Proposta para militares põe policiais em pé de guerra

Como era de esperar, a proposta previdenciária para os militares traz mais danos à tramitação da  reforma da Previdência que benefícios para as contas públicas.

É que aquilo que será exigido a mais em tempo de serviço e em contribuição para a aposentadoria é totalmente coberto pelo aumento das gratificações pagas aos integrantes das Forças Armadas, em especial aos oficiais graduados, que receberam parcelas muito mais generosas que a tropa em matéria de representação, adicional por cursos e o criado “adicional de disponibilidade militar”, cujos índices variam de acordo com a patente.

A “economia” de R$ 10 bilhões em 10 anos é originária, essencialmente, da redução proposta do efetivo militar brasileiro: 10% em 10 anos. Calculada pelo termo médio (5% a menos de efetivo) sobre os  cerca de R$ 24 bilhões da folha de ativos atual, isso dá R$ 12 bilhões em uma década, mais que a alegada economia das medidas propostas hoje.

Há outros pontos que vão gerar disputa com os funcionários civis: alíquotas menores que as deles para vencimentos iguais, regras de transição extremamente mais generosas e a ausência de idade mínima, que, mesmo com os 35 anos de serviço, permitirá a militares se aposentarem aos 52 anos de idade (17 anos de idade mínima para a entrada nas escolas de cadetes, contando para somar os 35 anos).

Mas nada será comparável à irritação dos policiais e bombeiros militares dos Estados, que “ganham” as novas exigências para se aposentarem mas não recebem um tostão das vantagens concedidas às Forças Armadas.

O próprio Ministério da Economia estima que R$ 52 bilhões deixarão de ser pagos aos militares estaduais, por conta da mudança de regras.  Como são, hoje, 500 mil em todo o país, o resultado é uma perda superior de R$ 100 mil por cabeça, em média,  em uma década ou pouco maior que R$ 10 mil por ano.

É por isso que até no PSL de Bolsonaro as reações são negativas. E a razão de ter sido dito aqui que a medida desagradaria a “gregos e goianos”.

Na situação em que está hoje, o governo não conseguiria aprovar nenhum dos dois projetos , nem o dos civis, nem o dos militares.

E não há sinal no horizonte de que isso esteja mudando.

 

 

 

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6 respostas

  1. Imagine a seguinte situação: Ao se aposentar um auxiliar de pedreiro recebe como pedreiro… ou técnico administrativo recebe como chefe do setor.
    ou ainda, um gerente aposentar-se com salário de diretor.
    Assim, o “Capitão”, nunca foi capitão, ele era tenente.

  2. O MAIS NOJENTO E REVOLTANTE FOI OUVIR O SUJEITO QUE ESTÁ OCUPANDO O MINISTÉRIO DA DEFESA JUSTIFICAR O TRATAMENTO DE CASTA SUPERIOR DADA AOS FARDADOS POR QUE ELES !!! LOGO ELES !!! TEM ENTRE SUAS FUNÇÕES A DE :
    ———-DAR A VIDA PELA PÁTRIA!!!!!!!!!!!!!!!!!! ———
    LOGO ELES QUE SE OCUPARAM DE FERRAR COM A PÁTRIA DOS BRASILEIROS DURANTE TODA SUA EXISTÊNCIA !!!!!!!
    CHEGA DE MANTER PARASITAS !!!!A TRABALHAR E A PRODUZIR RIQUEZA !!!!!!

  3. Há um mito sobre o qual repousa a ordem e a disciplina das ffaa e das polícias baseado na certeza de obediência à hierarquia. Policiais e soldados não foram feitos para pensar e sim obedecer. No entanto, tal como dizia o Millôr, livre pensar é só pensar. E se os policiais e soldados resolverem quebrar este mito e não mais obedecerem as ordens? O que vai fazer a empáfia dos superiores diante dos “inferiores” parados? Gritar, espernear, ameaçar? Quando eles são a grande minoria e a soldadesca a maioria absoluta e o sustentáculo das instituições policiais e das ffaa?

  4. Bem, temos então, embutida na tal “reforma”, uma estranha proposta para que em dez anos as Forças Armadas do Brasil sejam reduzidas em 10% do que são hoje, embora fosse de se esperar que o país vá crescer, e não diminuir de tamanho e importância estratégica global. A perspectiva de sua necessidade de defesa também deveria ser crescente, e não minguante. E temos também que “os oficiais graduados vão receber parcelas muito mais generosas que a tropa”, o que irá aumentar a diferença entre base e topo da pirâmide dentro das próprias FFAA, fazendo delas um retrato perfeito de nosso país, que tem a maior desigualdade do planeta. Parece que até nas Forças Armadas vamos regredir para antes da Revolta da Chibata.

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