Os coronazistas

Subimos um degrau a mais na escadaria da morte.

Agora, passaremos a mil mortes por dia, a 15 ou 20 mil casos novos por dia, por enquanto.

Infelizmente, ainda não é o último degrau e hoje, na Globonews, o ex-ministro Luiz Mandetta foi muito claro em dizer que temos, no mínimo, mais dois meses e meio de crescimento destes números, até que cheguemos ao pico.

Se olharmos para trás, para ver quanto cresceu em sete semanas esta epidemia, isso significa até 60 vezes mais casos em relação aos 155 mil que temos e dez vezes mais mortes que as 10,6 mil que são oficialmente reconhecidas.

É claro que não teríamos atravessado uma pandemia sem mortes e sofrimentos, mas é só olhar para nossos vizinhos e ver que isso poderia ser imensamente menor.

Hoje morreu um argentino e um chileno para cada cem brasileiros que perderam a vida. Nenhum paraguaio, nenhum uruguaio.

Todos os charlatães, como o nosso presidente, que falaram de “gripezinha”, do “alguns vão morrer mesmo”, de cloroquinas, desinfetantes, banhos de sol provaram e comprovaram se são, além de imbecis, inimigos da humanidade.

Não podem ser tratados, portanto, como pessoas que merecem trato, respeito e diálogo.

Não, porque são promotores de um morticínio, de uma chacina, de um massacre.

Se não tivermos coragem de dizer ao povo brasileiro, com todas as letras e com toda a indignação que nos provoca o assassinato – e em massa – de seres humanos não seremos mais dignos que os colaboracionistas foram em relação aos nazistas.

Quando isso começou, muita gente bem intencionada achava que era comparável a outras moléstias, que matavam, sim, muitas pessoas.

Não é. E pior, virou aqui, como em nenhuma parte do mundo, uma arma do nazifascismo para acabar de sufocar o que resta da democracia brasileira.

A suástica, aqui, tem a forma agressiva de um vírus.

 

 
 

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4 respostas

  1. Bolsonaro já disse mais de uma vez que 70% da população brasileira será contaminada pelo Covid 19. Segundo um estudo (link abaixo) que reuniu pesquisadores de diversas universidades brasileiras e foi publicado inclusive pelo Wall Street Journal, o país já estava com 1.657.752 infectados em 4 de maio. O número oficial do país nem se aproxima disso. De acordo com o estudo, a taxa de transmissão da doença no Brasil é de 2,81. Isso significa que no Brasil cada infectado transmite o vírus para cerca de outras três pessoas.

    Especialistas estabeleceram que medidas de relaxamento de quarentena devem ser adotadas apenas por países com taxa de transmissão menor do que 1. Fazem parte dessa lista Alemanha, cuja taxa é de 0,8 e Grécia, que tem a menor taxa entre os países analisados, com 0,41. Ou seja, o Brasil está longe disso no momento.

    Segundo o que falou repetidas vezes Bolsonaro, ele acredita que 147 milhões de brasileiros serão infectados pelo coronavirus. Se levarmos em conta esse número, e com a taxa de letalidade que foi calculada para o Brasil em 1,11% pelo referido estudo, teremos ao fim da pandemia cerca de 1milhão e meio de mortos. Números dignos de uma guerra mundial. https://ciis.fmrp.usp.br/covid19-subnotificacao/

  2. O Brasil está doente e o coronavirus, apesar de tudo, ainda é o menor dos nossos males. Apesar da subnotificação e do atual estágio da pandemia no Brasil, pelo menos o coronavirus é percebido por todos como um mal, não há como ser apresentado como um “bem”, mesmo pelos “negacionistas” que não negam a existência do “mal”, apenas entendem que o vírus – como outras muitas coisas no “Brasil” – “não lhes toca” porque acreditam que são “melhores” ou que estão “mais preparados” que os demais “pobres mortais” para enfrentar o mal.

    Essa “ideologia” da meritocracia – mentira ou engano seriam palavras mais precisa para descrevê-la – bem ao estilo da velha e eterna Bruzundanga é a última desculpa esfarrapada para nossa tragédia civilizacional, nossa brutalidade eterna, um auto-engano mal disfarçado em preconceito vulgar e mal embalado em ideologia reciclada do século XIX.

    Essa mentira, esse auto engano é muito mais tóxico e tem feito muito mais mal e estrago do que qualquer vírus, que qualquer epidemia ou endemia que nos acompanham desde muito. Diferente de outros males que possuem causas naturais e inevitáveis, este mal, este veneno, é anti-natural, anti-social e completamente dispensável. Não existe nenhuma justificativa para que essa “substância” (como o amianto ou outra substâncias cancerígenas qualquer) possam continuar a circular entre nós, e já deveriam ter sido excluídas de nosso convívio humano e social.

    Essa “ideologia meritocrática” veio acompanhada e foi precedida de outra doença, o maniqueísmo político. Se na ideologia meritocrática o sujeito se vê de certa forma como intocável, como um super homem, na ideologia do maniqueísmo político se vê em risco ou em perigo constante frente a um “mal absoluto”, que apenas e nada mais são do que adversários políticos ou aqueles que não compartilham de suas opiniões ou convicções políticas. Quando se confunde adversários políticos, opiniões e convicções diferentes como um mal, o adversário acaba sendo transformado em inimigo, e contra um inimigo, contra o mal absoluto, qualquer arma, qualquer coisa vale, e a guerra se desata. Por isso o maniqueísmo político convive muito mal com a Democracia e quando esse “vírus” toma conta de um determinado corpo político a consequência necessária e consequente é sua destruição, a destruição da Democracia e a construção de algo que fica entre uma tirania e uma oligarquia, duas formas de governos corruptos, o primeiro a corrupção da monarquia ou do reinado e o segundo a corrupção de uma aristocracia ou de uma república democrática (que nada mais é do que uma forma mesclada e virtuosa das três formas básicas de governo).

    A coincidência de uma pandemia (um mal natural) com a destruição do corpo político (que não é mais do que uma associação com vistas ao bem comum e ao interesse geral) é uma desgraça que nós como povo, como civilização, não merecemos mas que estamos padecendo. Até este exato instante nossos mecanismos de defesas e nossos anticorpos falharam por completo, caminhamos para uma falência geral dos órgãos e dos sistemas que é com certeza a ante sala da morte final, se não de nós como indivíduos mas certamente de nós como cidadãos, como parte de uma civilização embotada, negada, prometida.

  3. A diferença está nas elites que comandam os países. A nossa é essa lástima vergonhosa que conhecemos de sempre. No nosso vizinho do sul, a Argentina, as elites, esquerda e direita se juntaram num processo de preservação e salvação nacional frete a covid 19 e o resultado está aí, os números não mentem. Baixa taxa de óbitos, respeito à quarentena e isolamento, sem demagogia porca na TV por parte de presidente e líderes de legislativo e judiciário, FA que respeitam a constituição e não se metem em política ( graças ao processo de retorno à democracia na década de 80 sem acordos de anistia falsos e inócuos) e, principalmente, um povo que tem um nível de educação e civismo muito melhor do que o nosso porque as classes políticas do país deram força para a educação e a saúde como direitos primários para cada cidadão, isso ao longo do final do século 19 e século 20. No Brasil as elites sempre direcionaram as políticas públicas para serem continuidade da escravidão, com lampejos de melhoria em Getúlio, JK e Lula/Dilma. O resto foi submissão à Inglaterra ou EUA e tutela militar. Tem conserto?

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