Queiroga vai ser médico ou aviador de receitas do ‘Dr. Jair’?

Ouvem-se vários comentaristas dizendo que os rapapés que o novo (e ainda informal) Ministro da Saúde faz ao general Eduardo Pazuello são parte da boa educação política e do noblesse oblige que tem quem entra em relação a quem sai de um cargo público.

Em condições normais, concordaria plenamente, mas não estamos em circunstâncias normais.

Nos encontramos, é gritante, escalando a escarpas de um Himalaia de mortes, que registram recorde sobre recorde, em valores diários e numa média que já toca os 2 mil óbitos por dia.

E não há resposta imediata possível que não seja a decretação de um regime de isolamento que tem de ser drástico e não o “me engana que eu gosto” que, desde o início no ano, nos faz subir este aclive sombrio, sempre com a alegação hipócrita de que “a economia não pode parar”.

Ora, muito menos o vírus pode parar, se nós o conduzimos em ônibus, trens, metrôs, BRTs em escala imensamente maior que nas “baladas” que escandalizam a mídia. O pobre, obrigado a ir trabalhar na “economia que não pode parar”, é invisível, sempre o foi.

O Dr. Queiroga, portanto, estava obrigado a sinalizar o perigo, a emergência, o desastre. Era e é seu dever ético, médico, profissional.

Como quer que as pessoas entendam que há esta situação se vem com palavras blandiciosas e repetindo bordões que se encontra em qualquer cartazinhos de papelaria: “use a máscara, lave as mãos, mantenha distanciamento”.

O dever do médico não é ser “bonzinho e gentil”, é defender a vida.

Não é verdade para um ministro da Saúde a bobajada de que “quem define a política de saúde é o presidente”, porque isso equivale a um médico colocar-se a serviço de um charlatão.

O Dr. Quiroga, se quiser ser um aviador das receitas mortais de Bolsonaro, deixa de ser médico.

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