A pauta econômica do governo acabou. É só “inteverveleição”

tanquearoeira

O que se escreveu ontem à noite, aqui, ao se  afirmar que as “15 propostas” apresentadas num quase “papel de pão” pelo Governo para compensar a morte e o enterro da reforma previdenciária não passavam de uma simulação mal rabiscada, é tão evidente que até Miriam Leitão teve de  resmungar que não passam disso, uma “lista de factóides”.

Foi constrangedor ver o anúncio de ontem das 15 medidas “prioritárias”. Os ministros e líderes do governo demonstravam claramente que estavam improvisando. Tudo estava errado naquela mesa, a começar da sua composição. Se havia um lado que se salvava neste governo era a área econômica, mas, quando ela se mistura com figuras controversas da política, a fronteira se desfaz.
A lista “prioritária” de medidas foi divulgada pelo Planalto, e não pelos ministérios econômicos. E isso tem significado. É uma lista de factoides para parecer que o governo tem uma agenda. Há itens que não representam coisa alguma, outros que sempre aparecem quando o governo quer mostrar atividade, e por fim há uma cereja do bolo para agradar o mercado, que é a autonomia do Banco Central.

Coitada, um dia ela pensou que este governo tivesse mesmo uma pauta econômica que sobrepujasse a politicalha.

Está mais que claro que, agora, o Governo Temer dedicar-se-á apenas à eleição, contando com o que imagina serem os cabos eleitorais que vão gerir o país e a percepção pública sobre seu governo: na economia, o mercado; na política, os militares, aceitando o tosco comando da dupla Raul Jungmann-Moreira Franco, em nome de voltarem a ser os “salvadores da pátria” perante a população. Embora, registre-se, com lúcidas mas impotentes resistências de quem não quer a instituição lançada numa aventura. Mas militar é – e deve ser – comando e missão, portanto…

A pedra que Temer ainda não moveu, mas está evidente que, como num jogo de xadrez, prepara o “roque” – quando rei e torre trocam de posição no tabuleiro – é ele próprio, mas se prepara para fazê-lo. Usará todas as peças, as próprias e as outras “candidaturas” (Henrique Meirelles e Rodrigo Maia merecem este nome sem aspas?), inclusive e sobretudo as paulistas, para, em movimentos rápidos, sair do corner onde estava até o carnaval e passar a ser o reitor – talvez mesmo o protagonista – do tabuleiro de onde pensa ter alijado o oponente Lula.

Falta, porém, como dizia Garrincha, ‘combinar com os russos’.

Na economia, o mar externo encapelou-se e os sinais de que os peixes verdes do dólar começam um movimento migratório para o Atlântico Norte são expressivos, com a contínua elevação – por enquanto no mercado livre – das expectativas de alta na taxa dos juros norte-americanos. Não há uma força inercial de retomada da economia que possa resistir a chacoalhares externos que parecem a cada dia mais próximos.

Na política pública, que passa a ser só uma – a de segurança, exercida pelos militares – o início é sempre como começam estas operações: um mar de rosas pintalgadas de verde e marrom, com a presença das tropas tomando o sentido de “agora sim, estamos seguros” até que a realidade,  mais forte que a casquinha do desfile de tropas comece a vazar entre as fileiras militares. Desta vez, porém, parece haver um apetite maior – e resistência menor, de um Judiciário “avacalhado”- por concessões autoritárias na legislação, como a dos mandados de busca indiscriminados e com os pedidos por “excludentes de ilicitude” – tradução: licença para matar- reivindicado para as forças de segurança.

Mas estas duas máquinas só vagamente dependem da (falta de) autoridade do governo Temer. Funcionam meio que “por conta própria”, agora. A que funcionará sob o comando de Temer é uma só e só a que a ele importa: a continuidade – direta ou indireta – de poder. Lembrem-se que sua nau é o PMDB que, mesmo sem o “P”. é uma barcaça de remendos que sobrevive há três décadas, mesmo que agora só com fantasmas e vampiros em sua ponte de comando.

