PGR “desconvida” chefe da Siemens para aula de ética. E apela para “empresas santas”

O sub-Procurador Geral da República Antônio Fonseca cancelou a palestra sobre “ética empresarial e compliance” que o presidente da Siemens, o engenheiro Paulo Stark, iria fazer aos promotores federiais na sexta-feira, diz o Estadão.

Menos mal, porque era mesmo uma vergonha o presidente de uma das empresas com maior histórico de corrupção mundo afora fosse dar lições de bom-mocismo aos nossos “fiscais da lei”, justo no momento em que a empresa está no centro de um imenso escândalo com os tucanos de São Paulo.

Mas o Dr. Fonseca, ao cancelar a palestra, divulgou um nota onde revela uma ingenuidade que tornaria alguém incapaz até de investigar quem devorou a avó da Chapeuzinho Vermelho.

Diz ele:

“Comprometido com a promoção das boas práticas, o coordenador da 3.ª Câmara (ele, Dr. Fonseca) está convencido de que, para resolver os problemas de propina e corrupção, precisamos que 100 grandes empresas delatem as mazelas da economia brasileira. Nesse sentido, a Siemens pode ser considerada um exemplo que deve ser seguido. Delatar não santifica o delator, mas salva o Brasil”

Pirou, Dr. Fonseca?

O senhor acha que vão aparecer 100 engravatados, fazendo fila aí na PGR, para dizer: “ai, doutor, eu subornei o governador tal, paguei uma propina pro secretário, embolsei três deputados….mas estou tão arrependido…”?

Por que, em vez de esperar essa súbita conversão dos executivos que ganham bilhões com essas maracutaias, o senhor não chama dois colegas seus, corajosos, para saber o que se passou com o roubo do processo de R$ 615 milhões da Globo na Receita?

Ou o senhor vai esperar que, além daquele editorial do “mea culpa” fajuto, os irmãos Marinho vão entregar a fortuna que o golpe lhes deu para obras de caridade?