Queda no PIB é só o aperitivo amargo da recessão

Repito, como tenho dito sempre, que os indicadores econômicos ainda não servem para medir o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre nossa economia e isso vale para a variação do PIB registrada hoje pelo IBGE para o primeiro trimestre de 2020, com queda de 1,5%.

Dos 90 dias dos registros, apenas 15- ou menos – podem ser caracterizados como afetados pelo Covid-19, um sexto apenas do período total. Numa projeção mecânica, isso significaria um tombo seis vezes maior neste 2° trimestre, com uma retração de inacreditáveis 9%.

Inacreditável? Creio que a palavra não deve ser usada, porque uma retração na ordem de 9% é o que se pode considerar um grande otimismo para estes três meses em que a economia se desmilinguiu.

E não será muito melhor no trimestre que começa na segunda-feira.

Os serviços, que representam cerca de 70% do PIB, são o setor mais atingido e não deverão cair menos de 30% no trimestre.

Nada disso vai ser resolvido pela reabertura, precoce, precipitada e criminosa do comércio.

O único indicador em que isso influenciará – e muito – será no de doentes e mortos.

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