 

contrib1

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24 respostas

  1. Prezado Brito,

    Me permita uma sugestão de pauta de artigo, falar do Aetico x Intervenção Militar no Rio de Janeiro, afinal ele mesmo como governador de Minas era mais conhecido como Menino do Rio, e não podemos esquecer que em grande parte tudo está acontecendo tem parcela importante dessa figura repugnante, nas palavras dele tudo foi feito só para aperrear o PT.

    1. Ninguém votou em temer, pois o nome dele não parecia na urna; esse canalha foi o vice imposto pelo PMDB, em troca de tempo de TV e algum apoio no CN.

      1. O nome do vice aparece na urna e é importante porque ele substitui o titular em caso de vacância temporária ou definitiva.

        1. Isso nada tem a ver com minha afirmação. Ninguém votou em temer; se ele encabeçasse a chapa, ela sairia perdedora; nem para deputado federal o cara conseguiu votos; em dois dos mandatos, só assumiu porque era suplente do titular que se afastou.

    2. Esta conversa já não cola mais. Ninguém vota em vice, assim como ninguém escolhe a própria sogra.

  2. Brito, intervenção militar para combater crime organizado do tráfico, fortemente armado, tem que ter parâmetro de guerra. Soldado não tem suspeito, soldado tem alvo. E um membro de quadrilha de traficantes, andando armado no meio da rua, passa a ser um alvo. Este não vai se render, vai matar tantos quanto for possível. Não vejo outra reação do soldado que não seja a de atirar para matar. É duro, mas a realidade é essa. O que faltou até agora foram serviços de inteligência da polícia do Rio. Mas mesmo essa operação radical será inócua. O que precisamos saber (nós não, a polícia) é como essa droga sobe o morro. Até as pedras sabem que o traficante do morro equivale ao peão no jogo de xadrez. Mas quem são os bispos, os cavalos, as torres, o rei e, principalmente, a RAINHA, a peça mais poderosa deste tabuleiro? Como as drogas e as armas entram no Brasil? Essa “RAINHA” não mora na favela. A realeza tem iates, aviões, helicópteros, fazendas e, o pior de tudo, deve ter muito poder para passar incólume por tudo isso. O soldado, agora, tem um alvo. Mas vai atirar em camundongos e não vai ver a manada de elefantes passar.

  3. A licença para matar, mencionada no penúltimo parágrafo, assim como a blindagem contra investigações que venham a apurar os abusos, torturas e crimes que venham a ser cometidos pelos galinhas-verdes do exército, foram solicitadas formalmente pelo Comandante da FFAA terrestre, General Eduardo Villas Boas. Embora feita e modo mais “elegante”, tem o mesmo teor das verborragias bolsonarianas e hamiltomoranianas. Quem está no comando, de fato, do exército não é o Comandante formal dessa FFAA, mas o canalha entreguista sérgio etchegoyen, irmão siamês e protetor/escudo do traidor-golpista-usurpador-corrupto profissional-chefe de quadrilha, michel temer. A doença degenerativa que acomete Eduardo Villas Boas – embora tenha sido usada pela imprensa canalha e golpista, esta sob a coordenação de sérgio etchegoyen, para enfraquecer o comandante formal da FFAA terrestre – pode ser a válvula de escape e uma espécie de “saída honrosa” para o Comandante formal do exército, que mesmo antes da doença já era uma espécie de ‘rainha da Inglaterra, de fardas’.

    1. Quem é o criador do neologismo “interveleição”? Se for FB, trate de registrá-lo, pois não faltarão reinaldos azevedos e quejandos para querer dele se apropriar.

  4. Como disse a professora Jaqueline Muniz: mais do mesmo, Síndrome do cabrito, operação “espanta-barata”. Estamos na esperança “Lula” e que será um proscrito, em breve. Mas com um bom cabedal político-eleitoral. Duas coisas nos salvarão: as ruas e Lula, preso ou não.

    1. Arnestinha Pederasta Passiva Louca

      Começou a jorrar merda da cabecinha de pitu.
      Por que você só escreve merda ?
      Você é uma cadelinha de merda que só sabe escrever se o assunto for PT, Lula e Dilma.
      Otária !
      Xibunguinha !

