O jornal Extra publica hoje o registro de que as pilotas Chipo Matimba e Elizabeth Petros, que comandaram a aeronave da Air Zimbabwe da cidade de Harare até as Cataratas Vitória, na fronteira com a Zâmbia se tornaram as primeiras mulheres a comandar um Boeing 737 sem a presença masculina.
Não é verdade, ainda bem, porque aqui no Brasil, em 2012, Joana Bittencourt e Paula Petean fizeram, no Dia Internacional da Mulher, um voo entre São Paulo e Porto Alegre.
Mas é muito bom que tenha tido destaque o voo de Chipo e Elisabeth, porque é um duplo preconceito vencido: mulheres e negras, no comando.
Uma imagem para nos mostrar que é inútil parar o mundo e pretender uma “volta ao passado” que só é ideal na imaginação das elites, porque Joana, Paula, Chipo e Elisabeth serviriam, no máximo, como gentis aeromoças, se quisessem voar.
Porque o mundo caminha, apesar das “verdades” do preconceito, porque os seres humanos são teimosos amantes da liberdade e se um dia sonham, em outro darão asas aos sonhos e voarão.
E sejam brancas ou negras – como a primeira mulher negra a voar, Elizabeth Coleman, cujo brevê internacional, de 1921, que reproduzo na imagem – as mulheres são parte desta humanidade que tentam sempre manter atirada à poeira suja do preconceito.
Quando o mundo quer separar as pessoas por suas religiões, por suas origens, por sua riqueza, por serem ou não parte do “mundo civilizado”, é bom que tenhamos essa imagem.
Pode levar décadas, séculos, até. Temos paciência e teimosia, enquanto pudermos repetir a frase de Coleman: não aceitar um não como resposta ao sonho de voar.
10 respostas
Hehehe! Aposto que muitos machistas ao ouvirem a voz da comandante, já em pleno vôo, pediram pra descer. Esse “mundo civilizado” que você diz precisa aprender olhar com respeito as diferenças.
Parabéns ao Brito pela lembrança e, a todas as mulheres, e as minhas maravilhosas mãe, esposa, irmãs, sobrinhas, avós, tias … Eu amo todas vocês.
Pela primeira vez comento no Tijolaço, que leio todos os dias.
O Fernando é notavel, pela memória prodigiosa e fidelidade a principios.
Admiro o Fernando.
Um exemplo aos jornalistas politicos mais jovens,
Lembrei-me do ”prétz” ao contemplar as fotos dessas quatro ”Dompnas”.
Fiquei maravilhado ao saber que em pleno século X quando na Europa – católica – sobretudo na Italia, a praxe era infligir sevícias nas mulheres, no sul da França eram elas que exercitavam -de igual pra igual- enorme autoridade politica e cultural (Alienor d’Aquitaine, Marie de Champagne, Jeanne de Toulouse foram as protagonistas). Com elas a mulher deixava de ser ”esposa” e passava a ser ”Dompna”, ”Senhora”, não apenas como objeto de amor mas sobretudo como protetora do trovador provençal. Tudo teve inicio no ”prétz” isto é, nas qualidades dela, no ”mix” de beleza e capacidades da Dama; o trovador ao aproximar-se dela, aceitava a incumbência de um ”melhorament” que eventualmente e gradualmente lhe era reconhecido: era o chamado amor de ”cortesia”, caracterizado na ”mezura”, na capacidade de controlar impulsos, instintos e de demonstrar pra Senhora que ela não é apenas objeto de desejo. Era fundamental que o amor ”cortês” não se limitasse na relação entre dois, mas que fosse alargado com o escopo de educar a sociedade na convivência e na arte de viver no respeito, na ”caritat” e na ”largeusa” (generosidade). Eram esses os pré requisitos para empreender relações interpessoais na Provença de Marie de Champagne.
E são duas comandantes (4 listras) e não a formação esperada comandante e co-piloto (3 listras). E isso é legal porque pode ser que mais de um voo seja comandado por elas. Parabéns.
Bessie Coleman faleceu em 1926. Tirou brevê internacional em 1921, então não pode ter morrido em 1916.
Abraços
E que morte besta! Lamentável, excesso de confiança é a ruína dos grandes especialistas, bastava estar com os cintos atados para fazer as manobras!
eu escrevi 16? foi, de fato, em 26, num acidente.
Onde vamos parar, com essas fêmeas insubmissas querendo fazer de tudo. Semana retrasada voltei de Florianópolis em um avião da Gol que era pilotado pela Comandante Joana. Desse jeito uma delas acabará ocupando a presidência da repú… OH, CÉUS, TARDE DEMAIS!
Henry David Thoreau, filósofo libertário norte-americano, disse que deveríamos fazer sempre uma manifestação, revolução, desobediência civil de forma pacífica, Gandhi seguiu o exemplo dele na Índia, Mandela fez a mesma coisa na África, essas mulheres é um exemplo disso. A mudança social tem que ser inteligente, não violenta com discurso de ódio racial.