Santayana: não somos um país derrotado

gripenbr

Tem gente que não consegue pensar além do que lhe enfiam pelos ouvidos; gente que não compreende que um país do tamanho do Brasil não pode ser paralisado, gente que, embora entoe loas ao “mercado”, não consegue entender que o Brasil precisa competir e defender-se.

Para esta gente, a capacidade de entender o que escreve Mauro Santayana é nenhuma, porque não consegue  sair da superficialidade e olhar o mundo como ele é, e não como o breviário da mídia o pretende.

Mas para quem ama o Brasil e o quer grande o suficiente para que todos os brasileiros possam ter uma vida digna, livre e feliz, quase somos capazes de sentir a indignação cívica do veterano jornalista, que viu décadas de degradação de nosso país e, íntegro como é, não apenas não é cúmplice de roubo algum como quer, de toda forma, impedir que nos façam o maior: o do nosso futuro como nação.

O Brasil dos jatos e o Brasil da Lava-Jato

Mauro Santayana (trechos)

Neste singular momento da vida nacional, o país está dividido, cada vez mais, em dois que parecem não compartilhar a mesma realidade ou o mesmo território

Para o Brasil da Lava Jato, do impeachment, da mídia seletiva e conservadora, o que defende a volta da ditadura, a tortura e a quebra do Estado de Direito, este é um país podre, quebrado, mergulhado até o talo na corrupção, política e economicamente inviável até não poder mais. Para o Brasil dos jatos Gripen, cuja transferência de tecnologia a presidenta Dilma Rousseff foi negociar em outubro na Suécia, o Brasil da Força Aérea, da Aeronáutica, do Exército, da engenharia, da indústria bélica, da indústria pesada, da indústria naval, da indústria de energia, do petróleo e do gás, do agronegócio, da mineração, este é o país que, mesmo com todos os seus problemas, depois de anos e anos de abandono e estagnação, pagou a dívida com o FMI; voltou a pavimentar e a duplicar rodovias; retomou obras ferroviárias e hidroviárias; retomou a produção de navios e passou a fabricar plataformas de petróleo, armas, satélites, sistemas eólicos, mergulhando, na última década, em dos maiores programas de desenvolvimento de sua história.

Seria bom se o Brasil da Lava Jato se concentrasse em prender os corruptos, aqueles com milhões de dólares em contas na Suíça, e não em libertá-los – como está fazendo com o Sr. Paulo Roberto Costa, dispensado até mesmo de sua prisão domiciliar –, no lugar de manter aprisionados, arbitrariamente, quase que indefinidamente, dirigentes de partido sem nenhum sinal ou prova de enriquecimento ilícito e executivos de nossas maiores empresas.

Esse é o Brasil da estratégia, do longo prazo, que a mídia conservadora nacional optou, há muito tempo, como fazem os ilusionistas das festas infantis, por esconder com uma mão, enquanto mostra como uma grande novidade, com a outra mão, o Brasil de uma “crise” e de uma “corrupção” seletiva e repetidamente exageradas e multiplicadas ao extremo.

Há um Brasil que deveria estar acima das disputas político-partidárias, que cabe preservar e defender. Quem quiser fazer oposição precisa, se quiser chegar ao poder, mostrar, com um tripé baseado no nacionalismo, na unidade, e no desenvolvimentismo, que estará comprometido com o prosseguimento desses programas, fundamentais para o futuro da Nação. Com todos os seus eventuais problemas, que podem ser solucionados sem dificuldades, eles conformam um projeto de Nação que não pode ser interrompido, cuja sabotagem e destruição só interessa aos nossos inimigos, muitos dos quais, do exterior, se regozijam com o atual quadro de fragmentação e esgarçamento da sociedade, antevendo o momento em que retomarão o controle de nosso destino e o de nossas riquezas.(…)

Seria bom, muito bom, se o Brasil da Lava Jato, o do impeachment, o de quem defende uma guerra civil e o “quanto pior, melhor” permitisse, em benefício do futuro, da soberania e da economia nacional, que o Brasil dos jatos Gripen, da oitava economia do mundo, dos US$ 370 bilhões de reservas internacionais, de uma safra agrícola de 200 milhões de toneladas, o terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos – e que pertence não a um ou a outro partido, mas a todos os brasileiros – pudesse continuar a trabalhar.

