Na véspera da eleição de 1989, quando a juventude ainda me permitia entrar num bar após um dia inteiro de trabalho, encontrei uma mesa de amigos jornalistas, petistas, e tivemos todas as provocações que se possa imaginar sobre quem passaria ao segundo turno para enfrentar Collor.
A certa altura, peguei a mão de um dos mais fortemente petistas, meu amigo Fernando Paulino, e lhe disse: “sabe qual é a diferença entre nós? É que metade do PT não irá com Brizola, se ele passar ao segundo turno e a metade que virá, virá rebolando, de salto alto.” E apertei-lhe a mão, prossegui: agora se o Lula passar, nós vamos segurar na mão dele nem que seja para irmos juntos para o inferno”.
Os fatos mostraram que foi assim e Brizola nunca faltou a Lula no momentos dos embates eleitorais decisivos. E, 2002, inclusive, isto foi causa de uma incompreensão amarga com Ciro Gomes, ao final do primeiro turno.
O PT, quase todo, não compreendeu o trabalhismo para além do discurso de turma do pré-vestibular, com aquela história de “Carta del Lavoro”.
A História, a porretadas práticas, abriu a cabeça de alguns, melhor assim. Aprenderam que a política se faz tanto com intenções quanto com concessões. Com muitos erros no varejo e um grande acerto no atacado do processo histórico.
E tudo o que criticavam no velho Getúlio se desfez na imensa vontade que têm agora, de cantar para Lula a marchinha do Francisco Alves: “Bota o retrato do velho outra vez/ Bota no mesmo lugar/ O sorriso do velhinho faz a gente se animar” (Aliás, a patrulha era tanta que só transcreviam uma das estrofes, que dizia “trabalhar”, em lugar de “se animar”.)
Podemos e devemos discutir erros do PT, a sua natureza essencialmente udenista – que como todo udenismo se acaba como Greta Garbo no Irajá – mas não podemos deixar de ver que foi com Lula que, pela primeira vez em décadas – talvez com um pequeno momento de intervalo, na campanha das Diretas-já, que convenientemente se abortou por uma solução pessedista, com Tancredo – o povo brasileiro se viu como coletividade e ao país como uma esperança.
Igualmente, também não fecho os olhos à natureza do PT – não a de Lula – de expressão da classe média à qual o movimento social, mais pela figura de seu líder operário, aderiu. Isso não é, em si, nem mau nem desinteressante, porque a esquerda no Brasil sempre teve – ainda bem! – uma adesão da classe média e dos intelectuais à imensa massa popular, expressa em seus escritores, seus músicos, seus poetas, que maravilha!
Virou moda, agora, descer a lenha no PT, inclusive por parte de gente que, com ele, viveu sua experiência de ser governo.
O PT merece, claro, boas pauladas ideológicas, a começar por sua “vocação civilizatória” neobandeirante, que crê (ou cria) que iria “civilizar” o Brasil com sua “modernidade inclusiva”.
Mas não vou fazer coro com a direita, no momento de dificuldades do partido, que não sabe para onde se volta e nem sabe o que vai fazer.
Se eu tivesse de dizer algo ao PT, diria: “beba história”.
É amargo, dói na garganta, nos deixa, paradoxalmente, sóbrios para agir com lucidez e loucos para sonhar .
E, como há 26 anos, há gente que vai segurar firme a mão de quem fizer isso e ficar firme.
Para desespero dos petistas “neoliberais”, dizer que é preciso recolocar uma referência aos olhos do povo brasileiro.
O que está em jogo é ele mesmo: o retrato do velho, outra vez.
É o que querem destruir.
É o que temos de defender.
46 respostas
Fernando, você nos dá uma aula e ainda nos faz nos sentirmos bem.
Fernando: você sabe que Lula não pode contar com a “esquerda” nacional. Nem a do seu partido. Aliás, ainda vale o adágio que — no Brasil e esquerda só se reúne na cadeia! Agora, que seu artigo está porreta, assino em baixo.
O PT tem contradições, sempre foi assim, apenas que na atual conjuntura ele é bombardeado diuturnamente. Algumas críticas devem ser feitas, pois um partido que fica no poder por esse tempo fica enferrujado em sua autocrítica. O PT foi para os gabinetes(do executivo e do legislativo), se viciou em rotinas parlamentares e administrativas. Mas isso é compreensivo, pois quem iria tratar das questões? O mais grave é ficar nesse ambiente, é se distanciar do pão com mortadela dos trabalhadores; do cheiro do povo; da mística do povo mais simples; de energia, de sua criatividade. O PT precisa se reencontrar também com os intelectuais, ajudar o Partido a pensar. Desacelerar a ansiedade pragmática de tocar a máquina. É preciso repensar projetos, discutir ideologicamente, fazer funcionar novamente por todos os Diretórios a secretaria de formação do partido, disseminar uma pedagogia partidária libertadora, crítica, de conteúdo teórico e empírico para evitar que o beneficiado pelo PROUNI, o SEM FRONTEIRAS, o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, vá pra rua segurar um cartaz Fora Dilma; é preciso desmestificar o pragmatismo, a política de resultados estilo SEBRAE. Tem que se reconciliar com os movimentos sociais. Agora, uma coisa que o PT causa raiva nessas elites é a autoestima, esse estilo “marrento”, esse: vai encarar? Disso precisamos recuperar. Vamos dar tempo ao tempo.
Minha opinião é que por fim o PT sempre esteve repleto de oportunistas e covardes. Eu continuo sem entender a pusilanimidade de Dilma e do Lula em seus governos. Seja com relação à mídia, seja com relação ao pacto com o neoliberalismo. Não quer dizer que eu esperasse uma ruptura, mas ajustes e restrições, sim. Se Brizola exagerou ou não com sua alcunha ao Lula eu não sei os motivos. Mas é fato que estava muito mais certo do que errado em suas premissas. Teremos que conviver com esta enorme e estridente interrogação com relação ao velho Brizola, pois não permitimos que ele fosse alçado à presidência. Falo por mim, que escolhi Lula ao invés de Brizola e Darcy. Que péssima escolha eu fiz…
experimenta trocar, talvez,a’pusilanimidade’ por viabilidade, ajustabilidade de calendario, conversabilidade, trampolinidade,politicidde.. nao sei.
e se digo nao sei, nao sei mesmo.
