Se Bolsonaro não mentisse, entrevista à ‘Veja’ seria boa

Foi para a capa da Veja a declaração mais importante de Jair Bolsonaro na entrevista que deu – já na fase “paz e amor” à revista.

‘A chance de um golpe [de Estado] é zero’, afirmou, prometendo que ‘vai ter eleição, não vou melar [o resultado]’.

Descarte-se qualquer explicação ou diretriz sobre o que deve fazer um país que desce ladeira abaixo em indicadores econômicos, sociais e civilizatórios, pária no mundo (ainda hoje revelou-se uma queda de 26% nos investimentos estrangeiros) e submetido a um verdadeiro bunda-lelê legislativo, com o comando da Câmara dado a alguém sem qualquer condição política e moral de dirigi-la.

Ninguém espera mesmo alguma coisa de útil de Jair Bolsonaro diferente de que vá embora com o mínimo de estragos adicionais à vida brasileira, embora as sequelas de sua passagem vão permanecer por muito tempo.

Mas, se sabemos que cada vez mais tende a zero a sua capacidade de reeleger-se – só um delírio explica sua ilusão de que o povo “está a meu lado” – devemos lembrar que estão ainda muito longe de serem nulas as possibilidade de que ele venha a tomar atitudes desesperadas diante da derrota que se afigura inevitável.

É verdade que diminuem a cada dia, na mesma proporção em que o personagem presidencial também encolhe, como faz a toda hora e ficou marcante em sua live, digo, oseu discurso na Assembleia das Nações Unidas, no qual, à parte dos deboches que gerou, também se demonstrou claramente um homem desconectado da realidade.

Mas há a possibilidade cada vez mais concreta, de que venham a surgir fatos que ampliem a já enorme possibilidade de que seu clã – os filhos notórios – venha a ser responsabilizado na Justiça pela revelação dos meios usados na formação da “máfia familiar”.

Jair Bolsonaro, no seu ocaso, segue sendo perigoso, sobretudo porque, ao contrário de outros governantes que chegaram ao final do mandato desprestigiados isolados, não contavam com núcleos radicais e violentos em parcelas da classe média capazes de provocar tumultos e violências.

Bolsonaro ainda os tem, muito embora em menor número que no passado e, agora, aparentemente sem respaldo dos quartéis para alguma loucura.

Esperar, porém, que louco não faça loucuras é como esperar que bananeira não dê banana.

Pode até não dê, mas para isso não regá-la e ir cortando suas raízes, pacientemente.

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