O ‘tchuchuco’ que diz não

Rodrigo Maia diz que não é “mulher de malandro” para ficar quieto enquanto fica ” apanhando da base eleitoral do presidente”.

Mas fica, e todos vêem.

Esta história de que apóia a reforma da previdência “pelo bem do Brasil” não convence nem mesmo a velhinha de Taubaté.

Apóia porque aspira ser o “queridinho do mercado” para 2022, algo em que hoje o ex-capitão deixou mais longe, ao dizer que “se a saúde permitir” será candidato à reeleição.

Acha que pode imobilizar Bolsonaro conduzindo a Câmara a não lhe deixar recursos para governar, uma tolice. Bolsonaro não precisa de recursos para fazer o que vem fazendo e isso só vai ajudá-lo no discurso do “quero fazer mas os políticos não deixam”.

Rodrigo Maia já deveria ter percebido isso e provavelmente o percebeu.

Deu uma pista disso ao declarar que ” a data de votação é irrelevante” e o mais importante é conseguir uma economia de R$ 1 trilhão. “Se vai ser votada em junho ou julho não importa. Se conseguir R$ 500 bilhões em junho ou R$ 1 trilhão em agosto, é melhor esperar para votar até agosto”.

Isso quer dizer empurrar a reforma para o ano eleitoral de 2020, o que, é claro, a coloca quase como uma impossibilidade.

Maia é muito novo para conhecer o sucesso mundial do fim dos anos 60 do francês Michel Polnareff, La pupeé qui fait non (A Boneca que diz não), mas desempenha o papel de “tchucuco” responsável, que vai fazendo, dizendo não, o que o “tigrão” quer.

Mas é sestroso e joga com o tempo. E com a provocação. Despertou, com a sua declaração, uma nova temporada de ataques das falanges bolsonaristas.

A votação da PEC da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça está marcada para o dia 17, último dia útil (na Câmara, claro) antes da Semana Santa.

Se isso não acontecer, a aprovação fica para o final do mês e a comissão especial só começa a trabalhar em maio. E a votação, como sugeriu Rodrigo Maia, fica para agosto.

Para usar, de novo, uma referência musical: “pra mim, basta um dia, e eu faço desatar toda a minha agonia”.

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