Fernando Brito me representa. Não é todo blogueiro que consegue colocar no papel e na rede a tese, a antítese e a síntese que admiro, com um talento e uma arte que me faltam.
Já que estamos tratando, um pouco, de reminiscências, naquela eleição fiz campanha entre amigos, colegas e conhecidos e votei em Brizola no Primeiro Turno. Tinha certeza de que aquela súbita simpatia e participação na campanha de Lula, por parte de atores globais, tinha a intensão dissimulada de tirar Brizola do Segundo Turno (quando a meu ver seria invencível), porque Lula era mais fácil de eles derrotarem. Confirmou-se o que eu pensava. Elegemos Lula em 2002 e os fatos me levaram a ser lulista (para mim, junto a Getúlio e Juscelino, ele é um três dos melhores presidentes deste país). No PT, simpatizo com as ideias do seu programa mas decepciona a prática. Infelizmente, a maioria dos seus dirigentes e pessoas de destaque são de São Paulo e nem conseguem dissimular que o seu grande sonho é de serem aceitos pela “casa grande”. Ou mudam ou o partido fenece.
Comentários bem interessantes, mas destaco os de Antonio Victor e José Mendes.
Victor sempre muito lúcido, gosto muito e Mendes faz colocações bem interessantes, inclusive sobre a questão do sapo barbudo.
O texto de Fernando Brito enriquece mais ainda a discussão, pela sua honestidade intelectual e força de sempre.
Tudo isso reflete o que somos hoje, mais conscientes e amadurecidos para entendermos que somos uma coisa só, independente de Dilma e talvez mesmo de Lula.
Não lutamos mais só por nomes.
Lutamos por um projeto de governo, que com erros e acertos já mostrou que é o que temos de melhor, ainda que não seja o dos nossos sonhos.
Fernando, na RMSP o PT nunca foi de classe média, não. Ela aparecia bastante, mas o grosso da votação sempre foi na periferia. Ainda hoje é assim. Acredite, o PT, como a Petrobrás, tem reservas e potenciais enormes, embora má administrados e com os sabotadores internos e alguns malandros. Mas se a direção não ficar colocando obstáculos os petistas levantam o PT e ele continuará firme e forte na luta, mesmo que perca eleições.
será um partido melhor, pois mais humilde e aberto.
viva o socialismo!
Minhas esperanças em relação ao PT estão renovadas. Li o manifesto do partido sobre os novos rumos e gostei muito. Sou petista e tenho batido muito no meu partido pela ausência de uma participação mais atuante no cenário político e, particularmente, no apoio ao governo Dilma. A carta-manifesto do PT encheu-me de esperança. E não sou ingênuo, como alguns possam imaginar, nesta altura da minha vida aos 70 anos de idade. A carta-manifesto encheu-me de esperança. Esperança do retorno ao que era, na defesa de um projeto democrático, popular e socialista.
Enquanto o partido escreve manifesto, o Levy vai aprofundando o neoliberalismo a economia… Projeto socialista? Desculpa, não dá pra engolir…
Adoro pessoas cujo raciocínio é do mundo real!….Parabéns pelo texto!,,,
Veja meus caros amigos, se o Brizola estive vivo, o que ele diria em ver a Dilma como presidente, pelo que me consta ela saiu do quadro do PDT, observe que LULA poderia ter buscado qualquer um dentro do seu partido, mas foi buscar uma brizolista, talvez seja esta a sua homenagem a Brizola.
A grande contribuição do PT ao país foi exatamente ser um partido amado e odiado, algo que não vivemos na história com a intensidade que o partido vive – hoje mais ódio que amor, mas ainda assim uma contribuição importante para a democracia e o entendimento da sua organização.
Hoje quem quer fazer sucesso, basta criticar o partido, sem nenhum tipo de coerência muitas vezes, dando chances a oportunistas que nada têm a contribuir.
O erro do partido – culpa dos paulistas – foi tentar copiar o PSDB, que é um partido agua com açúcar. Nisso o Partido dos Trabalhadores perdeu identidade, deixou de fazer política com paixão.
Perdeu capacidade de mobilização.
E muitos têm dito que o partido do ex-presidente Lula está acabado, o que é um exagero, até pelo seu tamanho, sua importância no cenário nacional.
Não restam dúvidas que está fragilizado, mas é o único partido no Brasil que desperta sentimentos, os bons e os ruins.
Mesmo na internet é curioso isso. Se fizermos uma rápida pesquisa com a sigla PSDB aparecem pouco mais de 62 milhões de citações; se a mesma pesquisa for feita com a sigla PT, aparecem mais de 2 bilhões de citações.
Se o partido conseguir aproveitar todo esse interesse, explicar o que quer de verdade, estabelecer uma comunicação eficiente, pode tirar proveito mesmo das grandes dificuldades atuais.
É isso mesmo, Brito. Fui brizolista, não sou filiada ao PT, mas sou lulista e dilmista e o que não me conformo é ver petistas descendo a marreta na Dilma. Nesta hora difícil que o país está atravesando, no lugar de cerrar filieras em torno da Dilma esses insensatos fazem tudo o que essa direita sem rumo quer, desancar e enfraquecer a Dilma. Vão ser burros lá no PT!
Os argumentos principais do texto não estão lastreados na relação entre brizolismo versus lulismo, mas nos dois parágrafos finais, “É o que querem destruir”/”É o que temos que defender”.É, pois, o velho Brasil excluído no espelho da História, empurrado na atualidade para o espelho inverso revertido dos media e muito especialmente do Ministério Público, esse retrovisor velhamente novo do público empurrado para o lixo dos tempos. È aí que a opção é evidente: o futuro espelho ou o espelho futuro do que temos que defender: as conquistas nacionais e internacionais implicadas com um mundo multipolar: o único que pode “salvar” o PT, o Brasil, a América Latina, os povos, porque é igualmente o único a partir do qual, no contexto apresentado de guerra sem trégua dos Estados Unidos contra o mundo inteiro, alternativas verdadeiramente socialistas podem emergir.
