A qual “evento de massa” a maior parte do nosso povão está exposta todos os dias?
Sem sombra de dúvidas, é o transporte coletivo, ainda mais precário como é para os trabalhadores das periferias.
Ali, em ônibus, trens e metrô, centenas de pessoas partilham o mesmo espaço, imprensadas umas contra as outras e cada vez mais sem qualquer ventilação externa, por conta do condicionamento de ar.
São Paulo tem três das dez linhas de trem e metrô mais lotadas do mundo, segundo pesquisa do Google Maps, informa o UOL. No Rio, sem pesquisa, experimente pegar um BRT da Zona Oeste pela manhã…
É possível evitar estas situações de aglomeração sem mudar o regime de trabalho das pessoas? Definitivamente, não.
Hoje a Apple, gigante da informática, determinou o fechamento de suas lojas em todo o mundo, por duas semanas, numa reação à pandemia causada pelo novo coronavírus.
Foi a maneira que encontrou para proteger seus funcionários e clientes do contágio e tornar possíveis as providências de isolamento sanitário.
É por isso que critiquei ontem, aqui, o puro e simples fechamento das escolas no Rio de Janeiro, criando um problema que as famílias trabalhadoras terão (ou não terão como) resolver já na manhã de segunda-feira.
Isso, sozinho, num país carente como o nosso, só aumenta o problema, porque estes pais e mães não têm como dispor, de imediato, de uma alternativa para o cuidado com as crianças.
Sim, é importante que, no início da propagação do surto se atrase o máximo possível a transmissão, até porque sua progressão é geométrica.
Mas, para isso, é preciso intervir no mundo do trabalho, criando ao menos um “day off” para comércio, escritórios e repartições públicas não-essenciais. Em cinco dias úteis, isso implica reduzir em 20% o deslocamento de pessoas, e forma não traumática, enquanto isso é possível.
Protege empresas e empregos, porque evita, enquanto se pode, que tenham de fechar completamente, como estamos vendo na Europa.
Se é possível fazer isso com automóveis, como se faz em São Paulo, porque não é possível fazer para o comércio, exceto nas atividades essenciais ao abastecimento de gêneros?
E não pense a classe média alta, que não anda de ônibus e nem de trem que isso não a afeta. A empregada doméstica, a babá dos filhos, o porteiro do prédio andam.
O sistema de saúde, despreparado em matéria de equipamentos e leitos, precisa de todo o tempo que lhe pudermos dar para adequar-se ao que, provavelmente, vem por aí.
Precisamos de eficácia muito mais do que de espetáculos na prevenção. Mandar batalhões e policiais para as praias, como ameaça fazer o governador Wilson Witzel, ajuda muito menos do que reduzir a lotação nos ônibus que vêm da Baixada Fluminense.
16 respostas
Aqui, o trabalho atual ainda é semelhante à escravidão, onde o escravo trabalhador deve estar permanentemente à disposição do sinhozinho. Nenhum cenário, mesmo o mais catastrófico, pode alterar essa relação. Ela precisa ser reafirmada pedagogicamente todo dia.
Tem madame que vai preferir pegar o coronavirus e ir parar no hospital, do que ter que limpar a casa, fazer comida, cuidar dos filhos…
Tem caso pior ainda.
“Um exemplo horrível disso foi relatado na coluna do Lauro Jardim sobre o primeiro caso de transmissão local do novo coronavírus no Rio de Janeiro. Um “empresário” e sua esposa foram infectados e se colocaram em quarentena no seu apartamento no em São Conrado, bairro de classe alta da zona sul. “A empregada do casal, cujo exame deu negativo, está trabalhando de avental, luvas e máscara”, revelou a coluna.”
retirado daqui, link que achei no comentário de outro leitor do Tijolaço em outro artigo.
https://theintercept.com/2020/03/14/coronavirus-salvar-vidas-bolsonaro-trump/
Infelizmente, os amalucados que estão no comando do país só tomarão as medidas drásticas quando esta barragem já estiver rompida…
Eu me pergunto perante este caos que foi gerado ,como é possível que um indivíduo básico na escala biológica possa criar tamanha confusão???
Não é o temido virus que virá do espaço, com estrutura genética totalmente desconhecida e que destruirá grande parte da espécie humana,é um virus da família do coronavirus ,fartamente conhecido em humanos e animais.
Não sou especialista ,nem perto disso,sou um indivíduo com atitude crítica.O bicho culpado desta vez é o pangolim,o morcego,que os habitantes dessa régião consomem há séculos,mas,que aconteceu?
o virus do pangolim virou inteligente que nem o virus da AIDS?, que não existía e se apresenta como um virus hiper-evoluído?? como assim ,como “conseguiú” evoluir tão rapidamente?? dessa vez foi o macaco ,a outra foram as aves,os porcos.
Qual será o bicho da próxima praga?
Por que não mantermos tecnología que venha prever mudanças nas características dos virus???estamos perto da I.artificial,temos computadores quanticos,e daí,?perdemos para um virus?