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19 respostas

  1. Boa tarde,

    verdade! Oposição é salutar a qualquer país ou administração qual seja essa, mas também não pode esquecer que um pais não é feito de 1 presidente, 513 deputados( caríssimos) 81 senadores, mais 11 do STF e assim se vai. Mas sim de 200 milhões de habitantes desse quais investe no Brasil e luta no dia a dia, gente que constroem esse pais. E não pode se irresponsável dessas casas com eles e com o Brasil querendo levar antes de 1889.

  2. Sr.Fernando.Parabenizar seu blog,por boas matérias,é redundância inútil,pois quase todos são muito boas.Mas chamar atenção prioritariamente,serem temas que ensejam o Contraditório,me parece o mais notável.Quanto a utilidade disso,são obviedades.Contudo ao ler outras matérias,doutros blogs,me deparo com análises,ainda que justas,apelarem quase que inevitavelmente,para A MORAL,ÉTICA E ASSEMELHADOS,INCLUA-SE NISSO,RELIGIOSIDADE,me parece de um desperdício lamentável.Digo o porque.Os do alto da pirâmide social,utilizam sempre,qualquer tipo de argumentos e armas teóricas,para contra argumentar as até então,” DIVAGAÇÕES ” em que se resumem os que estão a defender os do lado de baixo.Não acho que isso seja eficaz,e me prendo a duas matérias lidas hoje,uma de Mino Carta,e outra também lida no CAF,em que ambos os autores se prendem aos argumentos acima mencionados,e que eu acho-os INÓCUOS,em virtude dessa tendência dos de cá,apelarem para conceitos que não ultrapassam aqueles acima citados.Pois acho que embora às críticas se atenham a necessidade de que os de cá,sejam mais incisivos,temos que urgentemente propor outros tipos de ARMAS,além das da crítica,ousarmos pensar em hipóteses que levem em contas,outros tipos de críticas,àquelas que são ostentadas,após as batalhas,PELOS VENCEDORES.Os que perdem,são esquecidos pela história,e são somente lembrados,por almas tênues,que utilizam abundantemente,os conceitos de MORAL,ÉTICA,RELIGIÃO e outros sofismas,que somente servem aos vencedores,para imporem suas vontades,em nome de DEUS.

  3. Fernando, tudo bem. Apenas gostaria de fazer algumas observações;
    _ Porque o Brasil não conseguiu vender jatos Grippen para a Argentina, parceira no Mercosul e Unasul?
    _ Porque comprar tecnologia da área da Nato, controlada pelo Império, sabendo que qualquer conflito militar que possamos nos envolver em função do Pré-Sal será com o Império seu súditos?
    _ Um país só é capaz de absorver tecnologia se for capaz de desenvolver tecnologia do mesmo nível. No mais será mero executor de receita de bolo.

    1. No caso dos Gripen, ao Brasil só interessa absorver muita tecnologia que, entretanto, não é tão estratégica assim. Mas que sem ela o país nem poderá pensar em avançar na indústria bélica aérea (e espacial). Porém é claro que é sonho inviável pensar em vender para países latino-americanos aviões suecos aqui meramente montados. A intensão do Brasil é diferente. De posse daquelas tecnologias de aviônica e outras, o que o Brasil tem que fazer é, com toda a ajuda possível do Estado, começar a desenvolver seus motores, seus reatores. Quando este processo tiver início efetivo, todo o sigilo e toda a precaução deverão existir, já que haveremos de ser alvo dos mais diversos e impensáveis ataques, tanto industriais como governamentais de outros países. Não podemos nos esquecer que o inimigo há pouquíssimo tempo arrombou as portas frágeis de nossa segurança e esteve a vasculhar por dentro de nossa oficina nuclear, utilizando gente local, como se quisesse demonstrar que nos poria de joelhos quando bem entendesse. Nosso objetivo deve ser o de que, quando o Brasil for liberto de tais perigos e seu povo for bem educado e forte, ele tenha uma força aérea digna de seu grande futuro como nação.