  5. O quanto ninguém sabe, mas é evidente que a intervenção vai aumentar a segurança. E é isso o que o povo precisa depois de tantos anos de descaso. Tanto que ontem a medida foi aprovada por mais de 80% dos deputados, uma daquelas maiorias avassaladoras que só se consegue em casos como o último impeachment, quando não há dúvida legal alguma e os parlamentares sabem que estão de acordo com o desejo da imensa maioria da população. Na contramão do anseio popular, quem votou integralmente contra a intervenção foi o PT e a sua linha auxiliar, PSOL e PCdoB.

    1. Arnestinha Pederasta Passiva Louca

      Começou a jorrar merda da cabecinha de pitu.
      Por que você só escreve merda ?
      Você é uma cadelinha de merda que só sabe escrever se o assunto for PT, Lula e Dilma.
      Otária !
      Xibunguinha !

    2. Uma determinada hora o cara fala contra todo o sistema que não seja a lava jato – Procurador Geral da República, Ministros dos Tribunais superiores e, por derradeiro e evidente, os políticos -, em outro momento recobra a fé no sistema e passa e acredita que agem em nome do que o “povo precisa”. Mente de coxinha é uma montanha russa em um parquinho de diversões mesmo. Já tô até sabendo, já tá querendo votar no Michel, né? E o Bolsonaro? Tu flutua mais que merda na água, parece até o FHC

      1. O objetivo é apenas mendigar atenção dos comentaristas para tentar iniciar alguma discussão inútil.
        Não existe nenhum tipo de coerência ou inteligência nesses comentários. Cada hora fala uma coisa, mente, difama… ao ser desmascarado arruma outra asneira para se agarrar.
        É uma mistura de carência e desespero.
        No momento está mais contido devido ás ameaças de ser expulso. Daqui a menos de uma semana já voltará a fazer aqui o que sempre fez.

      2. Não é questão de fé ou falta dela, mas de analisar a situação com independência, criticando ou elogiando quando este for o caso. E as coisas mudam, o mundo é assim. Se eu defendesse um político e depois descobrisse que ele é um bandido e o visse ser condenado, o largaria de mão. Muito diferente é o militante tacanho, sem capacidade de pensar por si mesmo, que continuaria a defender o canalha na mesma situação. Este não flutua, sempre segue a vontade de quem o comanda.

  6. A intervenção no Rio em nada difere daqueles miraculosos planos econômicos que prometiam consertar os graves problemas econômicos do país por decreto e da noite para o dia. É o exército que vai sair desta aventura eleitoreira desmoralizado, porque o “governo” já tem mais nenhuma moral ou respeito junto à população. Uma coisa foi o regime militar de 1964 que contou com bons ventos internacionais a ponto de iludir o povo com o “milagre brasileiro”; uma coisa é ter cérebros como os de Golbery e Geisel no comando, outra é ter os cérebros de hoje no comando. E quando fracassar mais esta aventura, o que virá?

  7. os golistas estão queimando os últimos cartuchos, agora podemos inclusive dizer que literalmente.
    tic tac tic tac
    parece que algum jenio se decantou mesmo pela opção mais grotesca
    tic tac tic tac
    é o desespero governando o golpe
    tic tac tic tac
    como sempre os golpistas mandam “as favas qualquer tipo de escrúpulo”
    tic tac tic tac
    do lado de cá temos que seguir o conselho de Walter Franco: a mente quieta, a espinha reta e o coração tranquilo
    tic tac tic tac
    Vivo ou morto, preso ou solto, candidato ou não….de um lado a maioria democrática e nossos candidatos, de outro, as oligarquias tirânicas e a minoria antidemocrática que os apoiam.

  8. a pauta econômica é do Mercado, primeiro promotor e beneficiário do Golpe. O governo só tenta levar a agenda e garantir sua rede de proteção graças a esse serviço que presta ao mercado.

  9. O duelo final e mortal se dará entre o que indica e o que se auto-indica à presidência. Mas não é entre Lula e Temer ou entre Temer e Bolsonaro. O duelo será entre o medíocre vampirão e o farsante FHC. Que falta de energia para tanta carne podre. E o pobre Brasil…

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