Estamos nos aproximando do que, aqui, já chamei de “segunda onda” da desgraça econômica do país que, ao contrário da primeira, vai nos encontrar sem medidas de defesa que possam prevenir seu impacto sobre a população.
Amanhã começa a ser paga a última parcela do auxílio emergencial para os que tiveram sua aprovação automática, por integrarem o Bolsa Família.
Dia 28, a parcela final dos que começaram a receber em abril (que, somados aos primeiros, somam mais de 70% dos beneficiários), num cronograma que se estende até dezembro, quando terminam todos os benefícios residuais.
Como não há de onde tirar recursos para um substituto para o auxílio e nem mesmo se apresentou alguma proposta legislativa para sua extensão, ainda que parcial, avalie o que isso significa.
Também já está terminando o efeito da redução de jornada com complementação oficial e da suspensão de contratos, com efeitos óbvios sobre as demissões.
E tem gente falando que Jair Bolsonaro passou a ser o “gênio da política”, com o crescimento de sua popularidade.
Claro, Bolsonaro fez um “Bolsa Família” dobrado em número de beneficiários e triplicado em matéria de valor, mas obviamente insustentável, porque ambos os programas tiveram um custo fiscal de mais de R$ 300 bilhões, quase três vezes o que arrecadaria a nova CPMF em um ano, isso no caso de conseguir-se aprová-la, o que ainda é improvável.
Este é o impasse que está colocado, não a eventual aplicação de R$ 5 bilhões de sobras do “Orçamento de Guerra” aprovado pela pandemia.
A tal “genialidade política” de Jair Bolsonaro esbarra no velho ditado português, do “quem dá e toma fica corcunda”, que virou até marchinha em antigos carnavais: Quem dá o que toma/ Quem toma o que dá/ Se não der de novo/ Corcundinha ficará.