São Paulo vive a “mentira oficial” sobre epidemia da Ômicron

Parte-se do antiquado princípio inscrito na Constituição brasileira de que a administração pública reger-se-á pelo princípio da publicidade dos fatos e atos que a ela digam respeito.

Então, onde está o Ministério Público que não age diante do já sabido e hoje mostrado em números gigantes pela Folha de S. Paulo e que aqui, solitariamente, tem sido classificado como realmente é: a mentira “oficial” sobre o número de casos de Covid em São Paulo?

Mostra o jornal que os números oficiais da prefeitura paulistano e do governo do Estado produzem um paradoxo, onde a parte é maior que o todo,algo impossível com números positivos.

“O [governo do] estado diz que a capital paulista tinha 991.062 casos de Covid até a última segunda. Os dados da prefeitura apontavam 1.707.680 pessoas infectadas”.

Onde estão os outros 716.618? Foram abduzidos por uma “nave estatística” comandada por Eduardo Pazuello e Carlos Wizard, aqueles que queriam esconder os números e provocaram a reação pública, com a criação de um consórcio de mídia para apurar “a verdade”?

A coisa é tão monstruosa que, diz a Folha, na última segunda-feira, dia 24 de janeiro “foram meras 189 infecções no maior centro urbano do Brasil [segundo os números do Estado] . Mas, no boletim municipal, há um acréscimo de 14.394 pacientes contaminados”.

Ou seja, o Governo do Estado – cujos números fazem parte da estatística nacional, não os da prefeitura – lançou apenas 1,3% dos casos confirmados de Covid.

Não só não é um “errinho”, que pode acontecer a partir de um ou outro lançamento errado, como também não é uma bobagem mórbida destacar este absurdo, porque ele tem consequências graves, não só sobre o planejamento e a ação das políticas públicas de saúde – com que números estão autorizando festas e baladas privadas? – mas também sobre o comportamento das pessoas, que não enxergam a gravidade da doença e não se cuidam com as medidas preventivas.

São centenas de milhares de casos que foram oficialmente notificados – não se trata, pois, de subnotificação – e “despareceram”. Um dias, dois, três até, poderia ser erro. Todos os dias, chama-se fraude.

A bem da verdade, não é só lá que ocorre, porque já detectei, aqui no Rio, dias deste janeiro tenebroso em que cidades como Nova Iguaçu e São Gonçalo, que somam 2 milhões de habitantes e anotaram 1 (um, mesmo) caso de Covid, cada uma. Foi no dia 26, segundo a Secretaria da Saúde fluminense. Fosse zero, poderia ser um defeito no lançamento, ou até “o rapaz que joga no sistema faltou”. Mas um caso?

Ainda relevo a demora e a placidez com que a imprensa toca no caso porque, embora sem a cobrança necessária, alguns veículos – Folha e G1, sobretudo – têm registrado estes números estranhíssimos. Mas não há explicação para que os gestores da cidade e do Estado de São Paulo (e do Ministério da Saúde, que deveria estar monitorando o que se passa na maior cidade do país.

Esconder a gravidade desta onda pandêmica é criminoso, não mera incompetência, o que já seria terrível.

 

 

 

 

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