Rio ensina como jogar vacina fora

Era mais do que previsível que doses de vacina tenham que ser jogadas fora e vai ser pior ainda quando começar a inacreditável “vacinação-aniversário” proposta pela prefeitura do Rio de Janeiro, com um dia em que só se vacina quem tem 99 anos, no outro dia só quem tem 98. e assim por diante…

Esta madrugada o UOL registra que “enfermeiros da cidade do Rio de Janeiro estão recorrendo ao Coren-RJ (Conselho Regional de Enfermagem) para denunciar desperdício de vacinas contra covid-19“. Basicamente, é por abrir-se um novo frasco de vacinas, com 10 doses, sem que haja na fila a garantia de que elas se esgotarão.

Isso vai agravar-se quando começar a vacinação de pessoas de uma única e avançada idade (98 anos, por exemplo) que possivelmente não ultrapasse a quantidade de 1 mil ou pouco mais de indivíduos. Basta ter frequentado o primário para saber que, em 300 postos, dezenas deles não chegarão à “cota” de dez doses.

A segmentação excessiva é, evidentemente, assumir o risco de que o quantitativo de pessoas autorizado seja menor que o necessário a permitir o uso de frascos completos.

A Secretaria de Saúde diz que, nestes casos, a determinação seria vacinar “outras pessoas” da própria clínica onde se aplica a vacina, mas cadê coragem nos profissionais, diante desta sucessão de acusações de “furar fila”?

A orientação que nós tivemos era de dar a dose apenas para esse público-alvo. Jogamos fora porque ficamos com medo de vacinar uma outra pessoa e depois nos chamarem atenção ou até sermos demitidos. Mas isso é um absurdo, isso parte o coração”, relatou ao UOL um profissional de saúde que pediu para não ser identificado.

Faz-se uma apelo para que as autoridades municipais revejam esta loucura que pretendem fazer semana que vem. Agrupem as faixas etárias em pelo menos 5, melhor ainda 10 anos (a partir dos 90, por exemplo, depois a partir dos 80) em uma ou duas semanas para evitar esta monstruosidade.

Será que não passa na cabeça destes gestores que um único dia para quem tem 98 anos e tempo igual para quem tem 80 anos representa colocar mil pessoas em um dia e 20 mil em outro, nas mesmas 10 ou 12 horas de funcionamento dos postos?

O secretário Daniel Sorantz, em sua ânsia de “anunciar medidas” já aprontou uma com a reabertura dos estádios, uma vergonha, e teve de voltar atrás.

Se não tem vacinas em quantidade para planejar ir além de um grupo, não submetam as pessoas a se frustrarem com uma data definida que corre o risco (e grande) de não se confirmar por falta de imunizante e preserve o pessoal da ponta, os vacinadores e funcionários dos postos de saúde, que estão se expondo e trabalhando para a Saúde da população e não podem ser responsabilizados pela falta de vacinas que não é culpa sua.

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