Ontem, aparentando dar-lhe desimportância, o presidente do STF fingiu esquecer o sobrenome do sujeito que, horas antes, havia colocado o Tribunal que preside sob ameaça e dito que espancaria um de seus ministro, perguntou: “Daniel de quê?”
A capa de O Dia, que reproduzo acima, faz pergunta correta: Daniel de Quem?
Pois sujeitos como aquele podem ser, como já disse, encontrados em qualquer broderagem de bombados, mas este foi eleito basicamente, com votos vinculados a policiais – entre os quais, vê-se por sua ficha, era dos piores exemplos – e por muitos que, com ele, sentiram prazer mórbido com o vilipêndio à memória de uma mulher, negra e vereadora, executada friamente por pistoleiros.
Daniel Silveira, com todo seu tamanho de brucutu foi parido do útero do ódio, do policialismo, do “prendo e arrebento” construído por gente de modos muito mais finos e macios, sem a lombrosiana ignorância que o pretenso Hulck exala.
Ele é um representante não só do “tiro , porrada e bomba” da mentalidade policial que se formou neste país – com a ajuda da notória submídia, a do “mundo cão” – mas também dos que, “com a devida vênia” fizeram da política um caso de polícia.
Daniel Silveira, com todo o seu tamanho, é só uma pequena erupção purulenta do que fizeram ao nosso país, depois de quatro décadas, a partir da Anistia, em que nos dedicamos a construir, na política, um convívio civilizado que, aliás, nunca chegou completamente aos mais pobres, para os quais a lei que aplica é a que o brucutu sugeriu.
Admitir que, em nome da democracia e do “direito” de um deputado de, em nome dela, insuflar um golpe institucional que acabe com ela é quase o mesmo que, em nome da liberdade de alguém defender-se, liberem-se, para milicianos ou pré-milicianos, arsenais de guerra para que eles possam render um povo inteiro, que é pacífico e desarmado.
Só não é igual porque isso é pior.