O diálogo telefônico de Milton Ribeiro com a filha – veja aí em cima a transcrição da parte importante – dizendo que Jair Bolsonaro telefonara para dizer que teve “um pressentimento, novamente” de que poderiam fazer uma operação de busca e apreensão na sua casa, no inquérito sobre o tráfico de influência dos “pastores do MEC” mostra que não é verdade o “se tiver alguma coisa errada, ele que responda” dito pelo presidente.
Note que a palavra “novamente” indica que não foi uma, mas pelo menos duas vezes que Bolsonaro alertou Ribeiro para cuidar do que tinha de documentos e, por óbvio, o que poderiam ter Gilmar Santos e Arilton Moura, dois presbíteros íntimos do Planalto.
O que tanto teme o presidente? É o fogo que poderia chamuscá-lo?
Por qual telefone falava Bolsonaro com Ribeiro? Se é o mesmo que estava grampeado, o juiz fez muito bem – ao contrário do que fez Moro com a conversa entre Lula e Dilma – em não juntar aos autos, porque não havia autorização para um escuta do presidente. Mas, se foi, há informações para que uma “engenharia reversa” possa descobrir o que o presidente estava interessado em limpar dos registros.
Mesmo que fosse um “aviso” do que estava para acontecer – e é preciso descobrir quem violou a lei informando Bolsonaro – porque o presidente não o mandou por interposta pessoa, e preferiu ligar para quem sabia estar sob investigação?
A única hipótese era Ribeiro perceber que estaria sob seu manto de proteção e que isso era sua melhor chance de escapar de problemas que fossem encontrados.
Não se sabe o que Milton Ribeiro indicava a Bolsonaro nos versículos que lhe mandava.
Jurava fidelidade em troca daquela proteção?
Neste caso, é possível que um deles fosse Filipenses, 4:13: Tudo posso naquele que me fortalece.