O fechamento do comércio a partir das 20 horas e aos sábados, domingo e feriados é o primeiro passo para o inevitável lockdown a que chegará a cidade de São Paulo dentro de alguns dias.
Será a consequência lógica de um agravamento da Covid em São Paulo que os números expressam sem permitir engano: de um mês atrás até hoje, o número de casos cresceu 79% no estado (de 5.606 casos por dia para 10.023 casos por dia, em média) e de mortes subiu 96%, de 111 mortes por dia em média semanal para 218 mortes por dia esta semana. 254, só nas últimas 24 horas.
E é o fato de que é inevitável que a situação caminha inexoravelmente para ficar fora de controle que anima João Doria a aceitar o confronto com a camada de classe média e empresários que já foram protestar contra o fechamento parcial.
Ele sabe que o colapso sanitário em São Paulo tira-lhe mais do que lhe deu a operação bem-sucedida de trazer a vacina Sinovac para o Butantã.
E conta com que Jair Bolsonaro, na sua sesquipedal ignorância vá continuar a fazer dele seu alvo preferencial, o que dissimula o direitismo elitista do governador da cashmère.
Dória está fazendo a coisa certa – e até menos que ela – mas trai-se no oportunismo exagerado que sua vaidade não lhe permite conter.
A capa – certamente gratuita e desinteressada, não é – com sua foto posada, sobraçando caixas e caixas da Coronavac – é das coisas mais torpes que já se viu na torpe coleção de torpezas da revista.
A falta de seriedade de Doria, com seus governados entrando num torvelinho de sofrimento de sofrimento e dor, é destas coisas que a era dos bons moços – ele próprio, Aécio, Moro e outros – nos legou para mostrar que ternos bem cortados não fazem um homem decente.
Dória está fadado a perecer por parecer ser como não é e por não poder, por isso, ser o que é.