Duas coisas me parecem pertinentes à discussão: o apoio político não impede a crítica e; ainda que o PT não se resume a Lula, parece impossível dissociar um do outro.
Ninguém está defendendo que se faça críticas construtivas à Dilma, porém, ESTE NÃO É O MOMENTO,é hora de juntar esforços em torno dela pois a direita está para dar um golpe. É hora de ter sensibilidade para observar o momento por que estamos passando. Depois é tarde.
Também acho, óbvio, contra o golpe, apostos todos que não querem que o Brasil volte a ser governado pela direita. Nesta hora não se discute muito porque chegou a esse ponto. Mas devemos ter cuidado, o discurso da reprodução no poder, por ele mesmo, não avança e não constrói, e não é bom à politização dessa juventude que desconhece o que foi a Ditadura e que o governo FHC foi um retrocesso, e hoje, na internet, é informada pela Globo e pelos “coxinhas” que se explicitam de forma fascista, e desinformam a população. O exemplo claro disso é a qualidade do Congresso que elegemos na última eleição. Olha bem a dificuldade da presidenta para montar um ministério que viabilize o seu governo. Até onde é possível avançar? Todo governo, presume-se, tem a prerrogativa de contribuir decisivamente para a formação de uma sociedade melhor. É isso que está acontecendo? E, claro, os que concorreram com Dilma são, simplesmente, inaceitáveis.
Ok, não é hora de jogar lenha nessa fogueira. Mas PT e forças de esquerda têm o dever – o dever – de evitar o retrocesso. As conquistas que ajudaram a implementar no país são sua responsabilidade. As esperanças em parte correspondidas são sua responsabilidade. Deixar esse barco afundar, é cometer um crime contra o povo brasileiro. Não vamos culpar a direita, a imprensa golpista, os latifundiários, o diabo. Eles sempre existiram, nunca omitiram suas armas e suas intenções. É inacreditável que depois de tantas lutas, a esquerda não tenha aprendido nada e continue tão dividida. Desculpem o desabafo.
Viviane, muito grato pelo seu desabafo, que e’ tambem o meu.
Pois sr.Britto,de novo gostei do que escreeu.Me arrisco contudo,dar uns PITACOS,afinal,pitaco não faz mal aos de cérebros.Somente aos moucos,de ouvidos e tal,fazem alguma mossa.Eu também,ja meio usado,e originário de família Pequeno-burguesa,outrora rica,e guardiã portanto,do puxa-saquismo característico,lamentanto o passado,me vi integrando essa tal sub-classe social,que muitos chamam por preconceito anti socialista,de Classe Média.Só se for pela mediocridade extratégica que possui,pois não chegarão na história,onde estavam outrora.Acho que o PT,ainda não conseguiu como partido pequeno-burgues,discernir o ” Populismo “como mote de sua existência.A confusão se dá em face de muitos deles serem ainda liderados por um operário,que em l979,ja advertia seus seguidores,não ser simpatizante do socialismo,e portanto estava desde então,limitado a sua visão reformista do mundo em que vivemos.Comparado ao Dr.Getúlio,latifundiário histórico,não se poderia esperar mais,do que o mesmo que se esperava de Perón e todos aqueles ditos Populistas de então,que brandiam a Carta del Lavoro,como o mais adiantado da época.Hoje,ainda que teses Trabalhistas prosperem por algum tempo,se esgotam quanto se trata do Poder.O limite dessas teses ideológicas,esbarram sempre,no velho,sábio e poderoso PODER,que para uma grande maioria se limitam as experiencias francesas,espanholas,inglesas e afins,e que redundam sempre,em guardiões do Capitalismo e a sociedade de classes.Advogam esses,um capitalismo humanista,esquecendo-se sempre,do dinheiro a juros,que derruba ná prática,estas teses.Então sr.Britto,ficam perdidos e mal dizendo o mundo em que vivem.Quando descobrirem que o ADVERSÁRIO dos nossos dias,são OS ABUTRES AGIOTAS,não sei para onde vão,mas e quase certo que pequenos-burgueses que são,vão tentar inventar novas ideologias para sanar seus males.Infelismente,não passarão…
Ocorre que o PT precisa parar de buscar soluções do outro lado do espectro. O que adianta falar em ajuste fiscal para o futuro se no presente não passa de receita da direita? Ora, resolvam os problemas com receitas da esquerda! Simples! Sinceramente não cola esse papinho de futurologia. Ou adota máximas da esquerda ou que se afunde abraçado ao PMDB.
InfeliZmente com letra Z.De Zebra!Burro nunca esquece as orelhas!
O inimigo maior do PT é a direita e os ex-petistas frustrados, como a Marta, Marina, Heloísa Helena e Cristovam Buarque.
Gostei muito desse texto. Fez a gente recordar de onde estávamos em 1989. Fiquei com Lula naquela época, mesmo respeitando Brizola como sempre respeitei. E, quando morava no RJ, votei nele para governador. Não sou filiada em Partidos, sempre pensei que seria difícil conviver com tantas dissidências dentro de uma agremiação. E assim manteria minha independência para ir em frente caso não acreditasse mais. Mas estou com o PT e parece que vou até o inferno agora com ele, do modo que você disse. Também não me lembro de discussões acirradas com pedetistas porque achava que ele era muito melhor aliado, pela confiança que inspirava, apesar de suas ácidas críticas (muitas e muitas verdadeiras) e escutava críticas ao Brizola com a tolerância que escuto hoje as críticas a Dilma e ao Lula. Até um certo ponto. Também me assustava o ódio que as pessoas tinham pelo Brizola. Nada disso é novo para minha e para a sua geração, uma década depois da minha. O que assusta hoje é a falta de credibilidade de tantas instituições. Que partido vai sobrar se o PT se apagar? Que instituição estará de pé depois dessa virulência descarada que assolou o país?
