Volta e meia surgem comentaristas dizendo que a “liberdade de expressão” do extremistas deve ser sagrada para a democracia e que, por isso, são injustas as restrições aos promotores de atos golpistas que, quando não parecem armados, falam que vão “matar”, “invadir”, “fechar”, “intervir”, “cassar”, “destituir ” autoridades – goste-se ou não delas – da República.
Pequenas questões, grandemente esclarecedoras: o que diriam, se…
- Lula sugerisse a todos comprar fuzis, porque “povo armado jamais será escravizado”?
- Se Ciro Gomes falasse que “é preciso enquadrar” ministros do STF?
- Se João Dória estivesse estimulando todos a não usarem máscaras, aglomerar e se protegerem da Covid com cloroquina?
- Se Guilherme Boulos convocasse policiais militares para um ato político?
- se um militante do PT gravasse vídeo comunicando que um empresário paga para quem trouxer “a cabeça” do ministro Alexandre de Moraes, “vivo ou morto”?
Ora, é obvio que todos estariam, no mínimo, respondendo a processo judicial e, se estivessem no governo, submetidos a crimes de responsabilidade. Quando não, presos.
As Forças Armadas, claro, estariam falando de “terrorismo”.
Os limites das liberdades na democracia são a própria democracia, O respeito às minorias – inclusive às minoria autoritárias – tem por limite o respeito ao que traduz a própria liberdade.
Não, definitivamente, não se pode admitir que um grupo possa pretender excluir ou reprimir a manifestação eleitoral da coletividade.
Vimos, faz alguns anos, um ex-presidente da República, cercado de adeptos, vítima do que se provou hoje uma perseguição cruel, “driblar” seus apoiadores e sujeitar-se uma prisão injusta, em respeito à ordem jurídica, mesmo por todas as razões inconformado e ofendido.
Como se pode dizer de alguém que age assim ser um risco à democracia e tolerar quem incita à desobediência e às soluções de força – inclusive militar – para recusar uma eleição democrática?
Por isso, o pessoal que vai de borzeguins ao leito do estado de Direito, não se esqueça que liberdade para os liberticidas é morte da liberdade.
Como se recorda, frequentemente, na internet, o “direito” de louvar a ditadura, endeusar torturadores e assassinos, naquela maldita sessão do impeachment, mudou a história do Brasil e nos faz temer, 33 anos depois da promulgação da Constituição Cidadã, que se regrida aos tempos de uma ditadura.