Tem gente nos fazendo de otários
O prefeito, em uma jogada de marketing eleitoral, determinou que as escolas abrissem de 11 às 13 horas para servir almoço aos alunos. Os funcionários da cozinha, e os da limpeza, serão obrigados a comparecer às escolas todos os dias, bem como a direção. Essas pessoas, por acaso, estão imunes ao vírus? É muita falta de responsabilidade do alcaide, que só está pensando em agradar sua base, majoritariamente composta de pessoas simples e que se iludem com as aparentemente boas intenções desta decisão, mas que expõe muitos desses funcionários ao contato com o coronavírus em seu trajeto de ida e volta do trabalho. Precisamos de mais solidariedade e menos populismo!
A solução q muitos pais vão procurar se as escolas fecharem é deixar as crianças com os avós aposentados, justamente aqueles q pertencem ao grupo de maior risco!!
Infelizmente, os amalucados que estão no comando do país só tomarão as medidas drásticas quando esta barragem já estiver rompida…
How Bad Is the Coronavirus? Let’s Run the Numbers
https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2020-03-05/how-bad-is-the-coronavirus-let-s-compare-with-sars-ebola-flu
https://twitter.com/oatila/status/1238551799323406337
…e por aqui…
https://twitter.com/giordannonader/status/1238107064188243968
Há um aspecto de que não tenho ouvido falar no Brasil que, em vista do que acontece no Irã e ainda que as circunstâncias sejam diferentes, não deveria passar despercebido como medida preparatória. Falo da disponibilidade de ventiladores nasais (simples de produzir e até mesmo fazer improvisações que funcionem) e do suprimento de oxigênio de uso médico (incluído os botijões). Para aqueles pacientes graves, a ventilação artificial usando suprimento de oxigênio é crucial para que os pulmões possam manter-se funcionais e recuperar-se dos danos causados pelo vírus à medida que o ciclo da doença se completa.
Bom, posso dar aqui um pitaco, por ser especialista da área. Não sei a quais “ventiladores nasais” você se referiu, mas penso que possam ser as cânulas nasais com alto fluxo de oxigênio. Se for assim, informo que elas, bem como as máscaras, são contraindicadas nos casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, por produzirem muitas gotículas (que “carregam” o SARS-CoV 19) que ficam em suspensão no ar ambiente, aumentando o risco de contaminação de outros pacientes ou da equipe de cuidados. A recomendação oficial é que estas pessoas, se não apresentarem concentração de oxigênio no sangue em níveis satisfatórios (> 94%) com cateteres nasais de fluxo normal, isto é, com até 6L de oxigênio por minuto, sejam intubadas precocemente e colocadas sob ventilação artificial (fontes: posicionamento abramede coronavirus-03-10032020; Protocolo Manejo Broncoespasmo Abramede. Disponiveis para download no site da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, http://www.amib.org.br).
Quanto ao suprimento de oxigênio médico, realmente preocupa. Junto aos demais insumos necessários, pode haver escassez. Mas, ainda mais preocupante, uma ascensão rápida do número de pessoas com a forma grave da doença pode causar falta até de espaço físico para tratá-las, ou seja, podem faltar leitos em UTIs e ventiladores. Na Itália, este fantasma já assombra as autoridades de saúde, que prevêem para a próxima semana o esgotamento de recursos na região lombarda, epicentro da disseminação italiana. Daí a importância das medidas de distanciamento social e precaução individual, bem como evitar um “estouro da manada” em hospitais públicos por aqui. Não se trata de evitar disseminação, mas de evitar o colapso dos recursos – já cronicamente escassos – que acarretaria mais mortes evitáveis do que a doença sozinha é capaz de causar. Devemos alertar, mas não alarmar, a população, para impedir um mal maior. Cada um de nós terá um papel na epidemia, devemos cumpri-lo de maneira responsável. Sem minimização irresponsável, sem alarmismo criminoso.
A minha sugestão é transformar a QUARTA-FEIRA em domingo e determinar o fechamento do comércio aos Sábados….
Desta forma SIMPLES o que ocorreria é que se trabalharia 2 dias e se descansaria 1 dia, se trabalharia 2 dias e se descansaria 2 dias num ciclo repetitivo…
Assim INDEFINIDAMENTE!!!
Aliás esta é a MINHA SUGESTÃO para EQUILIBRAR decentemente esta terrível Reforma da Previdência que só beneficiou ao Capital e aos empresários em detrimento aos trabalhadores…
Daria à nova vida laboral um equilíbrio maior e um fôlego de maratona…
Para se aposentar tardiamente ou mesmo morrer trabalhando. Mas num ritmo humanamente factível e com maior convivência familiar…
Mesmo sem o COVID-19…
Entrei no site do Depen para ver qual é o padrão de ação do governo com a enorme população carcerária empilhada em más condições nos presídios – só há uma nota sobre isso no site que chega a ser risível de tão insuficiente. Não fala nada sobre os indígenas presos, mais vulneráveis a doenças infeciosas. O Irã libertou temporariamente 70 mil presos. Deveriam libertar aqui também.
“Hoje a Apple, gigante da informática, determinou o fechamento de suas lojas em todo o mundo, por duas semanas, numa reação à pandemia causada pelo novo coronavírus”…
Menos na China, que já está sob controle…