E’ um privilegio e uma honra poder acompanhar as reflexoes do Fernando Brito sobre o momento nacional, do alto de sua longa experiencia com o Brizola e Darcy. Perspectiva historica, e’ que faltava ao PT e falta a tanta gente, hoje, que vive deitando falacao sobre o Brasil sem ter a minima nocao do que veio antes e que atua como um condicionamento para o futuro.
Nunca fui petista de carteirinha, mas sempre o apoiei porque via nele a continuacao do projeto Getulista de emancipacao do povo brasileiro – indo mais alem – num contexto diferente. O problema e’ que o petismo saiu de uma posicao altamente ideologica (que o levava a subvalorizar a importancia de Getulio e Brizola) para uma de pragmatismo quase que vulgar, quando se viu diante da responsabilidade de governar o Brasil.
Por falar em “traição”, cadê aquele bando de @%#&*%#! do MPL?
Foram eles que “detonaram” o estopim dos “protestos” que a direita incorporou, aprendeu e decidiu organiza-los, convocando a classe coxinha para as ruas?
Estes CANALHAS desapareceram das ruas, agora que a direita raivosa e babante está ativa?
Bando de imbecis que contribuem para atrasar a esquerda brasileira e frear os poucos avanços que conquistamos nestes últimos doze anos.
Se o GOLPE se concretizar, agradeça a eles, ao PSTU, ao PSOL, a Blablarina, a Heloisa Helena, a Babá, e a tantos outros que se intitulam “de esquerda” mas que servem bem aos propósitos da direita.
O problema maior do PT é que tem em seus quadros gente que é petista e gente que esta petista.
Brilhante! Brito, este é mais um de seus posts brilhantes, junto com centenas de outros. E este post está especial, porque está enriquecido, de forma igualmente brilhante, pelos comentários de seus incríveis leitores. Neste momento, em que a esquerda, encurralada, cercada, ameaçada e meio desorientada, procura caminhos para reagir, o seu post e os comentários de seus leitores estão a apontar a direção. A lição que fica do exemplo da história é a da humildade e da união. Todos têm que ter a humildade (como Brizola teve ao apoiar Lula) de abrir mão de suas vaidades pessoais em troca do benefício maior, de defender e ampliar as conquistas do povo trabalhador deste país. Temos que nos unir, porque unidos venceremos; já, separados, seremos a esquerda de que a direita sempre gostou (como já foi o PT no passado e hoje são o PSOL e outros nanicos metidos). A direita está mais forte do que nunca. A situação talvez nunca tenha estado tão difícil. Portanto, não podemos excluir ninguém. Toda ajuda será bem vinda. A proposta da Frente Ampla pode ser a solução, para aglutinar todas as forças populares, partidos de esquerda, movimentos sociais e entidades independentes. A Frente Ampla está chegando e vai levar o “velhinho” de volta a Brasília. Parabéns, Brito, pelo seu post! Parabéns, leitores do Brito, por seus incríveis comentários!
Parabéns Brito! Este seu post desencadeou uma discussão de alto nível, principalmente pelo pessoal do face, que a gente não via há muito tempo. É isso aí: artigos desmascarando o PIG entremeados com artigos em que possamos apreender muito do conhecimento e da experiência de outros esquerdistas.
Se eleito Briza não governaria se mantivesse o mesmo brio cai na real F B.
E quando for malhar o PT me avise antes pois todo golpe na A L somente prosperaram com o apoio da esquerda,isso é histórico!
Eu já penso coisinhas (?) diferentes… Lula, Brizola… Ora, o PDT sempre peleou contra o PT; mto embora fossem parentes, grudados, assim… O Brizola, o Brito precisa me escutar, sempre foi impulsivo. Eu, tbm, adoro aquela de: bato, arrebento e, se puder, prendo… Mas, pra mim, q não sou japonês, essa vigora apenas no ato; qdo boto a cabeça pra pensar, viro pessoa mais sensata. A realidade não é, assim. Mas, o velho Briza, não. Vai em frente, curtindo sua determinação (?), e acaba dando com os burros, n’água. As pessoas, no geral, olhando de outra ótica, estão observando e avaliando. Acredito q concordem com mais sensatez; mais equilíbrio; menos impulsividade… Dai, a opção, final (?), por Lula. E o PT, q seguia uma linha ideológica, mais radical (digamos), mudou e passou a evidenciar uma nova aparência, mais leve, q acho as pessoas definem por “udenismo”. Foi a união de Lula, Zé Dirceu e Genuíno, q trouxe essa leveza, toda ao PT; mesmo, contendo em seu bojo, linhas e mais linhas de arrasar quarteirão, meio parentes do Brizolismo… como, por exemplo, a Convergência. Com o tempo, essas, vamos dizer essas dissidências, foram se afastando do PT. Agora, no PDT, não havia essa. Era Brizola e nada mais… Era o q sobrou de interessante do antigo PTB (à propósito, o DEM e PTB estão estudando uma união, do roto com o esfarrapado…).
Eu entendo q a tal da direita percebe, isso. E foca em aniquilar a cúpula, o cerne do PT. Acho, tbm, q essa percepção é coisa pensada à nível, maior. É coisa do Pentágono, mesmo. Pq, por aqui, não se pensou, nisso, antes?.. Essa de atacar, ter disposição de atacar o núcleo aconteceu mto depois… qdo já não funcionavam o bombardeio da mídia, maldita. Qdo, cada vez, mais, o PT e seu Governo, se distanciavam nas estatísticas de aprovação… Foi qdo, criaram o tal movimento de junho/13, q nem a imprensa, num primeiro momento, entendeu. Foi preciso passar dois ou três dias, pra q as pontas se unissem e se entendessem… Não foi? (bota a Cia e a nova embaixatriz, super escolada, nisso…)
Agora, de fato, o Brizola e o PDT nunca faltaram, no sério, com o PT. Honra seja feita. Esses dois partidos são como dois irmãos, amados irmãos, concorrendo..
