O massacre de Paraisópolis – já a ninguém estranha falar-se assim – não vai ser assunto sepultado junto com os oito rapazes e a moça mortos na brutal ação da PM na madrugada de domingo.
Por mais que se despeje por sobre o caso camadas de silêncio e hipocrisia, está evidente que há mais ali que uma ação desastrada das forças policiais.
Tal como no caso da menina Ágatha Félix, no Rio, o pacto corporativo policial de encobrimento não será suficiente, ao que tudo indica, para manter a versão – gasta de tão usada – de que tudo foi apenas a reação a marginais que passavam numa motocicleta.
É evidente que não são soldados ou cabos da PM os responsáveis por um processo cujas responsabilidade ultrapassam as próprias forças policiais e alcançam Governo, Justiça e mídia.
O retrocesso, patrocinado por todos eles, aos conceitos da República Velha – “a questão social é um caso de polícia”, dizia a frase atribuída Washington Luís – faz parte de um caldo de cultura política que atribui à repressão policial-judicial o condão de resolver os problemas nacionais que, por sua vez, seriam o tráfico, o crime e a corrupção.
Os meninos e a menina mortos em Paraisópolis são uma metáfora cada vez mais entendida do que esta visão reserva ao povão: contente-se em não existir.
Tratam-no como estorvo, problema, incômodo.
Mas ele, teimosamente, existe.
Há meio século, Milton Nascimento e Ronaldo Bastos escreveram os versos de “Menino”: quem cala sobre teu corpo/consente na tua morte”.
É preciso a coragem consciente de não temer os imbecis que comemoraram massacres como imposição da ordem e mortes como defesa da vida.
6 respostas
Eles colicam um pm da seçao resevada q usa jeans camiseta ou regata bermuda barbudo cabeludo e ate tatuado p ficar entre eles. Insufla ou so observa. Inventa q foi roubado moto celular ou carteira e chama a policia p encurralar os jovens.
É assim o ciclo da perversidade social nestes tristes trópicos. Doria começou por massacrar os jovens do crack, agora passa a matar no atacado e impunemente (ou alguém acha que haverá condenações?) os pobres jovens periféricos. Na mira, qualquer grupo que for considerado “de comportamento abusivo”, até tornar normal aos olhos da população a morte e os espancamentos contra jovens em geral. Menos os ricos, é claro, porque esses são os filhos diletos do golpe de 2016.
Como diz a matéria, ainda bem que já a ninguém estranha falar-se em “massacre de Paraisópolis” o que aconteceu no domingo sangrento domingo de 01/12/2019.
Pena que ninguém fala que o “massacre de Paraisópolis” foi o resultado do ATENTADO TERRORISTA DE PARAISÓPOLIS, que ceifou nove vidas em plena juventude, mas que poderia ter ceifado centenas delas.
Ao não dar o nome certo a uma ação de extremistas de direita – que existem aos magotes nas forças policiais,militares e milicianas -, os progressistas fazem papel do republicanismo trouxa, mesmo sabendo que basta apenas um ato violento em resposta cometida por uma pessoa pobre ou alguém de esquerda, revoltados com tamanha iniquidade, para a direita e os meios de comunicação de imediato tacharem toda a esquerda de terrorista, de cometerem atentados terroristas, Ou será que os progressistas acham que falam em AI-5 à toa?
Covardes de farda. Marginais fardados.
A visita de um conselheiro político da Embaixada dos Estados Unidos ao TRF 4 parece responder a uma demanda do Departamento de Estado no sentido de entender melhor o funcionamento atual do judiciário brasileiro. Afinal, a Lavajato não era tão poderosa e de repente se tornou um completo fracasso? Como foi que descobriram tão completamente suas artimanhas que eram para permanecer ocultas. ou nem sequer existirem? Sem dúvida as autoridades de política exterior dos EUA estão decepcionadas com a atuação dos procuradores brasileiros e também de alguns juízes. Então, inventaram coisas frágeis e facilmente desmascaráveis para prender o grande Lula? Com certeza os gringos pensavam que procuradores e juízes da Lavajato estavam perfeitamente assegurados por um comportamento que jamais seria questionado publicamente, como aconteceu tão abertamente depois das revelações do site Intercept. É muito provável que servidores como o Dallagnol, vendo-se ameaçados pela descoberta pública de seu comportamento ilegal, tenham enviado muitos pedidos de socorro aos seus antigos parceiros estadunidenses, e esta visita de um sub-do-sub talvez seja uma pequena resposta a suas súplicas, além de produzir um relatório que a Embaiixada envie às autoridades competentes, para tornar um pouco mais inteligível a eles as ações desta indecifrável e decadente Lavajato, que afinal contaram com substancial ajuda estadunidense. .
Um dia haverá reação.