  4. Fernando Brito,muito bem, aliaz, sempre, e parabens ao sempre brilhante Santayana, e inacreditavel que a maioria dos jornalistas , aliaz, dos maus jornalistas e apresentadores, principalmente de programas policiais que so falam de crimes,(aulas de crimes) como se nao bastasse, agridem excelentes politicos, quase sempre do PT, ignorando os meritos que bem o diz Santayana, falta patriotismo a esses jornalistas de araque, e alguns que ainda tem o despudor de se candidatarem a prefeito se nao exercem nem suas profissoes com bom senso e etica!

  5. Por enquanto, o nosso país está sob os grilhões da Esquerda e do Populismo Messiânico, mas creio que o Brasil pode se livrar disso e se tornar uma grande nação.

    1. Não é assim, Alisson. Os EUA não deram à Ucrânia o paraíso que a Ucrânia esperava quando se “libertasse” da influência russa. E assim como não deram este paraíso, por não o terem para dar nem jamais ter sido esta sua intensão, também não darão o paraíso prometido aos argentinos. Na Ucrânia foi um golpe de Estado, como queriam fazer no Brasil. Na Argentina, conseguiram ganhar mesmo com eleições. A Ucrânia está destruída, sem crédito, sem esperanças, sem nada, servindo de joguete entre os EUA e a UE, sem que nenhum deles queiram ficar com o abacaxi, apesar das grandes multinacionais já terem abocanhado e tomado posse de todas as suas férteis terras. E quanto à Argentina, dentro de três anos (talvez mesmo em dois anos), quando nada restar da festa midiática liberal e do butim entreguista , a Argentina também estará semi-destruíd e seu povo vacinado contra abutres, de uma tal maneira que jamais os entreguistas liberais chegarão novamente ao poder.

    2. Klaus, os indignados que foram expulsos do acampamento, estavam, sozinhos.
      Você tambem botou a viola no saco ou melhor, como disse um deles, você não passa de um cagão!!!

      Serás exportado para a China

  6. Eu discordo. O Brasil está carente. Carente de uma oposição racional e comprometida, capaz de apontar absurdos (minimizados pelo jornalista), como as leis e a política de mineração, as quais permitem o controle tirânico da Vale e da Samarco nas apurações sobre o maior crime ambiental já cometido contra o país, depois da destruição do cerrado. Este segundo problema está ligado justamente às enormes safras recordistas e à superprodução de carne bovina que beneficiam muito mais aos ultraconservadores anti-Dilma (representados pela bancada BBB) do que o povo brasileiro e ao próprio Governo. Ancorar o crescimento do país na destruição apocalíptica de todos os ecossistemas é apostar que esta bomba relógio – a do desequilíbrio ecológico com falta d’água irreversível) venha a explodir num governo futuro, dando tempo a formulações mil de justificativas e culpabilizações de terceiros. Isto sem contar a política do retrocesso atual, em nome da governabilidade, colocando em risco bandeiras e conquistas sociais que o PT insiste em atribuí-las à política de alianças, como se a força por trás do PT – a militância e os milhões de eleitores – devessem aos articuladores desta prática os benefícios recebidos do governo sem nenhuma participação ou luta no processo. Somados à atomização do poder militar do Estado brasileiro – distribuído entre PM’s estaduais, a PF “republicanizada” e o crime organizado, o Brasil se enfiará numa sinuca de bico futura que o próprio Mauro Santayana, no alto de seu patriotismo, ainda responderá como Marilena Chauí respondeu ao Estadão no caso do Mensalão: “Não sei o que dizer no momento”. E nem nunca, pelo jeito.
    O problema é que nestas questões: ambientais, indígenas, agrárias, a da violência das forças de Segurança e o avanço do crime organizado (atentos pra uma possível mexicanização futura), tanto Governo quanto o posição preferem jogar pra debaixo do tapete, já que ambos os lados da classe política estão chafurdando feito porcos neste mesmo chiqueiro. E dependem desta lama pra se garantirem financeiramente e politicamente. O maior exemplo disto foi a campanha do Padilha. Bastou mostrar a cara do Luís Moura e sua Transcooper, pra que a questão da Segurança pública fosse enterrada por ele e pelo Alckmin como algo resolvido. E o candidato do PT jurando de pés juntos que não mexeria jamais na PM de São Paulo. Esta questão do crime organizado e da PM em específico não costumam ser abordadas em campanha, nem na mídia PiG, e raramente vêm a baila nos blogs sujos. Defino isto como mais que omissão. É abandono, é descaso com a população. E, ao menos da parte das forças políticas – PT e PSDB – cheira a cumplicidade.