Fernando Brito, nós brasileiros somos mto bons em propaganda; pq criativos. Acontece q os EEUU são mto mais; pq sua criatividade está montada em cima de base intelectual, mais antiga. Eles pensam em influir, desde sempre; enqto nós, outros, estamos nas paradas, agora. Antes, botaram em nossas cabeças q éramos uns bugres, uns negroides, sem futuro; gente de segunda categoria. Aquele negócio q aprendemos, logo ali, imediatamente antes, da “redentora”. Mto engraçado, as coisas evoluem, historicamente; podem observar, na maior atenção. As pessoas, as respostas e explicações são colocadas no evoluir dos tempos, em conformidade. Se, antes, apenas as organizações, mafiosas, grobu e associados, funcionavam; chegou-se a um pto q não se bastavam… Perderam a última eleição, quase q nas paradas… Da mesma forma, nós ganhamos; mostrando a língua. Isso, foi fato determinante pra chegarmos ao quadro, atual… Estamos vivendo um “terceiro turno” de eleições. Mto imponderável.
Brito, essa situação só é possível, como está, pq o PT não tem quadros; pq o partido não está aparelhando, nada. Ao contrário, as Instituições estão, todas, aparelhadas pelo “atraso”, conservador. E desde os tempos “redentores”; passando pelos tempos “colloridos” e do prof cardoso. Por isso, o sucesso da campanha transnacional, agora. A ação da direita, no Pais, funcional uma maravilha, pq as Instituições estão completamente aparelhadas e, qdo mais se bota gente nova; mais se recompõe esse aparelhamento, devido a característica, conservadora, de nossa elite, dominante. É mto difícil arrumar gente Progressista, num ambiente… Conservador.
Brito, meu velho; eu não acho q Vargas tenha sido um dos melhores… Ora, quem tinha uma Polícia Política, quem namorou com os nazistas, nunca poderá ter apagado de sua história, esses fatos… O Vargas só optou entrar na guerra, como o fez, à força… Ao contrário, não teria entrado e ficaria colaborando, eternamente. Não adianta seus “feitos”, trabalhistas. Não adianta, no q pese o sofrimento imposto por suas convicções, anteriores. Ora, os “redentores” tbm fizeram, miles: Embratel, hidroelétricas, fortaleceram a Petrobrás, etc… etc. No entanto, desagradaram, de um lado ao povo, pensante; do outro, aos seus mantenedores, americanos.
Qto ao Juscelino eu argumentaria q o Ademar de Barros roubava, mas fazia, igualmente…
Então, meu querido… Sobra o Lula, mesmo. Provou q pode, sim, desenvolver o Pais, distribuindo renda; isto, sem o perigo inflacionário, tão alegado pelos sábios, conservadores, durante anos e anos… Q o diga o Delfin Neto…O grde criador do milagre brasileiro, às custas de um endividamento, gigantesco. Agora, neste instante, se investe no Brasil mta grana em Infraestrutura. Coisa de fazer inveja aos “delfins” da vida e aos “redentores”, traidores da Nação.
Mas, o Brizola é mto importante na história. Passou, pensando a mesma coisa. Lembro, ainda, de sua entrevista, qdo perdeu sua última eleição. “É. Confesso q errei minha vida, toda. Errei. Eu devia ter criado uma religião… feito uma hortinha… Ai, quem sabe, não teria perdido esta eleição”.
Grande Brizola!…
Eu acho q já está na hora de união, completa. Pq o ideário é, apenas, um. Tal e qual o perigo q se avizinha. Será q a vaidade está superando à dedicação ao ideal, comum? Não pode. Vamos nos unir e parar de criticar, ferrenhamente, com odor de recalque, à Presidenta, ao Lula e ao PT. A Presidenta é nossa líder, agora, e pronto. Vamos em frente.
Buenas!…
Mas bá, taura velho, de onde viste eu dizer que Brizola estava sempre certo? Diria – e diria a ele próprio, que saudades, se ainda pudesse dizer – aquela frase que está dando “banzé”, agora: ele nem sempre fazia as coisas da maneira mais fácil, mais eficiente. Mas tinha o genuíno desejo de acertar, e como tinha. A elite engoliu – parece que está querendo agora expelir – o sapo barbudo, mas o sapo também teve de engolir muitos que não eram do paladar dele – e nem do nosso – para governar. A política é isso, mas para além dela precisa haver um processo contínuo de esclarecimento mobilizador da população. Veja o barulho que se faz – até, muitas vezes com razão – nas questões ditas progressistas e “inclusivas” – comparado ao pouco que se fez e faz por uma busca de identidade do nosso povo que vá além do sucesso individual. Quanto ao Vargas na 2a. Guerra, sugiro que leia a ótima biografia de José Augusto Ribeiro, onde ele aborda este suposto “namoro” com o nazismo, lembrando das ações dos interventores de Vargas em relação às organizações nazista aí no Sul e a história do acordo com Roosevelt para a implantação da CSN,em lugar do acerto com a Krupp, alemã. Grande abraço e saiba que escreveria aí uns 60% do mesmo jeito que você.
Brito, parabéns por tocar no problema, embora a crise no PT vai além da fidelidade citada, é uma crise ideológica e de identidade.
O PT hoje se sustenta, ironicamente, no que o Brizola sempre defendeu pro país: um programa nacionalista. Só que o PT não assume abertamente que é nacionalista ou trabalhista (como alguns preferem).
