A ENTREVISTA NA BAND DO PRESIDENTE DA AZUL ,UM NORTE AMERICANO NÃO POR ACASO,LOUVANDO A ABERTURA DE 100% DO ESPAÇO AÉREO.
    É IMPOSSÍVEL A ENTREVISTADORA NÃO SABER DE NÚMEROS E A FRAGILIDADE QUE ISSO IMPLICA.
    BASTARIA TER PERGUNTADO AO GRINGO SAQUEADOR O PORQUE DA FRANÇA, O PAÍS QUE MAIS ABRIU SEU ESPAÇO A COMPANHIAS ESTRANGEIRAS, TER FEITO SOMENTE 20%. E PORQUE O PRÓPRIO ESTADOS UNIDOS O FEZ EM 25 %.
    ISSO É QUESTÃO GRAVE DE SEGURANÇA MAS A UMA FORÇAS ARMADAS LACAIA DOS EUA,TRAIDORA DE SEU PAIS E DE SEU POVO ISSO É NORMAL.
    ISSO É UM CRIME DENTRE CENTENAS QUE TEM SIDO COMETIDO CONTRA A NOSSA SOBERANIA,CONTRA NOSSA,HONRA E DIGNIDADE.
    É PRECISO DERRUBAR ESSE GOVERNO MILITAR SEJA COMO FOR!

  5. Como disse Stephen Colbert nas comemorações do Dia D: “Hoje comemoramos o dia em que derrotamos os Nazistas… por 70 anos pelo menos”. Essa turma do passado sempre volta.

  6. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKkk
    Os caras devem estar tomando Gardenal com querosene, só pode. Estão num atraso de vida. Este tal de Orleans Bragança faz pouco tempo que estava num “pindura” desgraçado, tava fazendo leilão dos badulaques da infeliz Família Imperial para arrecadar uns trocados. Trabalhar os caras nem pensam, mas, ficar remoendo um passado que não voltará nunca mais é com eles mesmos.

  7. Sempre insisto que a Grande imprensa no Brasil é um fenômeno único no mundo. Não existe paralelo nem em democracias avançadas, nem em democracias recentes e nem mesmo em regimes ditatoriais. Pelo menos em três situações o Estadão da família Mesquita teve um papel fundamental na História do Brasil, e em todas elas desempenhou o mesmo papel: ser uma força contra-revolucionária primeiro na “Revolução” de 32, depois na “Revolução” de 64 e por último agora no Golpe de Estado contra o governo de Dilma Roussef (neste caso em que sua implicação direta foi mais “modesta” eles preferiram chamar apenas de impeachment, não de revolução). A família “quatrocentona” Mesquita parece desenvolver uma propensão quase genética a estar sempre do lado errado da história. Ela parece “vocacionada” para um único trabalho: impedir o avanço da democracia social e o desenvolvimento econômico do país, custe o que custar, no caso agora o próprio negócio. O Estadão entende que o Brasil deve continuar a ser um grande fazendão, administrado por empregados fiéis e obedientes, enquanto ele e seus filhos vão ao estrangeiro se “educar” e manter-se sintonizados o máximo possível com as novas tendências do estrangeiro, decididos na volta a manter a criadada da fazenda o mais longe possível dessas tendências. O cheiro de mato e de esterco esses “fazendeiros” só conhecem mesmo dos livros.

  8. Ah! Os parasitas…
    Será que nunca nos livraremos deles?
    A estória do último rei enforcado nas tripas do último papa será sempre um sonho?
    Bem, talvez possamos contar com uma nova Iekaterinburgo tupiniquim…

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