  7. ACABOU NA ARGENTINA, EM 2018 SERÁ AQUI! l FORA PT

    Daniel Scioli llamó a Mauricio Macri y reconoció la derrota
    “Sos un justo ganador”, le dijo, según revelaron a Clarín fuentes del búnker de Cambiemos. A las 21.30, el líder de PRO ya tenía una ventaja irremontable sobre el gobernador bonaerense.

    Atc
    Dilter

  8. Fernando, levando-se em consideração a Argentina ter dito não ao esquerdismo, e o mesmo está prestes a ocorrer com a Venezuela (ainda que Maduro prometa governar com uma aliança golpista cívico-militar se perder), você não considera de bom alvitre escrever uma matéria sobre o início da libertação da América Latina do modo de governo populista?

    Seria interessante que, quando o fizer, explique também que o termo “progressista” usado por vocês é apenas uma alegoria, haja vista que o Socialismo e o Populismo nunca trarão progresso a qualquer nação.

    1. Claro que não trarão, bom mesmo é a vida na grécia e nos países do leste da europa que aderiram ao euro , lá sim a vida é auspiciosa.
      Mas sabe alissu, tenho um grande plano para você se libertar do Brasil, se inscreve para ser um dos primeiros jumentos a embarcar para China.

  9. O caso de Marcelo Odebrecht é o lodaçal final que haverá de tragar o doutor Moro e a justiça justiceira de seus sonhos. ada dia que passa com o empresário preso, é mais uma promissória jurídica que vence e não é resgatada por Moro.

  10. Mauro Santayanna é um craque! Um nacionalista apaixonado. Em poucas palavras, ele resume um sentimento que deceria estar nos corações detidos os brasileiros…. Infelizmente este governo traiu toda uma causa….Governo nenhum tem prestígio e força sem comunicação.

  11. Lembrando que Brasil não é Argentina e não é Chile.

    Em 2010 a direita voltou no Chile com a vitória de Pinera.
    A nossa mídia falou que era o fim do PT, que Lula tinha acabado. Dilma ganhou.
    Pinera foi um fracasso de 4 anos e Michelle Bachelet voltou.

    Pode acontecer o mesmo na Argentina e Cristina Kirchner voltar.
    Perguntem aos orixás?

    O Brasil é outra coisa.

    De qualquer maneira, no terreno das comparações, laranja com abacaxi, teremos três anos de Macri lá e Dilma aqui.

    Aposto no Brasil, aposto na Dilma. Quem viver verá. O resto é sonho da direita.

  12. Se não acontecer um “acidente” no prédio da Embraer igual ao de Alcântara que interrompeu o projeto do VLST.

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