O PT é composto por muito bichogrilo daquela esquerda socialista idealista que ainda sonha com a URSS ou coisas do tipo (tenta criticar qualquer coisa referente aos governos socialistas que foram ditaduras e veja o que esse povo responde, colocam essas coisas inclusive acima do país). Já vi vários defendendo mais Cuba do que se preocupando com questões internas do Brasil que era mais importantes porque nos atinge diretamente, e a defesa de Cuba por esse pessoal é algo mais simbólico. Só fazendo um adendo: não tenho nada contra Cuba nem tampouco sou simplista pra achar que a Revolução Cubana é o que os coxinhas pregam, só que esse pessoal, tanto quanto os coxinhas, vivem numa realidade paralela a do mundo atual e ignorando o peso do Brasil no mundo e na própria América Latina. Chegam a um grau de alienação que acham que Cuba, uma ilha no Caribe, é mais importante do que os governos de Lula no Brasil que possuem um alcance maior politicamente embora não reconhecido. A questão da crise dos mísseis foi mais uma crise soviética e norte-americana do que cubana, a relevância de Cuba nisso é a localização geográfica (sempre foi).
Quando eu comento com essa “frieza” (pra alguns) essas coisas, é como provocar onça com vara curta.
O PT é composto disso e mais de um pessoal conservador nos costumes ligados às pastorais de base católicas (tem muito carola católico no PT, o que é espantoso, imagina um partido trabalhista europeu cheio de gente religiosa dentro, acho que não existe nenhum).
É esse povo udenista (os grupos acima são udenistas por definição, são da classe média e moralistas no discurso) se sente incomodado pelo fato do PT não representar mais um “ideal de pureza” (um pensamento bem nazistoide, da direita) achando que combate à corrupção se resume a uma atitude perfeita de seus membros e não em criar condições técnicas, estruturais (fortalecimento da PF etc) pra combater ilícitos. É essa visão atrofiada desse pessoal que pariu essa crise dentro do PT. Se puder, veja o grupo “Mensagem ao Partido” composto por carolas como o Olívio Dutra, Genro, Cardozo e cia, parece uma UDN dentro do PT, e eu os chamo ironizando de Opus Dei do PT, que pede refundação de partido e expurgo do Dirceu porque ele representa mais esse “ideal de pureza”. É o pessoal mais sectário, narcisista e cretino que eu já vi, até mais que os coxinhas (esses são imbecis por natureza).
O PT não começou trabalhista mas acabou virando um partido trabalhista na marra, até porque aquele ideário “socialista” (que esse pessoal antigo do PT sempre brada) dos anos 80 não existe mais, é inaplicável e datado. O mundo é outro e precisa de outras respostas, pode ser socialismo, mas não será o que eles pregavam há 30 ou 40 anos atrás.
Vem daí a crise do PT, porque o Lula mudou, uma parte dele mudou, mesmo sem admitir (aceitam que seguem a linha trabalhista de Jango, Vargas etc), mas uma parte (que é a que cria crise) vive num mundo esquizoide sonhando com a revolução de 1917 que nunca virá, porque o mundo é outro, a estrutura brasileira é bem diferente da Rússia daquela época. No livro Hitler, do Joachim Fest (biógrafo alemão) relata que as revoluções a partir do nazismo se davam através do estado e não mais na destruição do mesmo, como aconteceu com a URSS etc, ele comenta isso pra explicar como se deu a ascensão do nazismo pelo voto.
A falta de preparo intelectual do PT (sempre cito isso, veja que já fui atacado aqui por um cidadão falando de Holanda Antártica porque eu fui apontar um dos motivos, na minha ótica, pra crise do carnaval no Rio citando o carnaval de PE) e de parte da esquerda parem essas coisas. Esse pessoal não lê e isso me incomoda. Eu não vejo a maioria desse pessoal no FB (há muita gente de esquerda lá) comentar que leu um livro sequer, e isso é absurdo, simplesmente bizarro. Como se muda um país com um povo que odeia ler e fica cobrando dessa nova geração que agora começa a fazer parte da política que os mesmos leiam quando eles não dão o exemplo?
Enfim, a crise do PT tem várias fontes, passa por falta de preparo intelectual de setores dele, passa por idealistas alienados pregando revoluções impossíveis e pela crise desse discurso udenista que sempre foi um discurso irracional e escapista, por não tratar dos problemas do país de forma racional, fria e precisa/técnica. Além da crise identitária ao evitarem se associar a João Goulart, trabalhismo etc (assumirem isso). Além do “bandeirantismo” (muito bem citado) pois o PT é paulista de berço e uma parte dele ignora o Brasil como um todo achando que o Brasil é o quintal de SP (essa é a parte ligada aos Cardozos, Mercadantes e cia) e ironicamente hoje SP é o estado que mais detesta o PT ou um dos.
Faça um omelete dessas coisas (mais do que vc citou acima) e vc tem a crise do PT.
Fernando em 1989 com meus 30 anos de idade e morando no ABC paulista- berço do PT votei, apoiei e fiz campanha para Brizola para horror, incompreensão e ódio de muitos amigos petistas que me viraram as costas. Hoje alguns deles reataram amizade comigo e até concordam que em 89 Brizola era a melhor opção. Antes tarde do que nunca, não é? E põe tarde nisso. Agora Inês é morta.
Só alguém que seja da classe média pode se sentir à vontade em dizer “uma adesão da classe média e dos intelectuais à imensa massa popular, expressa em seus escritores, seus músicos, seus poetas, que maravilha!”
A História no Brasil é feita, sem nenhuma cerimônia, com a seletividade factual capaz de considerar apenas os fatos que endossam a tese inicial, desprezando ou omitindo àqueles que contradizem o sonho teleológico de um passado adequado às teorias. É um paradigma da historiografia nacional.
Dar uma aura positiva ao fato do PT hoje, admitir-se como uma entidade advinda da classe média é o tapa na cara dos que, nas periferias e nas lutas sociais por direitos mais básicos, sonharam em participar da cidadania da mesma forma que os “companheiros” de luta e de partido. Estes, os líderes da classe média instruída, ficaram mesmo com a árdua função de liderar, eleger-se, estabelecer pautas e prioridades. Enquanto isto, o restante ficou com o direito a votar. Uma vez eleitas tais lideranças, passaram os movimentos sociais a adequarem-se às prioridades e àquilo que politicamente garantiria uma inserção maior do partido na sociedade participativa e historicamente cidadã.
O lema, após eleitos, sempre foi o “pensar grande”, conhecer as macroestruturas, preparar-se para alcançar a tão sonhada cidadania, com direito além do voto: educação de qualidade, segurança, saneamento, saúde, terra, habitação, cultura, enfim, estas coisas secundárias que a gente que pensa pequeno tanto reivindica, atrapalhando a causa e a capacidade administrativa dos que agora já não necessitam das lutas sociais para garantirem uma eleição. Dispensa-se o militante, aquele que amassa barro de casa em casa, que faz boca de urna, que sobe no caixote pra anunciar a necessidade de eleger-se quem vai lutar pelas reivindicações. Agora, este inúteis são trocados pelo financiamento empresarial, pelo apoio das guildas sindicais e patronais, pela representação mais promissora do ponto de vista eleitoral e financeiro. “A rede Globo é nossa”, disse uma vez uma destas lideranças; “precisamos dialogar com o diferente”… Com isto, a conquista da cidadania se reduziu a condição de consumidor, tão importante para o excluído quanto para os setores “conciliados”. O resto, meu amigo, deixa quieto que militante só atrapalha.
A História recente mostra os equívocos desta estratégia. Agora, dependem de novo do apoio da sociedade pra garantir a democracia e, sobretudo, a permanência da CLASSE MÉDIA DE ESQUERDA nos quadros políticos. Sem isto, ficam sem voz. Neste momento, lembram dos sem-terra, dos sem-teto, dos que apanham da polícia, dos que sofrem subjugados pelo crime organizado na periferia… todo mundo conclamado pra defender a Democracia, a Dilma e o Partido, não necessariamente nesta ordem. A direita quer tomar de volta o único espaço concedido à esquerda: o executivo conduzido a rédeas curtas. O PT, na visão conservadora, já cumpriu o seu papel transformando o país em uma potência econômica viável e dilapidável. E ainda lhes deu a vantagem de não mexer nos vespeiros que poderiam incomodá-los de fato: o da politização da sociedade, o do monopólio da comunicação e o da educação de qualidade. Sem contar que desarticularam a avalanche de movimentos reivindicatórios legítimos, deixando pra depois tudo aquilo que garantira uma real isonomia entre o cidadão periférico e o que mora no centro. Isto, sem contar um certo nível de aparelhamento de instrumentos de participação popular (Movimentos, Associações, ONG’s). O descontentamento e a falta de foco dos que sofrem sem saber direito por quem ou por que, é o caldo de cultura para bloquear tudo aquilo que a esquerda falou em fazer e não passou da promessa.
A esquerda precisa de um recomeço. Precisa de fôlego pra avançar e este fôlego só pode vir de baixo, do pulmão da sociedade, da classe trabalhadora. Só ela arejaria a cabeça e ativaria os neurônios de quem hoje está inerte em seus gabinetes, como reclamou o próprio Lula. O PT ficou classe média demais. Mas, será que ela, a esquerda, quer isto, de fato?
Talvez temam que os que se afastaram pelo caminho, ainda tenham foco pra saber o que querem. Se isto for verdade, adeus petulância classe média das lideranças e adeus resoluções de bastidores.
“Beber história” é muito bom. Não só para o PT, mas para todos nós! Por exemplo: porque com Brizola não conseguimos, e com Lula e o PT a esquerda está conseguindo governar e transformar o pais, há 13 anos? Eu não tenho a resposta, mas me parece fundamental estudar a história para não cometermos os mesmos erros anteriores.
É bom para o PT (e para o Brasil) ter Lula, mas não seria bom se o partido tivesse somente Lula. Se não tivesse havido espaço para a candidatura de Dilma em 2010, por exemplo, teríamos talvez, um Lula em seu quarto mandato consecutivo, sendo chamado de ditador, sendo bombardeado pela mídia, e possivelmente com muitas dificuldades de vencer a oposição na eleição seguinte, como ocorreu na Venezuela com Maduro. Uma das boas coisas que o PT trouxe para a política brasileira foi a valorização das suas bases, sua democracia interna, uma tentativa de se estabelecer um partido de baixo para cima, e não um partido dominado por uma figura única em torno da qual deveria orbitar e obedecer suas decisões e diretrizes. Mesmo sendo Lula uma figura central e destacada no partido, ele não se impôs ao partido, nem o PT não ficou condicionado às suas vontades, nem dependente exclusivamente de sua popularidade enquanto se estruturava em todo o País. Assim surgiram e despontaram com o partido, figuras importantes na política brasileira, de Norte a Sul do Brasil, vindas de baixo, vindas do povo, como Chico Mendes no Acre, como a primeira prefeita de capital eleita no país, em Fortaleza, a primeira governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, o ex-bancário Olívio Dutra, governador do Rio Grande do Sul, a primeira mulher e primeira nordestina prefeita de S.Paulo, e tantos e tantos outros, prefeitos, governadores, parlamentares, muitos destes vindos do povo e que entratarm na política através do PT. O PT tentou chegar ao poder federal sem alianças, não por arrogância, mas por acreditar que seria possível eleger-se e governar sem ter de ceder em nenhum ponto dem seu programa de governo. Esse era o caminho natural de um partido de bases, que decidia de baixo para cima. Fazia o que muitos hoje pedem que ele faça: o confronto. O partido seguiu um caminho natural de aprendizado, e foi entendendo que não conseguiria chegar ao governo para mudar o Brasil se não fizesse concessões e alianças com o centro, o que foi feito em 2002, quando Lula foi eleito presidente, mas para isso Lula teve de condicionar sua candidatura à aceitação pelo partido das alianças e em admitir concessões quanto ao programa de governo.
Se por um lado foi importante Lula ter vencido e se tornado um presidente popular e a grande liderança política brasileira, ter conseguido tirar o Brasil da estagnação econômica e da irrelevância política e melhorado a vida dos brasileiros através da política de distribuição de renda, por outro lado, houve uma diminuição do papel das bases nas decisões partidárias, menos democracia interna no partido, que nesse ponto passou a se parecer mais com os demais partidos, e distanciamento dos movimentos sociais, além da despolitização dos eleitores, desinformados pela mídia sobre a realidade do país. Houve também o erro de se querer agir como os outros partidos, permitindo o uso de caixa 2 na eleição de 2004, fato que decepcionou a militância e os eleitores do partido.
O PT deveria agora procurar resgatar o lado bom daquele seu início, trazendo de volta a proximidade com sua base partidária, com os movimentos sociais, conscientizando os filiados, os eleitores e a toda a população, através de uma melhor estratégia de comunicação, sobre política, distribuição de renda, desenvolvimento, sobre a necessidade das alianças eleitorais, sobre voto consciente, alertando sobre os perigos que significam o entreguismo, o neoliberalismo, a falta de democratização da mídia, etc. E se as bases partidárias decidirem que o melhor caminho para continuar melhorando o Brasil é pedir a Lula para ser novamente candidato em 2018, aí sim, o partido faria a ele tal pedido. Mas, não por uma imposição partidária, no estilo Vargas e sim por uma decisão consciente de todo o partido.
Fernando, sou egrégio do movimento trabalhista dos anos 80, principalmente da área sindical bancária. Lembro muito bem da campanha eleitoral de 89. Claro, fiz campanha e votei no Lula, na época da inesquecível Lula-lá e por aí vai. Não me arrependi de ter votado no Lula, apesar de que nunca censurei quem votou no Brizola, um grande brasileiro, que inclusive conheci pessoalmente através do meu conterrâneo Darcy Ribeiro. Agora, independente de qualquer coisa, tenho que dar a mão à palmatória e concordar com o seu texto. Eu votaria no Brizola no 2º turno contra Collor se o Lula não chegasse lá, mas muitos colegas realmente diziam que votariam nulo. Infelizmente hoje em dia o partido está cheio de parasitas que nunca pisaram num chão de fábrica ou num sindicato. Na verdade, está cheio de adesistas, que naqueles tempos nós chamaríamos de burgueses. Foi nisso o que deu o partido deixar de fazer politica, esquecer as suas bases e não investir na formação política. Infelizmente a presidente Dilma não sabe fazer política. Tem coisas que ela faz que beira ou a ingenuidade ou a burrice mesmo. Não dá para entender. Continuo apoiando o governo, pois não tem nada melhor lá fora, enquanto projeto, que sirva para o Brasil.
Errata: Onde se lê “egrégio”, leia-se “egresso”. Desculpe a nossa falha.
“Roupa suja lava-se em casa” e “Antes de falarmos do rabo dos outros, olhemos o nosso próprio”.
Dois ditados básicos que poderia orientar brizolistas e outros, ainda inconformados com a “sorte” que tiveram.
Os brizolistas deveriam proceder, também, a uma avaliação honesta e pública do que restou do brizolismo pós-ditadura de 64 e, principalmente, a quantas anda o PDT e, se não anda, porquê? Sejam tão rigorosos e honestos quanto são ao criticar o PT.
De resto, não sinto nenhum problema, como petista, de tê-los em companhia num partido, o PT, em que também possam chamá-lo de meu. Só acho que a prática do “morde e assopra” ou mais frequentemente “mais morde do que assopra” é nefasta a qualquer agrupamento social, pois transpira a deslealdade.
O brizolismo não é o PDT, Antonio. É uma memória, que em na
da nos dói
Penso como vc. Também não sou do PT mas estou aí para o que der e vier em defesa de Lula e de Dilma, não somente nas boas horas e no “vai da valsa” da falsa mídia que nos assola. Acredito e confio na competência e na brasilidade da presidenta Dilma e sei que ela está fazendo o que é possível mesmo às custas de sua imagem, caluniada e difamada diariamente pela “indústria prostibular” (Rui Barbosa) travestida de mídia.
Lula não é Getúlio, nunca foi nem nunca será. Nunca vi nenhum petista do alto escalão sequer citar a Carta-Testamento em público. Só se comparam a Getúlio e Jango para se fazer de vítima de perseguição.
Essa comparação “lulismo” x “brizolismo” é um tanto espúria. Penso que brizolismo não é uma ideologia, o bravo Leonel apenas foi um executor do preconizado na Carta de agosto de 1954. Assim como Fidel em relação ao ideário de Martí. Agora, “lulismo” é o quê ? Que projeto nacional defendem ? Depois da morte de Jango, no fim dos 70 Brizola era o autêntico líder de oposição ao golpe imperialista. Lula e FH surgiram para dividir e confundir o campo progressista no crepúsculo da ditadura e inviabilizar o natural percurso do trabalhismo nacionalista rumo ao Planalto. O mesmo papel nefasto que as forças armadas desempenharam nas décadas de 64 a 85, esses desempenharam até 2004.
Agora que já se foram Vargas-Jango-Brizola-Darcy, os petistas e principalmente o Sr. Luís Inácio se encontram na maior responsabilidade histórica desde sua fundação: fazer a autocrítica necessária e elaborar um projeto de país. Reconhecer que Lula ajudou a eleger os 02 Fernandos, ou seja, também tem sua parcela de contribuição para a consolidação da plataforma neoliberal no Brasil que tantos danos nos proporcionaram. E contra a qual gritavam no deserto gente como o grande Barbosa Lima Sobrinho e tantos outros patriotas. Tem que fazer a reforma agrária, reverter as privatizações e impedir o que LB denunciava como “perdas internacionais”. Esse é o verdadeiro “ajuste” que deve ser feito, entre outras medidas que vão impactar positivamente nossa economia.
O único erro do PT , foi ter chegado ao governo e em vez de ir com os dois pés no peito dos inimigos como mídia , PMDB e PSDB , acreditou que poderia sim ter apoio com seu programas sociais e com um governo que depois de quinhentos anos fez algo pelos brasileiros seja ele um miserável ou um grande empresário , deveria ter matado essa turma a pau , pois o povo ajudaria com gosto , mas depois das serpentes chocadas e alimentadas , elas querem mais , querem continuar roubando honestamente e com a ajuda dos nossos “doutos juristas”.